terça-feira, janeiro 30, 2007

Bom-dia, mau humor



name of design : punch
design by : cristobal karich from france


This coffee cup reminds you that getting up is hard, you need strong coffee and a good punch in the face to get going. This cup is not for mobsters, gangsters or hooligans, we advice people to use this cup for coffee drinking purposes only. White Ceramic finish for beginners, silver coated for abusive users.



Pesquei aqui e fui ali.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Vou ali

Desenvolvendo um site.
Preparando dois livros.
Organizando dois lançamentos.
Pintando a casa.
Comprando listas de material escolar, uniformes, sapatos.

Volto Deus sabe quando.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Palavra do mundo



O desejo estraga tudo.
Tenho 32 planos.
52 projetos.
30 estruturas perfeitas.
O dia é claro e calmo e tem 24 horas.
De repente chega o desejo e estraga tudo.
O dia fica claro demais.
Calmo de menos.
E já não há 24 horas.
O tempo inteiro concentra-se num ponto.
Aqui. (aponta para o sexo)

Tenho o tempo concentrado aqui.
muitos minutos concentrados no sexo.
O desejo é isto.
Ter órgão a mais para o tempo que faz lá fora.
Lá fora o tempo tem 24 horas.
Cá dentro é bem mais pequeno.
O tempo entra todo pelo sexo e quer deixar de existir.
O esperma é o suicídio do tempo.
O esperma sobe na torre e atira-se lá de cima.
É um suicídio.
Um suicídio do tempo.

O desejo estraga tudo.

Tinha tantos planos racionais para hoje.

Os números eram quase perfeitos

O desejo estraga tudo, tudo.

Gonçalo M. Tavares, "O homem ou é tonto ou é mulher"
Casa da Palavra, 2005

...

Desde que me entendo, sempre quis ser mãe. Minhas amigas diziam que era do signo - Câncer. Aquela que ama, acima de tudo, a família. Aquela que reverencia o passado, as raízes, os que vieram antes.

Me envergonho de dizer que, ultimamente, não tenho me sentido uma mãe. Estou me tornando cada vez mais egoísta. Invento motivos para ficar sozinha. Termino o trabalho no fim da tarde e arranjo pretextos para não ir pra casa. Passo muito tempo olhando pela janela, vendo as pessoas lá embaixo, pensando em como seria se eu não tivesse me casado, tido filhos.

Brinquei outro dia com uma amiga que queria viajar. Eu QUERO viajar. Quero passar um ano fora, estudando, aprendendo. Quero poder juntar dinheiro para mim, para gastar comigo, e não com material escolar ou sapatos ortopédicos.

Quero sair à noite sem hora para voltar. Quero voltar a beber sem me preocupar se vou ter sono pesado ou não. Quero chegar em casa e dormir com a roupa do corpo, sair de manhã cedo sem ter que esperar a empregada chegar. Quero investir em alguém sem me preocupar se ele vai gostar das meninas, se as meninas gostarão dele, a hora certa de apresentar uns e outros. Quero voltar a estudar sem ter que pensar o quão impossível será conciliar a grade de horários com saída da escola e agenda da baby sitter.

Quero ser aquela que era há 15 anos. E o que dói é que eu sei que isso não é possível. Passo agora as madrugadas acordada, numa insônia que só me traz a lembrança de todos aqueles planos que eu sei que jamais vou realizar. A hora deles passou. Não tenho mais tempo, disponibilidade, dinheiro. E, pior, estou ficando sem esperança de realizar os poucos sonhos que ainda me restam.

...

Paz de espírito. Precisa-se urgente.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Eu te amo



"Eu te amo". Essa frase, que quer dizer tanto, caiu em total descrédito. É sério. Porque pra muita gente é tão prático dizer "Eu te amo". "Eu digo pra ele (ou ela) não me pressionar mais", "Digo pra que me deixe em paz", "Falo isso porque não quero ficar só". Sai tão fácil! "Eu te amo". E então quem escuta já não liga muito, e quem fala repete sem parar. Como quando somos pequenos e rezamos o "Pai Nosso". Alguém já REALMENTE prestou atenção em como essa oração é bonita? Claro que não. Sai no automático.

