Eu sinceramente vou morrer numa santa ingenuidade e na mais absoluta solidão. Porque não consigo entender certos conceitos que algumas pessoas têm de que "disponibilidade" é uma coisa a ser perdida, como virgindade.
Tenho um amigo que conheço há uns sete anos. Depois que fiquei sozinha, saí com ele duas vezes para jantar e uma, para almoçar. Amigos, mesmo. Nada de selinhos na boca ou qualquer outra demonstração de que haveria algo mais do que amizade.
Faz uma hora, ele ligou perguntando se eu queria passar a tarde com ele. Disse que não; almoço até poderia ser, aqui pelo Centro, mas não estava a fim de "passar uma tarde" (uma expressão que, no fim das contas, não quer dizer nada). Aí ele abriu o jogo: se eu estava sozinha há tanto tempo, sem ninguém, porque não passar nós dois o fim de semana juntos?
- Porque não.
- Mas você não está disponível, sozinha?
- Estou sozinha, não disponível.
- No fim acaba sendo a mesma coisa.
- Nunca foi.
- Então encare assim. A gente pode se divertir, juntos.
- Se eu te chamar de João no meio da noite, sem problema?
- Claro que não, né? É óbvio que não.
- Entendeu por que eu não quero? Não quero. O corpo está "disponível", o resto não. Corpos disponíveis você vai ver às dúzias antes de chegar aqui. Então, fique pelo meio do caminho que é melhor.
Ele desligou chateado. Sinto muito, companheiro, mas é preciso crescer um dia. Tem gente que sequer sabe de que planeta veio e ainda quer convencer os outros de que lá é um paraíso.
sábado, março 12, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário