... o Paulinho foi parar na hot list do meu orkut. Alguém sabe me explicar como?
Porque eu é que não o botei lá.
Viu, Cris?
Eu juro.
quinta-feira, agosto 31, 2006
...
Eu simplesmente fico paralisada - não consigo trabalhar, pensar, produzir - quando olho para a janela e o sol me chama: "Vem ver que azul maravilhoso eu escolhi para o céu hoje!"
Memórias
Durante as refeições, quando meu pai morde uma fatia de pão amanteigado ou uma banana ou até mesmo na liquidez de um iogurte, posso ouvir seus dentes se juntarem. Tocam-se com um pequeno clique, e eu me arrepio com este barulho que trai a força de sua fome e me lembra a minha própria. O desejo de uma vida inteira, escondido, frustrado.
Kathryn Harrison, "O beijo"
Editora Objetiva, 1997
Deixa rolar
É aqui onde eu gostaria de estar às vezes...
Você também pode experimentar: é só inserir na barra o endereço da sua página e o modo - tem de dinossauros à mão de Deus, passando por um mijão e um "Mars Attack"!
Você também pode experimentar: é só inserir na barra o endereço da sua página e o modo - tem de dinossauros à mão de Deus, passando por um mijão e um "Mars Attack"!
quarta-feira, agosto 30, 2006
Amar
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca
(Obrigada, Ritinha :o)
Dicas para escrever bem
* Evite ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
* não esqueça as maiúsculas no início das frases.
* Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
* Anule aliterações altamente abusivas.
* O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
* Estrangeirismos podem parecer cool, mas dê sempre preferênca a palavras de origem portuguesa.
* Evite o emprego de gíria, mesmo que fique maneiro.
* Palavras de baixo calão podem transformar o seu texto numa merda.
* Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
* Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem ideias próprias".
* Seja mais ou menos específico.
* A voz passiva deve ser evitada.
* Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"
* Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
* Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
* Seja incisivo e coerente, ou não.
* Frases incompletas podem causar.
Copiei do Agá, que achou no André. Como eu leio ambos, estou em casa :o)
* não esqueça as maiúsculas no início das frases.
* Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
* Anule aliterações altamente abusivas.
* O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
* Estrangeirismos podem parecer cool, mas dê sempre preferênca a palavras de origem portuguesa.
* Evite o emprego de gíria, mesmo que fique maneiro.
* Palavras de baixo calão podem transformar o seu texto numa merda.
* Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
* Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem ideias próprias".
* Seja mais ou menos específico.
* A voz passiva deve ser evitada.
* Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"
* Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
* Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
* Seja incisivo e coerente, ou não.
* Frases incompletas podem causar.
Copiei do Agá, que achou no André. Como eu leio ambos, estou em casa :o)
...
Quando eu acho que já vi de tudo em matéria de amigos e conhecidos, vem um e me dá uma rasteira. Na frente do meu ex-marido e pelas minhas costas.
A vontade que eu tenho é mandar publicar um anúncio no próprio jornal onde ele trabalha, em letras garrafais:
ELE NÃO É GENTE BOA
ELE SURRA MULHERES GRÁVIDAS
A vontade que eu tenho é mandar publicar um anúncio no próprio jornal onde ele trabalha, em letras garrafais:
ELE NÃO É GENTE BOA
ELE SURRA MULHERES GRÁVIDAS
Me rendi
Meus amigos;
Eu agora sou moça contemporânea-antenada-muderna e por isso criei uma página no Orkut. Ainda tem pouquinha gente e nem sei se vai durar, mas quem sabe eu consigo reunir meus sete leitores que têm perfil na rede (os outros oito são meio assim como eu - sem saco para essas modernidades)
Vocês, aí, me convidem! Quero ar-ra-sar :o)
terça-feira, agosto 29, 2006
Só para maiores
Cai do céu
Em dias de chuva parece que nada funciona - e não estou falando de sinais de trânsito. O sono demora a ir embora de manhã. Em compensação, o relógio sai numa correria desabalada. Você ju-ra que dormiu mais cinco minutinhos, só, mas ele está dizendo que foram 40. E eu sei que ele é um mentiroso de marca maior. Feio e mentiroso.
Os táxis, descobre-se em dias de chuva, são solúveis em água, assim como a educação dos motoristas e os fechos das janelas dos ônibus. As pedras portuguesas das calçadas tiram o dia para brincar e mergulham todas elas em poças - não há UMA calçada que não esteja seca, sem nenhuma lagoa suja no meio.
