É muito chato não ter nada de bom, de engraçado ou original a dizer. Nesses dias, só posso observar as pessoas que embarcam no meu ônibus, ou quem anda na rua, ou as lojas.
Hoje saí de casa debaixo de uma verdadeira tempestade. Na escola das meninas não havia luz. Corri até o ponto de ônibus: metade dos bancos molhados.
E eu me perdi. Olhei a mulher gorda comendo seu farnel, que devia ser o café da manhã, comprado na Central do Brasil: três pastéis de forno imensos, de camarão, e dois refrigerantes. A mulher de sobretudo de napa e cabelos tingidos de vinho que se sentou molhando todo o banco, sem se preocupar em tirar primeiro o casaco.
A oficina mecânica que, apesar dos pôsters grosseiros de mulheres em posições ginecológicas, tem o singelo e poético nome de "Esquina do Sol". A loja chamada Conecval, que vende conexões e válvulas, que tem, em seus furgões, a foto imensa de uma modelo com cara de devoradora de homens, tapando os seios com uma mão e segurando uma válvula com outra.
A menina loura que, em qualquer tempo, estica um plástico azul como telhado de sua barraquinha e frita pastéis para os operários da subestação da Light. Os velhos jogando carteado na esquina do meu trabalho - de bermudas e chinelos ou de moletom, meias... e chinelos.
O bom-dia aos seguranças; ler seis jornais, responder aos e-mails - e, hoje, encher os sapatos de jornais e secar as palmilhas dos tênis atrás do computador.
É assim que começa o meu dia.
terça-feira, abril 26, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário