quinta-feira, maio 31, 2012

Decotes

Zé Colméia tem seios. Grandes seios que, absolutamente, não combinam com ela. Porque, veja bem, ela gostaria que eles fossem atarraxados, sabe? Aí poderia escolher usá-los ou não. Na escola - nada de seios na escola. Atrapalham, doem quando ela corre, e os meninos adoram dizer que ela usa enchimento no sutiã. "Eles vão ver, um dia eu me encho e levanto a camiseta e mostro pra eles!" Este tem sido o meu pesadelo mais recorrente: ela subindo a blusa no meio do pátio pra provar que ali é tudo natural - e os bispos da igreja metodista vendo tudo lá da pastoral. Oremos.

Enfim. Zé Colméia tem seios. Os sutiãs que eu comprei pra ela e nada são the same thing. Entonces (estamos trilingues hoje) lá fui procurar um modelo sem frescuras que impedisse que aquilo tudo furasse a camiseta da escola. Dos 45.490.572 tipos que a vendedora me mostrou, achei dois modelos - atenção: dois - que não eram de bojo forrado com enchimento para subir/empinar/crescer/massagear/impedir o decaimento dos seios. Dois modelos.

Igual aos xampus (você consegue comprar xampu que só lave o cabelo, sem efeitos 3D blue-ray? Eu, não) você não encontra sutiã que apenas sirva de porta-seios.

Eu estou ficando pra trás. E sem ninguém pra me dar uma carona.

sexta-feira, maio 18, 2012

Quarto do pânico

O que mais tem me impressionado nesses últimos dias é o quanto eu acumulei. Essa é a palavra: acumulei. Não joguei nada fora. As desculpas foram variadas, infinitas - criativa e largamente usadas nos últimos 15 anos da minha vida. "Depois eu vejo isso, quando tudo acalmar depois do casamento", "Eu posso precisar disso logo, logo", "Não dá pra fazer tudo ao mesmo tempo, com um bebê em casa", "Não dá pra separar nada do jeito que eu estou enjoando/inchando/ parindo", "Não tenho tempo nem pra comer com duas crianças tão pequenas e mais o emprego", "Não quero mexer nada, só deixar o divórcio passar", "Trabalhando feito uma condenada não quero nem pensar em arrumação nos fins de semana", "Quando as meninas forem mais crescidas eu encaro essa arrumação", "Tenho que perder só cinco quilos pra isso caber de novo", "Essas saias custaram uma fortuna, com certeza vão voltar à moda", "Eu não tenho ainda um orfanato que realmente esteja precisando dessas doações", "Não tenho quem leve toda essa louça embora", "Não quero me desfazer por enquanto dessa cama", "Não acho quem desmonte e aceite consertar essa casinha de madeira das meninas", "Não estou com saco de mexer nisso".

O quarto onde eu montei meu escritório na casa dos meus pais agora vive trancado. Ele guarda atrás da porta 15 anos de total e absoluta inércia sobre o que fazer com o que não me serve mais - objetos, roupas, sapatos, móveis, louças, eletrodomésticos,  lembranças, objetivos, desejos acumulados e que eu não sei nem por onde começar a me desfazer.

quinta-feira, maio 17, 2012

Daqui a pouco

Querer fazer é uma coisa. Ter a ideia, todos os detalhes na cabeça, a evolução natural do negócio até aquela loja ali na galeria - eu passo por ela quase todo dia, e as meninas já falam "olha mãe, ninguém alugou ainda" (quando o cartaz de "aluga-se" uma vez sumiu da vitrine, as duas olharam pra mim com cara de pêsames, e eu juro que o beicinho da Catatau deu aquela tremida básica de canceriana) - então, tudo no seu cérebro, menos como começar.

Bom, vai ser um site, óbvio. A única ferramenta que eu conheço é esse blogspot que vos fala. Eu quero fazer no Wordpress, e depois, quando (e se) o negócio decolar, migrar para um site com domínio pago etc e tal. Os conformes. Mas fazer todo o layout, procurar as imagens, colocar os textos, dividir as seções. Montar a coisa. Pensar que, se der certo, eu vou ter que dar adeus à vida de assalariada. Porque as duas coisas eu não vou conseguir fazer. E ter que vender o produto - o site e a ideia dele - pra conseguir que ele seja rentável.

Medo. Muito, MUITO medo. Eu nunca fiz nada pra mim dessa envergadura. Mas ao mesmo tempo eu faço em dois meses 46 anos. Não tenho casa própria, não tenho dinheiro guardado. Se eu morrer amanhã meus pais vão ter que pagar meu enterro. Vou deixar dívidas de herança para as minhas filhas. Não me relaciono com ninguém já quase uma década. O que diabos eu estou esperando pra realizar um sonho meu?

"Eu não sei", sempre diz sorrindo o diabo da procrastinação.

terça-feira, maio 15, 2012

Miss Hyde

Como é possível - você, que já passou por isso, me explica por favor - que aquela menina linda, rechonchuda, que amava o Urso da Casa Azul, adorava vestidos blusas calças shorts macacões sapatos bolsas casacos tudo cor-de-rosa e acordava sorrindo pra vida virou essa criatura monstr..., digo, adolescente petulante arrogante desbocada adoradora de Crepúsculo?

Socorro - é sério. Socorro.

segunda-feira, maio 14, 2012

Demorô

As coisas mudam; eu mudei. E isso deve acontecer com todo mundo, porque não deve ser somente eu - pelamordedeus. Já tem muito tempo - e bota tempo nisso - que eu quero ter prazer no trabalho mais do que ganhar dinheiro. Eu quero realizar alguma coisa. Se eu ganhar dinheiro com isso, oba oba.

Esta semana vou começar a fazer a página. Vai ser pra ler, pra refletir, e não pra ganhar dinheiro - provavelmente pra ganhar dinheiro eu vou ter que ter um sócio ou uma sócia que saiba fazer isso, porque eu não sei. Por um tempo, provavelmente outros vão faturar. Eu sei tornar reais os sonhos. Eu sei planejar, eu sei discutir, eu sei desenhar e arrumar. Infelizmente, eu não sei fazer sonhos renderem dinheiro. Mas mesmo que eu jamais ganhe um tostão com ele, ele vai se realizar. Demorando um mês ou um ano, você vai receber convite virtual pra ir lá e palpitar.

Saudades docês.