Eu, pessoalmente, já faz tempo que não acredito no "Eu te amo". Acredito, sim, quando o "Eu te amo" vem daquela mão que aperta a minha quando não está trocando a marcha do carro. Quando ela procura a minha sem pensar muito - apenas por procurar. Vendo televisão, lendo jornal, comendo.

Acredito no "Eu te amo" que aparece de manhã, quando o primeiro olhar (a certeza de que eu estou ali, de verdade) é pra mim. O sorriso bobo que diz (pra minha cara toda amassada e marcada) "Você é uma delícia dormindo".

O "Eu te amo" que se preocupa em tirar as migalhas de pão da mesa, depois de recolher a louça. O "Eu te amo" que arruma a gola da camisa, ajeita aquela mecha de cabelo saliente, põe a mão na sua cintura enquanto escolhem o iogurte no supermercado. Aquele que vem no braço esticado para o lado quando o carro freia bruscamente - mesmo que ambos estejam com o cinto de segurança.

O "Eu te amo" na mão estendida para o outro quando atravessam uma rua. O "Eu te amo" das gentilezas que morrem quando o "Eu te amo" precisa subir do coração e sair sem parar pela boca. Como se fosse preciso, repetindo sem cessar, acreditar que realmente ainda amamos.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Distante, muito perto



Na primavera, quando os bosques estão verdecendo,
Tentarei mostrar-lhe o que quero dizer;
No verão, quando os dias são longos,
Talvez você entenda a canção.

Pois este deve ser
Um segredo
Guardado de todo o resto
Entre mim e você.

Enjoy your day :o)



*De Alice no País das Maravilhas.

sábado, janeiro 20, 2007

Mil anos



O Amor, Deus seja louvado, é uma enfermidade
cujo tratamento deve ser de acordo com a aflição.
Deliciosa doença, maravilhoso mal bem-vindo.
Quem dele não sofre não quer ser-lhe imune,
e quem dele sofre não quer vê-lo findo.

Minha doença, os médicos não curam.
Inexorável, arrasta-me à destruição.
Consinto em fazer dela um sacrifício e,
impaciente, bebo o vinho e o veneno.
Minhas noites de amor foram sem pejo.
Minh'alma as amou, porém, acima das paixões.

Ibn Hazm, "O colar no pescoço da pomba"
Córdoba, 1010.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Sendo delicada

Tá bom, retiro o que eu disse.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

The surreal life

"E, aí, a Bela tá melhor?"
"Ah, tá sem febre, mas ainda tá de cama."
"E os meninos?"
"Tudo jóia, mas parece que tudo aconteceu depois que a Bela ficou doente!"
"Credo, que foi?"
"Bom, a empregada não está indo, porque o filho dela está com catapora. Aí eu acordei de manhã com ela ligando dizendo que não podia ir. Tive que acordar os meninos, e descobri que o Antonio estava com dor de ouvido, e o remédio que a gente pinga acabou. Fiz o café da manhã e, enquanto eles comiam botei a roupa pra lavar na máquina porque o balde estava botando roupa pra fora. E a máquina começou a lavar e parou. A Bela me disse pra ligar pra um cara para ele consertar, mas liguei pra ele e ele disse que ia dar uma passada só amanhã, mas nem disse a hora. Então vou ter que ver quem vai esperar o cara o dia inteiro."

"Arrumei os meninos e no carro vi que a blusa do Rui tava furada e ele tinha uma apresentação, e tive que voltar pra casa pra trocar. Pro que a empregada faz essas coisas, tipo, ela não viu que tava furada?"

"Aí chegamos atrasados [vou começar a cortar porque o negócio é longo. Aqui os principais momentos]. E a professora foi falando que era pra vir de camiseta vermelha, mas não estava na agenda isso! [...] Atrasados pra aula de caratê [...] E o Chico emprestou a faixa do quimono e não disse nada, e chorou, mas ficou sem ela pra aula [...] Aí tive que buscar na escola porque estava com febre - deve ser a gripe da Bela [...] ... vi que não tinha almoçado, mas precisava comprar o troço pra excursão de sábado [...] ... e tive que desmarcar e marcar pra amanhã, mas nem sei se vou conseguir levar. [...] E tive que ir a quatro farmácias até achar. [...] ... espalhado pelo play, porque voou da janela e eu esqueci de recolher quando a gente saiu. [...] ... duro, mas tão duro, que nem na panela de pressão - que soltou uma borrachinha e não cozinhou direito, e só tinha um pedaço de rosbife congelado. [...] ... não fez o dever de novo, e a professora pediu uma reunião."