Os dias de chuva servem pra namorar. Pra curtir os filhos. Para ver televisão. Para comer tudo o que se proíbe em dias normais - chocolate, doce, torta, café com açúcar, chá com creme de leite. Os dias de chuva servem para botar a leitura em dia - mesmo que seja uma página só, antes de a preguiça chegar. Dia de chuva rima com edredom. Com camiseta-velhinha-do-amado, meia de algodão, Alice no País das Maravilhas às três da tarde. Rima com lanche (ou merenda!), com sonhos de goiabada e queijo quente. Revistinhas em quadrinhos, travesseiro fofo e meia hora de beijo.
Chuva não rima com sapatos molhados atrás da geladeira ou meias secando no HD do computador. Não rima com trabalho, tarefas, vento gelado ou casaco úmido.
Dias de chuva combinam com amor, aconchego, carinho. Dias de chuva são para eles, os sempre de mau humor - e não para nós, adeptos da brevidade das horas.
Não é?
quinta-feira, agosto 24, 2006
...
Eu ia falar de outras coisas, e talvez o que eu escreva aqui só faça sentido pra mim. Faz um tempinho eu disse a alguém (não com essas palavras) que bom seria se a gente não precisasse explicar nada pra ninguém. Que, se a gente assim quisesse, essa pessoa entraria na nossa cabeça e teria ali um panorama do que nos vai na mente e no coração - sem as palavras a mediar erradamente o que queremos pôr pra fora.
Eu estou assim. Queria que alguém entrasse e descobrisse tudo o que eu sinto, tudo o que eu penso, tudo o que eu quero e não quero. Que são coisas simples, honestas, sinceras e, a bem dizer, muito gratas.
Eu estou assim. Queria que alguém entrasse e descobrisse tudo o que eu sinto, tudo o que eu penso, tudo o que eu quero e não quero. Que são coisas simples, honestas, sinceras e, a bem dizer, muito gratas.
A mensageira das violetas
Sombrios mensageiros das violetas
De longas e revoltas cabeleiras;
Branco, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar sonham nas eiras.
Vermelhos, gargalhadas triunfantes
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d'amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vois sois beijos!
Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e tonturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...
Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!
Florbela Espanca
Doçuras
Uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando era solteira era bolos de madrugada. Sem sono e sem TV a cabo (que ainda não existia, ou estava começando), eu começava a bater a massa lá pelas onze da noite. Normalmente, escolhia alguma receita de um livro despencado da minha mãe.
Batia a massa com calma, com carinho, como se estivesse fazendo alguma sobremesa para o Cozinha Maravilhosa de Ofélia (quem tem 20 anos, sorry; é um programa veeeelho da época da TV a lenha).
O forno já preaquecia, os ovos e a manteiga já estavam em temperatura ambiente. Depois de limpar tudo, eu lia alguma coisa, escutava música, bebia chá ou vinho. Na maioria das vezes, usava um truque aprendido com uma querida amiga da minha avó: aquecia bem o forno e, depois, deixava o fogo no mínimo minimorum, e o bolo assava durante a noite. Acordava de manhã com aquele cheiro maravilhoso.
Hoje não faço mais isso. Perdi a mão, perdi o tempo, perco sempre a oportunidade.
Oremos
Furibunda ficava a minha avó
Sem diferença
Por acaso
Hoje encontrei, por acaso, dois amigos pela net. Os dois jornalistas, ambos trabalharam na Revista Imprensa. Não falo com ela há uns bons quatro anos; com ele, falei por e-mail ano passado ou retrasado, quando ainda trabalhava em editora.
Ele tinha um blog fantástico. Infelizmente (aliás, esse é um desvão constante na minha vida) peguei os últimos meses de vida desse blog, mas rapaz... Que texto aquela criatura tem. Ficava eu feito babante inconsciente, cheia de trabalho mas parada lendo e tentando ver entre as linhas se havia algo mais que eu pudesse sugar, admirar, aproveitar daqueles textos às vezes microscópicos.
Mandei um e-mail aos dois; espero que respondam, principalmente ele - e que haja um novo blog a acrescentar entre os meus favoritos.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Quem eu seria?
Eu não seria ninguém sem (e já esquecendo um monte de coisas):
Internet
Molho barbecue
Antisseptin & Hipoglós
QUEIJOSSSSSSSSSS
Ob*
Celular
Livros
E você?
Update: Café!!! Como eu pude me esquecer disso???
Internet
Molho barbecue
Antisseptin & Hipoglós
QUEIJOSSSSSSSSSS
Ob*
Celular
Livros
E você?
Update: Café!!! Como eu pude me esquecer disso???
O que eu aprendi em 40 anos*
1. Seja independente a ponto de poder mandar à merda quem te encher o saco.
2. Os grandes amores são para sempre amores.
3. Ex-marido é para sempre.
4. Quando um não quer, dois não fazem. E não adianta querer pelos outros.
5. Não desça do salto nunca, mas se descer não esqueça de dar com ele na testa do infeliz que te fez isso.
6. Toda história tem mais de um lado, cabe a você decidir quantos quer conhecer.
7. O excesso de formalidade acaba com a melhor das intenções.
8. Ação gera reação.
9. Nada funciona como um “Foda-se”.
10. Nada é mais desinteressante que o desinteresse alheio.
11. Cada um é lâmpada de si.
12. Olho gordo existe. Não custa se cuidar.
13. As pessoas bacanas se acham.
14. Uma boa trilha sonora faz a diferença
15. Uma boa noite de sono & sexo (não necessariamente nessa ordem) faz maravilhas.
16. Não pense muito: faça.
17. Bons amigos. Só preciso disso.
18. Água cura tudo - seja em copo ou num banho.
19. Se cair é só levantar: para isso basta firmar os pés.
20. A verdade, nada mais do que a verdade.
21. Só sabe o que acontece quem está dentro da história.
22. Não tente ser o que não é para agradar quem quer que seja.
23. O mesmo ideograma que desenha expectativa desenha frustração.
24. Educação. Sempre.
25. Não é impossível ser feliz sozinho, mas também pode ser legal com alguém.
26. Como Santa Maria (tem da Conceição, de Fátima, Imaculada, da Glória), reze todas as noites para São Creminho (da Natura, do Boticário, da Lancôme, da Clinique, da Vichy). Seja persistente, que ele acaba fazendo milagre.
27. As moedas que você deixa cair de farra no cofrinho de lata dos seus filhos podem ser a passagem de ônibus no fim do mês.
28. Confie no julgamento de caráter das crianças. Se elas não gostam de uma pessoa, acredite.
29. Bom senso. Guie-se por ele.
30. Um quilo de chocolate, comido em uma hora, provoca inchaço na garganta. E se vier acompanhado de sorvete e coca-cola, acredite – você está comendo celulite.
31. Quando as observações forem do tipo "Seus tornozelos são gordos", hora de pular fora.
32. Amigos são aqueles que ligam do nada para dizer "Está viva?"
33. No seu trabalho, parta da premissa que ali você só encontra colegas – jamais amigos.
34. Esteja errada, às vezes. E admita.
35. Diga "Eu te amo" com parcimônia. Quem ouve cansa. E não acredita mais.
36. Encanto, eis a palavra.
37. O mundo gosta de tristeza e tragédia no primeiro dia. A partir do terceiro, vira notícia velha.
38. Confiança conquista-se. Não dê de graça.
39. Filhos são para sempre – e depois disso.
40. Seu passado é seu patrimônio. Não o jogue fora – até porque não adianta: ele sempre volta.
* Obrigada pelo molde e por algumas dicas, Renata :o)
And...
Torci o pé direito no domingo: estou de gesso até quarta da semana que vem.
Ah, o mês de agosto...
Ah, o mês de agosto...
E por falar nisso
Esqueci de contar: aceitei um job de três meses - junho, julho e agosto. Tudo o que eu sugeri os caras não quiseram. Apesar de todos os projetos que desenvolvi pra eles, mandaram avisar - é, mandaram avisar - que não vão pagar nem julho nem agosto. Junho, eles pagaram no dia 22 de julho (quando a data combinada era dia 5).
O valor do preju: R$ 4 mil.
Legal, né?
Sexta vem o dono de um sebo dar uma olhada nos meus livros.
Adoro essa vida.
O valor do preju: R$ 4 mil.
Legal, né?
Sexta vem o dono de um sebo dar uma olhada nos meus livros.
Adoro essa vida.
...
Tem dias em que o silêncio nas caixas de entrada e nos comentários, no celular e no telefone fixo, nos blogs e nos sites me fazem mergulhar na mais completa solidão.
Eu deveria aprender que eu me basto - mas juro que não consigo. Me sinto a menininha eternamente carente de atenção e afeto.
Eu deveria aprender que eu me basto - mas juro que não consigo. Me sinto a menininha eternamente carente de atenção e afeto.
terça-feira, agosto 22, 2006
Entrelinhas
Faz algum tempo (mais de um ano), eu conversava com um amigo pela internet sobre hábitos noturnos - um dos meus é tomar chá depois de as meninas dormirem:
"Eu realmente prefiro chá, mas não um qualquer. Tem que ser daqueles que têm um pouco de tudo - do tradicional ao exótico.
Você começa provando bem devagar, apreciando o gosto, a textura, a cor. Depois que explorou todos os aromas e os sabores, aí sim pode beber tudo, até a última gota. A melhor hora para se apreciar um bom chá é de madrugada. Todo mundo dorme enquanto você tem esse prazer."
Só há umas três semanas ele me disse que achou que a resposta era uma metáfora - seria um "fucking chá".
Oh, my...
Eu queria...
Ter pés bonitos e pernas mais compridas
Voltar a fazer bolos de madrugada
Ler mais para ter mais livros a me marcar a vida
Gostar mais de brincar de bonecas com as meninas
Ter mais paciência com quem não tem a menor paciência
Falar todas as línguas do mundo - inclusive a dos animais
Saber fazer crochê e fuxico
Ser ilustradora infantil (talentosa como ela é)
Terminar meu livro
Largar de preguiça e arrumar as milhares de fotos que tenho
Ter coragem para reler a única carta que meu pai escreveu para mim, em toda a sua vida
Arrumar as cartas que tenho escrito para minhas filhas
Parar de procurar desculpas para muitas coisas que eu já deveria ter enfrentado, há muito tempo
Assumir que posso ser, sim, desejável aos olhos de alguém
Aceitar elogios numa boa
Aceitar críticas numa boa (ou pelo menos tentar)
Dar uma chance a mim mesma.
Voltar a fazer bolos de madrugada
Ler mais para ter mais livros a me marcar a vida
Gostar mais de brincar de bonecas com as meninas
Ter mais paciência com quem não tem a menor paciência
Falar todas as línguas do mundo - inclusive a dos animais
Saber fazer crochê e fuxico
Ser ilustradora infantil (talentosa como ela é)
Terminar meu livro
Largar de preguiça e arrumar as milhares de fotos que tenho
Ter coragem para reler a única carta que meu pai escreveu para mim, em toda a sua vida
Arrumar as cartas que tenho escrito para minhas filhas
Parar de procurar desculpas para muitas coisas que eu já deveria ter enfrentado, há muito tempo
Assumir que posso ser, sim, desejável aos olhos de alguém
Aceitar elogios numa boa
Aceitar críticas numa boa (ou pelo menos tentar)
Dar uma chance a mim mesma.
E, pior ainda...
... é achar que o maior prazer num fim de semana é deixar o despertador tocar às 5h30m, levantar para desligá-lo e voltar pra cama... pra dormir.
Caros acionistas, urge uma reengenharia nesse departamento, ou a falência é iminente.
Caros acionistas, urge uma reengenharia nesse departamento, ou a falência é iminente.
Em tempo
Você se dá conta que algo vai muito errado naquele departamento quando percebe que simplesmente a-ma dormir com aquelas calcinhas que comprou quando estava grávida - da primeira filha... e no oitavo mês de gestação.
E sua empregada pergunta se você não quer jogar fora "aqueles shorts".
Ver-go-nho-so.
E sua empregada pergunta se você não quer jogar fora "aqueles shorts".
Ver-go-nho-so.
Por ali*
Eu sempre perdôo as reações tipicamente humanas como se eu não o fosse.
Ana Paula Mangeon
* E o melhor é poder ajudar a espalhar o perfume delas.
Por aí*
Em sua geladeira tem um papel pendurado por imãs que diz: "Cuide-se, Sofia".
Amor é algo assim. Não saber se Sofia é assinatura ou vocativo.
