quarta-feira, janeiro 25, 2006

À beira do abismo

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O quarto das meninas é enorme; tem 4,5mx3,5m. Na extensão dos 4,5m botamos uma prateleira de parede a parede para ficarem as Barbies, os CDs, os livros que elas ainda não lêem, bichos de pelúcia, caixinhas com miudezas. Pois elas se penduraram nessa prateleira, que acabou de vir abaixo. Não tem dez minutos. Estou aqui no computador para me acalmar.
A brincadeira arrancou os parafusos (bucha nº 10). Pedaços de cimento, tijolo e reboco caíram em cima da cama. CDs abertos para todos os lados, Barbies embaixo de dúzias de livros.
Meu ódio foi tão grande que tive vontade de surrar as duas até minhas mãos coçarem e arderem. Suor escorrendo por dentro da blusa, por entre os olhos, tive que segurar a prateleira, desaparafusá-la nos pedaços fora da parede, endireitar os parafusos e parafusá-la mal e porcamente, porque só um pedreiro e um marceneiro vão poder botar aquilo no lugar.
Seis e quatro anos. Você diz "não" ou "sim" ou "talvez" ou "jamais". Não importa. Elas só fazem o que querem. E a vontade que eu tenho é gritar até ficar rouca numa janela aberta. Em vez disso, encostei a cabeça na parede e chorei até meus olhos arderem de secos.
Fico pensando quando essas meninas estiverem na adolescência. Vou pedir para ser internada num asilo. Não vou agüentar.

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