terça-feira, julho 31, 2012

Vergonha alheia


Fiquei três semanas trabalhando em casa (sem internet) e, pra não ser a última a saber do fim do mundo, comecei a assistir aos jornais da Globonews. Dureza. Fico pensando em tudo o que eu aprendi na faculdade. Nas aulas do Nilson Lage. Zuenir Ventura & companhia. Meus anos trabalhando em duas grandes redações. Leilane comentando o massacre no cinema. "Mas a gente não entende como acontece isso, não? Será que é algum problema mental ou ele é assim? É difícil comentar." Oi? Comentar? Você tem OPINIÃO sobre o fato?

Pois é, todo mundo opina. "Que coisa", "Que desagradável", "Que ridículo", "Não consigo entender". Os especialistas que são chamados a dar entrevista não dão entrevista: somente seguem o "Mas o senhor não acha que isso e aquilo...?" com uma cara de constrangimento total. O correspondente nos EUA parecia do E! News (que, perto desses jornais, tá batendo um bolão - afinal, eles ENTENDEM do que estão falando).

E os textos poéticos? As musiquinhas? As caras fúnebres quando o assunto é sério e tããão felizes quando a primavera chega?

Um dia um amigo meu me perguntou se eu queria voltar pra uma redação.
Nem morta.

segunda-feira, julho 30, 2012

Muito

Existe todo um orgulho em suar dois dias, ferir os dedos, xingar a quarta geração de deus-sabe-quem e terminar, sozinha, a montagem de um beliche.
Usando somente um canivete.

quinta-feira, julho 05, 2012

Há 11 anos


As discussões com a irmã (uma das que sofreram lavagem cerebral, aka fã de Crepúsculo) não terminam nunca. Porque ela não se conforma: para minha pequena, nada de bom veio depois da saga de Harry Potter. Ela ama todos os personagens; sabe os feitiços de cor, os diálogos, o nome de cada inimigo, aliado, neutro ou covarde dos filmes. E, quando começou a ler as histórias, se encantou em descobrir o universo inexplorado que é um livro. ("Mamãe, os livros são muuuito melhores que os filmes!", disse o orgulho-de-mami).

Ela se preocupa com a minha saúde, com a minha velhice. Toda noite vem checar a minha lingua pra ver se eu comi direito durante o dia. De manhã ainda exige toda uma estratégia de guerra para arrancá-la da cama, assim como um discurso muito bem engedrado para convencê-la a não usar um short tão curto, uma blusa tão colada - ela, com aquele corpo de mulata farta e brejeira, ainda merece alguns anos de inocência.

Já são 11 anos de Catatau. Feliz aniversário, minha flor. Para você, minha querida Joaninha, há muita magia ainda por vir.

quarta-feira, julho 04, 2012

Sem noção

Eu disse e repito: quanto mais velha fico, menos paciência tenho. Carros que param na faixa de pedestres ou que avançam o sinal usualmente já são premiados com um "Idiota!" - a depender do meu humor, dito entredentes ou em alto e bom som. Mas o que me espanta é a desenvoltura com que as pessoas estraçalham as divisas entre o seu e o direito alheio.

Há poucos minutos desceu a rua uma manifestação de professores. Cantavam "Pra não dizer que não falei das flores". Eu, a espírito-de-porto encarnada em total esplendor, me faço de desentendida e pergunto pra um mestre "Nossa, que música forte! É de vocês?" Resposta: "É música oficial de passeata. Quem fez deve ter sido algum funcionário em greve, e aí pegou!" E aí pegou, pensei eu antes de quase ser atropelada por uma faixa "Abaixo a ditadura". E pára o carro de som na porta do hospital. "Vamos gritar o mais alto pro governador ouvir: Fora, Cabral!" E o povo: "Fora, Cabral!" E o cara no som, "Abaixo o capitalismo espoliante!" E o povo, "Abaixo o capitalismo espoliante! Êê, fora, Cabral! Êê, fora Cabral!". Debaixo das janelas do hospital. Por meia hora.

"Moça, vocês estão na frente do hospital! Não dá pra fazer isso mais abaixo na rua?
"Aqui é o mais perto do palácio que dá pra chegar. Os doentes aguentam!"
Os doentes aguentam.

Mas eu não. Tô cheia.

terça-feira, julho 03, 2012

...

Tem momentos na vida que realmente tudo é (tem que ser), como diz a música, me, myself and I. Mas quem é mãe sabe como é dureza largar velhos hábitos e admitir que, ora bolas, você ainda é um ser humano.

segunda-feira, julho 02, 2012

Vício Maldito



Como eu disse lá no site da Simone, estamos as três viciadas em Once upon a time. Fizemos uma maratona lá em casa (cada uma no seu notebook) e vimos toda a primeira temporada. Depois, fizemos algumas considerações e fechamos que:

* Nós amamos Mr. Gold!
* David faz tanta m. que agora a gente só chama o coitado de Príncipe Charmento (quando ele é o David).
* Chapeuzinho Vermelho é ídola da Catatau ("Mesmo ela se vestindo que nem uma piriguete!").
* Sentimos pena de Regina. A vida sacaneou a pobre tanto que ela agora sacaneia todo mundo.
* Emma é quem queremos ser quando crescermos.

Que coisa horrível de se fazer com crianças inocentes e altamente impressionáveis.

O momento é tudo

Qual a hora certa de deixar a filha voltar sozinha da escola? Andar de ônibus? Ir ao shopping sozinha com as amigas? Pra fazer a cópia da chave de casa? Deixar voltar mais tarde de uma festa? Depilar as pernas? Usar salto? Estender o horário de dormir? Contar coisas sobre o seu passado? Dividir (muitas) incertezas sobre o futuro? Parar de comprar tanto cor-de-rosa?

Ando tão perdida...