"[...] Colado! Tudo azul! Mas você que é mãe me diz: guache não é lavável? [...] Morto. E a Bela, coitada, ficou sozinha o dia inteiro na casa da mãe, querendo conversar. Ela tá doida pra voltar a trabalhar na semana que vem, e eu só queria botar os meninos pra dormir, fechar a porta e cair duro na cama. Puxa, ainda bem que não é assim todo dia! Porque amanhã como eu vou trabalhar?"
"Você não foi trabalhar hoje?"
"E deu? Não dá pra trabalhar com tudo isso pra fazer!"

Não?
Tolinho.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

...

O evento que eu organizei aconteceu ontem. Saí de lá (Ipanema) às três da manhã. Me deitei às cinco. Acordei às oito, e descobri literalmente mortificada que não tinha açúcar em casa. Como eu me recuso a usar adoçante em qualquer alimento que faça parte dessa dimensão, saí de casa com leite + Nescau. Resultado: estou podre de sono. Mais do que seria normal esperar.
Preciso de uma endovenosa de rubiácea urgentemente.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

...



Pertencer de corpo e alma a um homem pode ser o ponto vertiginosamente alto ou dolorosamente baixo na vida de uma mulher.

Faça o que eu digo, não o que eu fiz*



"Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida." Soa meio pomposo: eu prefiro acordar cada dia para uma nova partida de pôquer. Cada manhã uma nova mão, alguns dias, junk, em outros, um full house, e todos os dias o desafio de jogar a próxima rodada para ganhar. Blefar, de acordo com o dicionário, significa "dar mostras de falsa segurança", e é uma habilidade tão valiosa quanto a habilidade de esconder uma grande jogada.

Desanimado porque quem te deu as cartas pode ter roubado? Em 1992 foi publicado o obituário de uma mulher, Katrina Haslip, a quem o The New York Times julgou ser uma pessoa especial, digna de ser lembrada. Katrina Haslip havia morrido de complicações decorrentes da Aids. Ela estava com 33 anos. Era uma ex-interna da prisão estadual de Nova York e tinha sido presa depois de várias condenações como batedora de carteiras. Quando estava na prisão, foi diagnosticada como soropositiva. Procurando ajuda inutilmente, resolveu fundar uma organização na prisão que ajudasse a ela e a outras internas doentes.

Depois que saiu da cadeia, continuou seus esforços para conscientizar as pessoas e levantar recursos para mulheres com Aids. Conforme escreveu o NYT, "Haslip, junto com outras organizações de combate à Aids, [...] lutou para pressionar o governo federal a expandir seus esforços para combater a doença entre as mulheres [...]". Por causa do trabalho de Katrina, dizia o jornal, "os centros federais para controle e prevenção da Aids, [...] um mês antes de sua morte [...], anunciaram os planos para ampliar a definição da síndrome no sentido de incluir mais doenças que afetam mulheres com o vírus [...]."

Quantas centenas - milhares - de vidas podem ter sido facilitadas, aliviadas, mesmo salvas, pela quantidade de dinheiro e informação que resultaram dessa iniciativa?

Katrina Haslip. Uma batedora de carteiras. Provavelmente viciada, possivelmente prostituta. Presa aos 27. Morta aos 33. Como foi possível uma rodada perdida como essa ter sido jogada para fazer do mundo um lugar melhor? E qual é a nossa desculpa?

