quarta-feira, março 30, 2005

Presente

Ando atolada de trabalho. Nem bem acabei de fazer alguma coisa, outras sete aparecem. Mas não dá para ficar aborrecida (dá, sim; só pelo fato de estar trancada numa sala de vidros opacos) com o dia deslumbrante que está fazendo. Além disso, certas coisas ajudam mais ainda a se esquecer que há trabalho, contas a pagar, problemas a resolver.
Hoje, saindo da escola das meninas, tentava eu achar, na rua engarrafada, ao menos a faixa de pedestres para atravessar. Sinal quebrado, cacofonia insuportável de buzinas estridentes, caminhões descarregando mercadorias para um supermercado, cachorros latindo. Eis que, alheia a esse inferno que se passava embaixo, uma borboleta de um azul real iridescente sobrevoou os carros, avançou o sinal sem dar seta, passou o cruzamento e foi-se, me deixando feito uma abestalhada a atravancar o fluxo da calçada. Foram dez segundos de êxtase. O bastante para me garantir um ótimo dia.

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