quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Verão da minha vida



Eu sonhei que fazia amor com um homem maravilhoso na piscina de um lugar paradisíaco. Perdi a hora. E cheguei atrasada à escola.

Atravessando a praça, fui engolida pelo cheiro de pão recém-assado. Ouvi quando começaram a tocar um violino no segundo andar do prédio. Fechei os olhos. E atropelei um cachorrinho.

Quase chegando ao apartamento dos meus pais, senti meu cabelo pelo meio das costas, e olhei por sobre o ombro, para admirar, vaidosa e orgulhosa, o tom acobreado que se acende quando o sol bate nele. E dei um encontrão num poste.

Fui ao médico hoje. E soube que venci meu câncer.

Aproveite a vida, a todo minuto.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

É Pulitzer!



Minha carreira meteórica rumo ao estrelado não se resumirá à fundação da banda de rock "Velhinhas que atrapalham a passagem". Depois de um casamento e diária convivência com outros pais na escola das meninas, resumi meus quase dez anos de pesquisas no "Manual do pai perfeito", cujos direitos estou negociando. Esse revolucionário título mostrará o que, há séculos, fundamenta o escopo masculino na criação da prole.
Aqui está para vocês, meus 16 fãs, em primeira mão, todo o conteúdo desse extraordinário livro.

"Péra que mamãe já vem."
"Olhalí a mamãe te chamando!"

Em breve, nas boas livrarias.

Com destinatário



Meu querido amigo;

A vida continua, a fila anda, a novela acaba, as crianças crescem e tudo acaba se resolvendo, mesmo que você simplesmente jogue a colcha em cima da cama e finja que os lençóis não estão amarrotados e embolados por baixo. Enfim.

Minha vida está um caos, e os dias acabam antes que eu possa piscar meia dúzia de vezes. Alguns compromissos vão simplesmente pulando de página na agenda sem que eu consiga cumpri-los. Isso me lembra a passagem de um livro de memórias, em que o autor conta o quanto se sentiu solidário com a mulher cuja lista ele achou, perdida no chão do elevador. Ele próprio, um aficionado por listas, não pôde deixar de admirar aquela que escreveu de maneira meio torta, as letras espremidas, entre Levar o cão para vacinar e Encapar os livros das crianças, um Dar à luz.

Desde junho não tenho mais empregada (desisti de me iludir que posso pagar por uma; e sim, eu arrumo às vezes a cama daquele jeito) e então meus dias começam antes do sol, lavando o terraço, e terminam depois da lua, passando roupa. No intervalo, trabalho, sou dona-de-casa e tento ser um bocadinho mais vaidosa. Promessa de Ano Novo: não saio mais de casa sem rímel e lentes de contato, mas o legal é que eu consigo - veja só você que vitória! - pentear o cabelo e tomar um banho de mais de 6.35 segundos!

E ainda tenho os livros. Quanto ao do Thomas Mann, estava na minha estante, mas te mando também. Porque eu preciso aceitar (sim, esse é o meu ano de aceitação!) que eu detesto "A montanha mágica". Que esse livro me dá sono. E que não consigo agüentar três páginas de diálogos em francês - pra mim, é esnobismo demais.

Beijos

Suzana

P.S.: Porque eu publiquei isso aqui e não te respondi por Gmail. Bom, meu Gmail não abre mais; quando abre não faz nada porque meu computador tem menos de 2 Giga de memória de tanto filme/música/fotos arquivadas. Tenho que ir numa lan para abri-lo. E também porque você é um dos poucos que me inspira o bastante para que eu escreva e sinta vontade de deixar registrado aqui no Breviário. Com foto e tudo.

Vocabulário do demo

"Sabor cheddar/churrasco"
"Hot Paprica"
"Com molho barbecue"
"Experimente a versão bacon/calabresa/chilli"
"Maxi amendoim"
"Extra queijo"
"Com pedaços inteiros de morango!"

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

...



Procurando uma foto de Catatau para ela levar para uma aula sobre genealogia, passei a tarde sentada folheando os álbuns das meninas. E como eu senti meu coração pesado ao perceber que, em todas as fotografias pré-divórcio, minha pequena Zé Colméia tinha o sorriso mais brilhante que uma criança é capaz de ter. E como, em todas as imagens feitas desde que o pai saiu de casa, seus olhos pingam tristeza sempre que ela mira a lente.

E eu chorei muito, por nós duas.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Roubado

Tem gente que é tão, mas tão interessante, que faz você preferir desfragmentar o HD.

Eu amo esse homem. Juro.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Atrasados

Eu fiz dieta nessa férias: fiquei sem acessar o computador, e agora tenho e-mails me desejando feliz Natal - Natal! - ainda por responder. Mas eu chego lá.
Viu, Marco? Güentaí que eu vou te responder. Espero que ainda este ano :o)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Invenções do demo

Ovinhos de amendoim. Inocentes e branquinhos e chocrantes, pedindo - implorando - pra você levar um mísero pacotinho. Que tem 345.867.756.980.345 calorias (ou 120.000,43% das necessidades diárias do-que-quer-que-seja, segundo a Organização Mundial de Saúde) por saquinho.

