terça-feira, setembro 30, 2008

...

Meu amor pelos livros será a minha ruína.

Eu nunca...



Fui dama de honra.
Fui madrinha de casamento.
Comemorei aniversário de casamento.
Ganhei uma jóia.
Recebi flores no meu aniversário.
Fui à Disney.
Tive patins.
Fiz luzes no cabelo.
Fumei maconha.
Transei sem vontade (ou fingi orgasmo)
Comi ostras.
Vi uma tulipa ao vivo e a cores.
Vi um filme do Glauber.
Vi neve ao vivo e a cores

Nunca mais fui beijada de novo.

segunda-feira, setembro 29, 2008

O bandido da Lamborghini Vermelha

[...] A filha que já morava [nos Estados Unidos] trouxe Dona Dolores dos cafundós de El Salvador - onde ela sequer ouvira falar da existência de cinema, quanto mais de televisão - para Chappacqua, uma cidadezinha próxima a Nova York. Dona Dolores não sabia ler nem falar inglês. Ainda assim, a filha lhe arranjou uns trabalhos de faxineira (US$ 10 a hora, se lhe interessa saber) e a levava e apanhava na casa dos patrões, todos morando em meio a bosques, isolados dos longínquos vizinhos. Foi na propriedade de um deles onde tudo se passou. Tendo que ir a Manhattan de uma hora para outra e ignorando que sua faxineira não sabia ler, Mrs. Bryant mostrou a Dona Dolores uma alarmante notícia no jornal local. Um velhaco bem apessoado, alegando urgência em usar o telefone, já assaltara três casas na região, depois de dominar e matar suas vítimas.

- No abrir puerta - Mrs. Bryant explicou em seu espanhol de high school - y no también telephone.

Menos de meia hora após a partida de Mrs. Bryant, Dona Dolores ouviu um barulho de automóvel no pátio da frente. Chegando à janela, viu um homem grisalho, com ar distinto, saltando de um carro esporte vermelho e encaminhando-se para a porta. Soou a campanhia. De dentro, ela avisou: No speak English! O distinto homem grisalho chegou à janela. Ela reparou que ele era não apenas extremamente bonito como tinha olhos excepcionalmente azuis e um sorriso cativante. Dirigindo-se a ela num espanhol razoável, explicou que estava com problemas no carro e necessitava telefonar para que o rebocassem. Dona Dolores lembrou-se da recomendação, mas aquele homem encantador e bem educado era, evidentemente, un gran señor. Em tênue concessão à prudência, disse-lhe que desse a volta e usasse o telefone da cozinha.

Enquanto ele dava a volta na casa, Dona Dolores correu até lá, destrancou a porta que dava para fora e, em seguida, trancou a porta de vidro que ligava a cozinha ao resto da casa - numa segunda concessão à prudência, mas que temeu parecer grosseira - e ficou observando enquanto ele discava e falava. Foi então que seus olhos bateram no jornal, aberto em cima do sofá. E ela viu a foto. Era o homem que estava na cozinha! O mesmo belo rosto viril, os mesmos cabelos grisalhos, o mesmo sorriso cativante, os mesmos olhos claros. Aquele gran señor era justamente, segundo ela entendera, o perigoso assassino de donas-de-casa e faxineiras de Chappacqua.

Gritar por socorro seria inútil, pois os vizinhos não ouviriam. Chamar a polícia, mesmo que o telefone estivesse desocupado, tarde demais. Apavorada, pensou em fugir para a estrada. Mas lembrou-se que o roubo seria responsabilidade sua, talvez até a vissem como cúmplice. Iria desgraçar a vida de sua filha, seu genro, as três netas. Resolveu: quem já atravessou tanto tiroteio no país natal é capaz de enfrentar um bandido ianque.

