

Ainda não o chamo, não posso chamá-lo, de nada. Ainda não sei ao certo o que você representa para mim. Mas você está enraizado no fundo do meu coração. E isso já há um ano.
Devo ir para a escola da Srta. Lyon amanhã. O Pai insiste. Sei, porém, que não o deixo neste quarto quando partir. Sei que você me acompanhará.
Falarei sempre com você com minha voz verdadeira: não com as sílabas elaboradas que devo usar com os outros – a conversa alegre e inconsistente dos chás, do grupo de costura e da sala de aula. Nem lhe falarei com aquela voz retórica que uso para manter os estranhos à distância. Com você, falarei na língua áspera e simples da minha alma.
Você não se importará se eu me deixar levar pela paixão!
Não deixe de entrar comigo na carruagem amanhã! Não deixe!
De Emily Dickinson a uma Pessoa Misteriosa, 10 de setembro de 1847
Judith Farr, "Nunca lhe apareci de branco – Um romance epistolar da vida de Emily Dickinson"
Editora Rocco, 1998
Nenhum comentário:
Postar um comentário