Dizem que é do signo. Não sei. Mas eu venero a história da minha família. Guardo tudo: fotos, objetos, livros, diplomas. São a minha herança, e o que deixarei para minhas filhas.
Tenho livros do meu avô paterno que ele recebeu do avô dele - impressos em Portugal, no início do século XIX. Uma foto da minha avó materna aos 18 anos, apoiando-se na cadeira onde está sentada a bisavó dela - um olhar profundo sobre o meu passado.
O vestido de noiva da minha mãe; a grinalda com que se casou a avó dela. As roupas de bebê do meu pai. Um conjunto de café em prata que foi da minha outra avó - e que ela herdou de sua mãe, que o recebeu de presente de casamento de seus tios.
As meninas, quando bebês, usaram camisas de cambraia de linho que foram minhas e da minha irmã; no baby-bag, eu as protegia do sol com sombrinhas com cabo de madrepérola, que minha bisavó aparece usando em fotos tiradas em 1928, em Caxambu.
As duas ficam fascinadas quando mostro a foto de um garotinho rechonchudo, vestido com apuro e cheio de cachos, segurando um arco.
- Quem é esse, mamãe?
- É meu vovô.
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