Após uma breve prece à Virgen del Pilar, entrou na cozinha fazendo ar distraído. Pegando um facão dentro da gaveta, gritou Ayúdame, Diós! e avançou para o homem. Surpreendido e apavorado com aquele ataque súbito, ele deixou cair o telefone e tentou balbuciar alguma coisa enquanto, com o facão espetando sua barriga, viu-se empurrado pela brava salvadorenha até um armário de pouco mais de um metro de altura, para dentro do qual ela o jogou e, em seguida, o trancou. Enquanto ele gritava em seu interior, Dona Dolores empilhou outros móveis, panelas e objetos diversos contra a porta. Só quando teve certeza de que não escaparia é que ligou para sua filha. Esta chamou a polícia. A polícia, Mrs. Bryant, a filha de Dona Dolores e o mecânico da Lamborghini vermelha de Paul Newman chegaram todos ao mesmo tempo. Ainda lívido, o ator foi retirado do armário enquanto Dona Dolores mostrava sua foto - anunciando os horários de "Mr. and Mrs. Bridge" no cinema local. Por mais que Mrs. Bryant insistisse, ele se recusou a autografá-la.

Edney Silvestre
Caderno ELA - O Globo, 1990.


sexta-feira, setembro 26, 2008

...

Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho. Trovão é só barulho.
Ai...!

quarta-feira, setembro 24, 2008

Coisas boas da vida

- AAAAAHHHHH! Como assim ele é uma GAROTA?

O prazer de ler um livro muito legal; ser completamente surpreendida; devorar todas as páginas e salivar pelo próximo volume.
E ainda ganhar dinheiro por isso.

terça-feira, setembro 23, 2008

Priscas eras

Seção de cartas

Senhor diretor: surpreendida com declarações atribuídas a mim e publicadas no nº 140 de VEJA (12/5/1971), afirmo: não dei nenhuma entrevista a nenhum repórter sobre o assunto focalizado na nota intitulada "Mera coincidência", nem fui solicitada a fazê-lo.
Janete Clair, autora de telenovela

O repórter que não fez a entrevista com Janete Clair não trabalha mais para VEJA.


Revista Veja, edição especial 30 anos. O leitor era feliz e não sabia.

Desisti



Zé Colméia mode on:

- Não, isso é de muuuito antigamente, no tempo das pirâmides, dos dragões, das vilotras... Ô, mãe! Mamãããããe!Vilotra é do seu tempo, né?
- É, minha filha. As pirâmides, os dragões e as vilotras são do meu tempo.

sábado, setembro 20, 2008

The Ink Tank



... e, já que você vai lá, dê uma passadinha na ronda diária que eles fazem pelos jornais à procura das melhores charges.

New stories in photographs



Relatives, following Muslim tradition, wash the body of Michu Mohamed, a four year old girl who died of malnutrition near Sheshemene, southern Ethiopia, June 8, 2008. (REUTERS/Radu Sigheti)



Germany's Marc Schuh pushes to start off in the Men's 400m T54 (spinal cord disability) competition for the Beijing 2008 Paralympic Games held in Beijing, China, Monday, Sep. 8, 2008. (AP Photo/Ng Han Guan)



The hands of an Iraqi woman reaches for the sides of a truck in an effort to make herself noticed as Iraqi Army 42nd Brigade, 11th Division Soldiers distribute food, water, and medical supplies, in Sadr City, Baghdad, Iraq, on May 8, 2008, during Operation Iraqi Freedom. (U.S. Air Force photo by Tech. Sgt. Cohen A. Young)



A single home is left standing among debris from Hurricane Ike September 14, 2008 in Gilchrist, Texas. Floodwaters from Hurricane Ike were reportedly as high as eight feet in some areas causing widespread damage across the coast of Texas. (David J. Phillip-Pool/Getty Images)

Imagens do site do jornal The Boston Globe. A seção chama-se "The Big Pictures". Clique nas imagens para ampliar.

Bonito, uai

"Suas instalações rechaçam a convenção da obra de arte como objeto transportável de existência virtualmente infinita. A recusa em conformar coisas móveis e perenes, levada a um limite, gera configurações com fisicalidade suficiente para alcançar intenções e desejos. Se evitam objetalidades ostensivas, também não almejam o imaterial; desviam-se de carências e transbordamentos. Pouco ou muito, dependem das exigências intrínsecas a cada intervenção."

Jogue o dicionário no chão. Escolha a sétima palavra da página à esquerda, contando de baixo para cima. Repita isso uma centena de vezes. Então: é crítica de arte.