Ai, por que eu comi isso, POR QUÊ???
Porque é uma delícia.
Eu disse. Do demo. Só pode ser.

Entonces

* As meninas voltaram para a escola. Meus pais têm dois novos hobbies - reconstruir a casa e falar no telefone (sim, agora eles têm telefone em casa). Então.

* Estou indo a todos os médicos que não fui nos últimos oito anos. Ou seja, desde que pari Catatau (e meu pai me deu de presente um seguro-saúde. Unimed. Recomendo a lot). Ontem foi a vez do dentista.

"A senhora não tem nada, a não ser essas obturações que... nossa! São antigas, né?" "São de quando eu tinha 12 anos e usei aparelho." "Então vamos trocar por resina, fica mais natural." Claro, ela TINHA que fazer alguma coisa pra compensar a consulta. Depois de dar uma limpeza geral à procura de tártaro (inexistente) foi mexer nas obturações. Uma tinha uma cárie pequenina por baixo. E ela então deu uma anestesia. Como a consulta estava assim meio sem clima, resolvi agitar um bocadinho aquela manhã tão insossa: desmaiei, mostrei tintim por tintim, no chão do consultório, toda a minha reverência por um café-da-manhã bem fornido, tive tonturas, suei frio, tudo bem ai-meus-sais. Troca de duas obturações e fechar uma reles cárie vagabunda: quatro horas. Você leu certo - QUA-TRO HO-RAS. Sim, prefiro sentir dor do que tomar injeção (por mim, minhas duas cesarianas teriam sido a seco. Mas a minha obstetra insistiu na anestesia, veja você).

* "Mãe, o que ele quis dizer com 'Ela ainda é virgem?' Porque ou ela é de Virgem ou não é, né? A gente não pode trocar de signo, pode? O que ele quis dizer, hein?" Aí eu fiz o que toda mãe centrada, responsável e cuidadosa com o crescimento psicológico sadio dos filhos faz nessa situação:

1 - Rezei pro telefone tocar.
2 - Não funcionou. Então, fingi que não ouvi.
3 - Não funcionou. Então, fingi que não tinha entendido.
4 - Não funcionou. Então, eu disse: "Bom, ele estava se referindo a ... Ai, Jesus, esqueci o lasanha no forno!" e bati em retirada ("Lembrete nº 23.673.345/0987-N: pensar numa explicação lógica e adequada à idade de Zé Colméia sobre virgindade & assuntos correlatos. Atenção: Zodíaco não cola mais")

* Caipira pobre que é caipira pobre, quando vê um sapato fofo e na promoção da Pontapé da Rua do Ouvidor, compra logo as quatro cores disponíveis. Mesmo que uma delas seja cenoura (não, não é laranja nem cor-de-abóbora. É cenoura, carrot, tá lá na etiqueta e na dor lancinante no fundo do olho).

* Ontem eu me surpreendi ao constatar que há exatos 30 meses não dou um beijo na boca. *Suspiro* Vou ter que voltar a treinar na laranja.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Tudo de novo

Catatau vai usar um livro da Cambridge University Press. Custa R$ 104,70. Só o livro texto. Sem contar o livro de atividades, o CD-ROM e o Progress Diary. Eu sou covarde. Eu não tive coragem de perguntar quanto custa o pacote inteiro. Eu vou ter que empenhar a Catatau pra comprar o material de inglês dela.

Tenho 958.494.340.398,5 cadernos para encapar (o 0,5 é meio ofício). À escolha, 123.980.345 estampas de Contact que nenhuma das duas consegue se decidir ("Mas você não acha que Sininho tá meio assim passado?" "Nãããão, porque esse é de fundo azul, e o do ano passado era roxo." "Mas eu prefiro das Princesas..." "Mas a cara da Bela tá tão esquisita!!!" "Então eu quero o da Marie." "Ah, não, EU escolhi o da Marie!" "E daí? Eu também não posso ter?" "NÃO! Não pode! MÃÃÃÃÃÃÃEEEEE!")

Tenho 675.876.233 livros para encapar. À escolha, 123.980.345 estampas de Contact que nenhuma das duas consegue se decidir (vide acima).

Tenho 1.059.170.216.631,5 coisas para colar etiquetas. À escolha, 145 tipos de etiquetas que nenhuma das duas consegue se decidir (vide acima).

Ainda falta repor os uniformes (e costurar etiquetas em todos) e comprar um par de tênis. Isso com o dedo mindinho do pé mal colado e no meio da reforma do telhado da minha casa.

Oi, meu nome é Suzana e você está assistindo "Volta às Aulas Freak Show".