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Quero acordar de manhã porque o outro lado ficou, de repente, vazio e frio. Quero acordar com o cheiro de café fresco. Quero dividir meu jornal, meus comentários bobos, minhas ilusões, meus medos, meus sentimentos, minhas inseguranças, alegrias e esperanças. Minhas conquistas!
Quero ter pra quem comprar roupas, inutilidades. Quero ter alguém para ligar no meio da tarde e dizer "Oi! Só liguei para ouvir sua voz" e desligar de coração leve.
Quero ocupar, no meio do "Ainda por fazer" e o "Já feito", meus pensamentos com alguém.
Quero me preocupar em lembrar aniversário, data especial, festa da família ou a formatura dos filhos.
Quero brigar para fazer as pazes, pedir desculpas, arrepender-me do que foi dito e jurar nunca mais dizer. Quero horrorizar-me, pensando sozinha, como fui capaz de dizer aquilo – mesmo que depois eu emende com um "Mas eu tinha razão, sim". Mas silenciar sobre a minha certeza.
Quero esticar os lençóis, lavar as xícaras, separar o pão fresco do dormido. Limpar gavetas, guardar a programação dos jornais pra ficar em casa, procurar serviços na internet e jogar fora a roupa velha.
Quero abraçar mãos, desenhar sobrancelhas, acariciar rugas, amaciar a raiz dos cabelos.
Quero amar, novamente.
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