Márcio Yonamine
* Adoro colher delicadezas enquanto passeio pela blogosfera.
segunda-feira, agosto 21, 2006
Direto ao assunto*
A Little Less Conversation
A little less conversation, a little more action please
All this aggravation ain't satisfactioning me
A little more bite and a little less bark
A little less fight and a little more spark
Close your mouth and open up your heart and baby satisfy me
Satisfy me baby
Baby close your eyes and listen to the music
Drifting through a summer breeze
It's a groovy night and I can show you how to use it
Come along with me and put your mind at ease
A little less conversation, a little more action please
All this aggravation ain't satisfactioning me
A little more bite and a little less bark
A little less fight and a little more spark
Close your mouth and open up your heart and baby satisfy me
Satisfy me baby
Come on baby I'm tired of talking
Grab your coat and let's start walking
Come on, come on
Come on, come on
Come on, come on
Don't procrastinate, don't articulate
Girl it's getting late, gettin' upset waitin' around
A little less conversation, a little more action please
All this aggravation ain't satisfactioning me
A little more bite and a little less bark
A little less fight and a little more spark
Close your mouth and open up your heart and baby satisfy me
Satisfy me baby
* Não é à toa que Elvis era o rei.
Ele voltou
Bom, CB (que também é muito sangue-bão :o) ficou um tempo sem subir nada, e agora voltou num novo blog - mais ou menos, pelo que vi pelas datas dos posts.
Espero que ele fique de vez. E suba os poemas e contos que escreve tão bem - o serviço público jamais saberá o desperdício que é para a humanidade botar essa criatura para fazer a inspeção de feira-livres no Rio.
Espero que ele fique de vez. E suba os poemas e contos que escreve tão bem - o serviço público jamais saberá o desperdício que é para a humanidade botar essa criatura para fazer a inspeção de feira-livres no Rio.
Completa e totalmente bege
sexta-feira, agosto 18, 2006
...
Acabo de receber um e-mail de "Mainio Quintana". Não sei qual o susto maior:
* o de achar que estava recebendo correspondência do além;
* a correspondência do além ser de Mario Quintana (quem sou euzinha pra receber comunicações de um escritor tão ilustre);
* descobrir que ele botou no subject "fofo news";
* ver que ele mandou essa: "Hi,Great news for you. VIAGRA CIALIS LEVITRA and 200 other directly from the manufacturer economize up to 50% with us."
Mario Quintana vendendo Viagra por e-mail - e do além. Sabe, eu TENHO que trabalhar e parar de ficar falando besteira por aqui.
* o de achar que estava recebendo correspondência do além;
* a correspondência do além ser de Mario Quintana (quem sou euzinha pra receber comunicações de um escritor tão ilustre);
* descobrir que ele botou no subject "fofo news";
* ver que ele mandou essa: "Hi,Great news for you. VIAGRA CIALIS LEVITRA and 200 other directly from the manufacturer economize up to 50% with us."
Mario Quintana vendendo Viagra por e-mail - e do além. Sabe, eu TENHO que trabalhar e parar de ficar falando besteira por aqui.
Absolutamente choquita
Ai meu Deus, vê se você tira os fones de ouvido, abaixa o som do seu iPod e me ouve: eu PRECISO desse celular, entendeu?
Pela minha sanidade mental, eu PRE-CI-SO!!!
Inútil photochart
"Seabiscuit" - o livro é infinitamente melhor que o filme. A história de um pangaré baixinho e de pernas curtas que venceu quase todos os páreos que disputou. Mais de 40 mil pessoas se acotovelavam nas arquibancadas para ver seus treinos e tentar entender como ele conseguia vencer puro-sangues elegantes e mais bem-nutridos.
Nos fins de semana, ligar o rádio nas estações que transmitiam as corridas de Seabiscuit era um ritual em todo os Estados Unidos, atraindo uma audiência de até 40 milhões de pessoas; 78 mil pessoas presenciaram sua última corrida - multidão equivalente ao número de espectadores de uma final do Super Bowl.
Reli de ontem pra hoje, varando a madrugada.
Pela estrada afora
Desfruto de pequenos prazeres ocultos quando estou com alguém. Fazer a barba do outro, sentir o cheiro bom que marca as fronhas e os lençóis quando fiquei ainda na cama aproveitando o calor do corpo alheio (e enquanto aguardo o cheiro bom do café) - esses são prazeres que me dou e me fazem feliz.
Mas o que mais me agrada é ver o outro dirigir. A mão no câmbio, o movimento dos pés nos pedais. O que fala (se fala), se procura a minha mão no meu colo. Se usa óculos escuros. Se dirige com uma ou duas mãos. Onde as põe no volante. Se relaxa os ombros ou permanece tenso. Eu espio isso pelo canto do olho ou olhando o perfil contra a janela. Procuro sempre ficar em silêncio, apreciando a viagem ou pensando num assunto bom para rir, conversar ou simplesmente divagar.
Eu não sei dirigir, mas adoro quem dirige. Em todos os sentidos.