Uróboro




Há um certo masoquismo em entrar nos sites das editoras estrangeiras. Sinto-me como deve se sentir um astrônomo que faz aquela conta do Carl Sagan e descobre que há bilhões e bilhões de estrelas e planetas por descobrir - e ele não vai viver o bastante para ver nem um zilionésimo dessa conta.

Aproveito a hora do almoço para fuçar bibliotecas estrangeiras, editoras, livrarias especializadas. E lamento o quanto eu deixarei de ler depois de morrer e reencarnar mil vezes. Conheço pouco da literatura árabe contemporânea. A literatura que se faz na Coréia, na Índia, na Iugoslávia. Na Indonésia, na Islândia, na Rússia. Literatura adulta, bem entendido. E a infantil? O que enche os olhos das crianças africanas, australianas, paquistanesas? Chinesas, venezuelanas, dinamarquesas?

Todos aqueles livros absurdamente maravilhosos que jamais ganharão uma tradução em português. Histórias que poderiam paralisar a alma, suspender o fôlego, trazer a avalanche de volta ou soterrá-la definitivamente. Isso me dá uma tristeza tão grande...

sexta-feira, setembro 19, 2008

Enchanted Prince



Segunda-feira
- Olha, arranjei ingressos para levar as meninas naquele Disney on Ice no Maracanãzinho. Mas é às sete da noite, então as meninas têm que estar prontas às seis.
- Elas jantam às seis na escola e...
- É im-pres-si-o-nan-te como você empata todo evento bacana que eu arranjo para as meninas!
- Não disse que elas não vão. Você não me deixou terminar. Disse que elas jantam às seis, e que eu vou pedir que elas comam mais cedo. Seis horas é impossível, mas garanto seis e dez no portão.

Terça-feira
- Você avisou na escola?
- Ainda não. Tá cedo ainda. Ninguém vai lembrar, na sexta, de um aviso escrito na agenda na segunda.
- Não pode atrasar! O show começa às sete!

Quarta-feira
- As meninas sabem que depois de amanhã vão ter que correr pra fazer as coisas na escola?
- Sim, elas sabem. Já comentei com as professoras da tarde que elas vão ter que estar no portão da escola às seis e dez. E que você não vai poder esperar.
- Pois é, não mesmo. O show começa às sete!
- Você já disse isso.
- Você é a atrasilda. Sempre foi.
- Não vou discutir. Nem vou estar na escola!

Quinta-feira
- As meninas me disseram que têm aula de GRD amanhã, às quatro! Não é melhor elas faltarem?
- Elas fazem parte da equipe oficial da escola, e têm uma apresentação importante na semana que vem. Não vou ensinar a elas a se comprometerem e, quando tem algo mais legal, elas pularem fora. Dá tempo.
- O show é às sete! Elas não podem atrasar!
- Elas não vão atrasar.
- É, porque você foi sempre atrasild...
- Já sei, sempre fui atrasilda. Ok.

Sexta-feira
10h
- Mandou o aviso na agenda?
- Mandei.
- Porque o show começa às sete!
- Você já disse isso. Várias vezes.
- É, porque você sempre foi atrasilda!
- "É, porque você sempre foi atrasilda!"

14h
- Como estão as coisas?
- Na boa, chega. Elas vão estar no portão às seis e dez.
- Nossa, que grossa! É só porque eu tenho que pegar os ingressos na bilheteria e o show...
- ... começa às sete. Você já disse isso.
- Mau humor, é?

17h40m
- Onde você está?
- Na rua, num bureau de impressão.
- Sabe o que é, eu calculei mal o tempo e achei que seria mais inteligente eu pegar os ingressos aqui no Maracanãzinho e depois voltar para o Flamengo e pegar as meninas e depois voltar para cá, mas acho que não vai dar. Você pode trazer as meninas?
- Estou na rua com R$ 10 e as chaves de casa penduradas no pescoço. Vou ter que esperar o cara imprimir e finalizar o meu trabalho, voltar para casa, pegar minhas coisas, tirar dinheiro, passar na escola das meninas, pegar todas as tralhas delas - incluindo roupa suja e duas toalhas molhadas - e só depois ir praí.
- Ah, moleza. Claro que dá tempo.
- Por que você não ligou antes?
- Olha, se você não quer fazer, tudo bem. Eu dou um jeito.