*De Wendy Reid Crisp
Editora L&PM, 1997

sábado, janeiro 13, 2007

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Tem vezes que esse sentimento ruim começa como qualquer coisa, uma bobagenzinha à toa, vinda do nada. Mas vai crescendo, e você vai ficando cada vez mais agoniado, porque não sabe o que é nem de onde vem essa sensação ruim. Um pressentimento funesto, um incômodo n'alma que não dá tregüa, sossego, descanso.
Odeio sentir isso.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Cavar e se esconder

Você saiu atrasada de casa para aquele almoço hipersupermegaimportante com aquela pessoa idem (encontro esse em que você chegou quando o juiz estava apitando o início da partida).
Bom, o almoço acaba e, aliviada por tudo ter dado certo, vai no banheiro escovar seus dentes para uma nova e revigorante tarde de trabalho. Olha-se no espelho e descobre que:

* Você saiu de casa com aquela mancha compriiida de pasta de dente no bolso da sua blusa.
* A entrada com pastinha de berinjela e salsa ainda está nos seus dentes.
* Tem condicionador seco na sua orelha.
* Sua blusa está do avesso.
* Você se esqueceu de tirar aquela etiqueta de preço ennnoooorme do seu casaco - e ela ficou pra fora quando você pendurou o dito na cadeira.
* Tem uma bola enorme de rímel preto no canto do seu olho.
* Aquela irritaçãozinha micra que você sentiu no queixo quando entrou no restaurante se transformou em duas horas numa imensa bolha amarela e vermelha - sim, uma enorme e monstruosa *.
* Sua blusa está furada debaixo do braço.

Escolha uma. Todas já foram testadas e aprovadas como a maneira mais simples e rápida de decidir-se pelo suicídio.

Cortem-se as cabeças



Estava lurdo e os macos tavos
Lapavam e tucavam no vabo:
Todos savos estavam os borogravos
E os momos erevos extravabo.*

Quando o mundo real ameaça esmagar a gente, o absurdo torna-se plausível e ir atrás dos sonhos mais doidos, o caminho mais lógico.

* De "Alice no País das Maravilhas".

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Saúde pública



Filmes como "A casa do lago" deveriam trazer uma tarja:

"Pode ser prejudicial à saúde mental e amorosa de pessoas desacompanhadas."

Porque aí você começa a achar que Keanu Reeves é o homem mais fascinante, charmoso, gostoso e necessário de todos os tempos - passados, presentes e futuros.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

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Você sabe que a sua semana vai ser hardcore quando fica seis horas sem abrir sua caixa de mensagens - e quando vai ver tem 58 mensagens novas (descontados os spams).

sexta-feira, janeiro 05, 2007

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Adivinhou: estou cansada, sem paciência, irritada, com sono, com calor, de mau humor.
Recolho-me ao meu estado de ignorância civilizatória. Quando melhorar, eu volto.

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"O Orkut não aceita meu login. O celular caiu na piscina e não posso fazer nenhuma ligação que tenha os números 1, 4 e 7. Eu volto outra hora. Good bye."

Eu achava que ela tinha criado um personagem para escrever no blog. Até descobrir, quando a conheci pessoalmente, que ela é adoravelmente assim.

Pós-qualquer coisa

Depois de esquematizar e organizar um megalançamento, escrever dois pareceres e entregar dois originais revisados - HOJE - estou ouvindo música. Meia hora pra mim. Minha empregada que me desculpe, mas ela hoje sai um tantinho mais tarde (pra quem acha que é escravidão, ela chegou na hora do almoço - e quem fez fui eu). PRECISO disso - música estourando os tímpanos.

Meu Chet Baker chegou. Obrigada, caro.

...

O que mais me irrita, me deixa fora do sério, é a impotência de realizar alguma coisa. Eu sei o início, sei o fim, mas desconheço os meios. Como aqueles labirintos de revistas para crianças, em que você vê o fazendeiro no alto da página, a fazenda com a vaquinha lá embaixo, e um emaranhado de caminhos.

São tantas as variáveis, tantos os meios, e você sequer sabe como fazer para desembaralhar aquela meada. E sem a certeza de que vai conseguir chegar àquele final.

Impotência. Se eu tivesse muito, muito dinheiro, era entrar no avião e ir. Mas como não tenho, fico só olhando aquela confusão de linhas, sem saber como sair daqui e chegar ali.

Porque eu quero chegar ali. Não me pergunte como - não faço (ainda) a menor idéia.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

No meu brasão



I am not a bitch...I am THE bitch...and that's Ms. Bitch to you!

Minhas fotos prediletas IX



Santa Monica, California, by Richard Avedon

Não ofende

perguntar: cadê todo mundo?

Iluminados



Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Chico Buarque, "Pedaço de mim"