Vergonha

A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro concede desde 1967 o prêmio Golfinho de Ouro a personalidades que se destacam em diversos campos da Cultura. No setor da Comunicação, o agraciado deste ano foi o colunista do Globo Merval Pereira. A assessora de imprensa da Secretaria de Cultura é Camila Pereira, irmã do premiado.
No ano passado, a então editora do caderno Prosa&Verso do mesmo jornal O Globo, Cecília Costa, foi demitida por ter aceito o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, que é presidida pelo marido dela, Ivan Junqueira. Cecília devolveu os R$ 40 mil de prêmio e Dona Lily doou os R$ 60 mil do Estácio de Sá (que homenageia pessoas jurídicas, no caso O Globo) a uma obra social do governo do Estado do Rio. Merval Pereira, até agora, não doou o prêmio nem o devolveu.
Eu me lembro que um dos melhores autores infantis e educadores do país, Fernando Lebeis, morreu sem ter visto a cor do dinheiro do prêmio – e ele precisava muito, por sofrer de câncer linfático. O dinheiro saiu três meses depois da sua morte.
Às vezes, sinto vergonha. De tudo, do governo que esse estado tem a pessoas que têm a mesma profissão que eu.