E eu fui. E conseguimos chegar às 18h40m. Agora me diz: essa desorganização marrenta vem digrátis no cromossomo Y ou é um trauma psicológico provocado pelo divórcio?

...

Um dia sem comentários.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Fotógrafos VII - Nigel Parry


Gary Oldman, Soho, London,1990



Stanley Tucci, London, 1990



Richard Harris, The Savoy Hotel, London, 1990

Um degrau por dia



Nos longos períodos sozinha em casa,
passavas café, logo tu
que não gostavas de café.
O cheiro de café
diminuía tua solidão.

[...]

Arredondo os preços por baixo,
para não causar atrito
e inveja.
Me vendi por menos,
me comprei por mais.

[...]

Penso ter vivido o que escrevi
e deixo de viver porque está escrito.
Minha letra não torna meu
aquilo que anotei.

Fabrício Carpinejar


Separar-se é um dos atos mais complicados da vida. Envolve coragem e covardia, egoísmo e despreendimento, amor e ódio, fracasso e sucesso; mas, acima de tudo, a certeza de que nascemos e morremos sozinhos. A estrada é nossa, e ninguém pode caminhar por ela a não ser nós mesmos.

Para você, cujos olhos já encarei; para você, a quem abracei virtualmente; e para você, que começou agorinha a conquistar minha afeição: tudo passa. Então, isso também vai passar.

quinta-feira, setembro 04, 2008

TPM mode on

- Rá! Até parece que ele vai desistir assim... Ele é durão, cara. Aí, viu? Como assim "Você não pode desembarcar"? Sabe com quem tá falando? Sabe quem ele é? Até parece que ele não vai fazer o que quiser. Viu? Não disse?

[...]

- Senhorita, pára de fazer doce. Você quer, não quer? Então! Ele vai te beijar de qualquer maneira - "Resistir é inútil", já diziam os borgs. Olhaí. Agarrou à força. Agora se livra dessa cara de coitada!

[...]

- Ui, essa doeu. Vai, vai, VAI! Não larga! Olhaí atrás de você! Olha! Olh...ui! Eu não DISSE pra olhar? Carácoles, que cara BURRO! Por que não escolheram outro pra ficar junto dele?

Assistindo John Wayne e passando roupa às 3h10m. E falando sozinha. Falando, não; discutindo. Quase indo às vias de fato. Realmente, estou precisando trep... arranjar companhia.

Plizi

Riquezas do meu coração: eu só tô no Orkut, viu? Então não adianta me mandar convite para hi5, Shelfari, radiusIM & outras bossas. Não tenho tempo nem saco pra essas coisas. Quer que eu fique juntinha com você? Me manda e-mail. Looooongos e-mails. Eu adoro ler loooooongos e-mails.

Mesmo que não tenha tempo de responder, eu adoro. Faz aí minha vontade, vai.
Tô carente.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Com benefícios



Ela começou a panfletagem faz uma semana. Primeiro, anotou no seu caderninho de Princesas a plataforma (e os gostos) da candidata. Fez uma lista prévia baseada no que apurou entre os amiguinhos - principalmente se estes são receptivos à proposta. Por fim, enxugou a prévia e chegou à lista final.

Agora - segundo ela - tenho que ir pro corpo-a-corpo (tarefa em que ela está arduamente trabalhando como facilitadora) e começar a marcar encontros com os pais divorciados da lista de possíveis futuros namorados que Catatau fez pra mim.

Algo nessa história está errado. Eu ainda não sei bem... o quê.

terça-feira, setembro 02, 2008

"What do you think you are, gangsters?"



The rock star
The painting
The Russian deal
Meet the wild bunch


Guy Ritchie. He's the guy.

Tá lá no IMDB: está em fase de pré-produção "Sherlock Holmes". O diretor será Guy Ritchie. Robert Downey Jr. viverá Sherlock Holmes.
Me segura que eu tô tendo um treco.