Maligno
A Lys me lembrou que os celulares têm suas gárgulas: o identificador de chamadas.
E aí eu me lembrei de um amigo meu repórter que, sendo obrigado a gravar alguns números na agenda do celular, identificava essas assombrações com o genérico nome de "Trevas". Quando tocava o celular e ele lia no visor "Trevas" ele não atendia.
"Mas como você vai saber quem é? Na sua agenda tem uma meia dúzia de 'Trevas'!"
"Dane-se. Pode ser qualquer um: se traz coisa ruim, eu não atendo nem morto!"
E aí eu me lembrei de um amigo meu repórter que, sendo obrigado a gravar alguns números na agenda do celular, identificava essas assombrações com o genérico nome de "Trevas". Quando tocava o celular e ele lia no visor "Trevas" ele não atendia.
"Mas como você vai saber quem é? Na sua agenda tem uma meia dúzia de 'Trevas'!"
"Dane-se. Pode ser qualquer um: se traz coisa ruim, eu não atendo nem morto!"
Correspondência eletrônica
Minha querida Dama;
Calhou de eu estar online quando você postou sobre as gárgulas. As igrejas inglesas também têm gárgulas, mas não tão francesas como as de Notre Dame :o). Quero dizer, não têm a expressão facial das parisienses. São mais sérias e compenetradas, se é que eu não estou parecendo tão estúpido falando isso. [...]
Ainda há muita superstição por aqui. Tenho cerca de 2000 vizinhos - porque a cidade é tão pequena que todos são vizinhos, não dá para ser diferente. Lembra daquela que discutimos? Pois muita gente acredita (e eu acho um barato isso aparecer na boca da Ofélia) que a coruja é mesmo filha do padeiro, e que foi transformada porque negou pão ao Salvador (nas palavras de Mrs. Edge, que toma conta da caixa de esmolas da igreja. Ela É filha de um padeiro :o)
Eu e William lemos tudo o que você mandou. O conto é "Seis meses", não é? Fiquei meio sem saber o que dizer, então não vou dizer nada - a gente se conhece bem demais para você saber o que eu sinto em relação a isso. [...]
A piada que você escreveu no livro de William - ele gargalhou 15 minutos seguidos. E ainda continua rindo sozinho, quando lembra dela. Cíntia passou por aqui. Raspou a cabeça da nuca até a metade da cabeça. E pintou o cabelo de um vermelho tão forte que dá pra ver no meio da neblina. [...]
Saudades suas, querida. Não vou poder te ver até meados de março do ano que vem, quando vou ao Brasil. Toda vez que vou ao supermercado lembro de você - e compro mais cheddar em spray para comer puro, na frente da televisão. Espero que você tenha aprendido a comer cheddar em spray de outra maneira - porque assim eu não agüento mais, mas é preciso manter a tradição, não é?
Beijos nas três princesas encantadas, teu sempre
Felipe
Eau du soufre
"As gárgulas são desaguadouros, ou seja, são a parte saliente das calhas de telhados que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que, especialmente na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas, comumente presentes na arquitetura gótica.
Acreditava-se que as gárgulas eram os guardiões das catedrais e que, durante a noite, ganhavam vida." Wikipedia
Quando conheci Paris - e, especificamente, Notre Dame - fiquei fascinada pela gárgulas. Para o cristianismo, elas são as guardiãs das igrejas e afugentam todos os espíritos malignos que delas se aproximem. Seu aspecto sinistro serve para repelir os hereges e lembrá-los do poder de Deus na proteção dos seus.
Gárgulas são fruto da arquitetura da Idade Média. A lenda diz que elas soltam silvos quando se aproxima o Mal (esteja ele visível ou não). Ou você acha que aquele som que se escuta nas naves das catedrais medievais é apenas o vento?
Elas estão em alguns poucos castelos espalhados pela França, principalmente na Normandia. Nesses, as torres são redondas - dizem que o diabo se esconde nos cantos. Torres redondas não têm cantos, e assim o diabo não tem onde se esconder.
Quantas boas idéias e invenções para nos alertar da presença do Mal. Nada disso, porém, vem instalado nos celulares, notebooks e palms, atualmente.
Uma pena.
quinta-feira, agosto 17, 2006
...
Tem certas coisas que é melhor a gente não saber. Temos consciência de que ela está lá; que ela vai acontecer; que não há nada a se fazer - mas é melhor ignorar e fingir que está tudo como deveria estar, sendo o que deveria ser.
Se dói ou não, eu não sei. Ainda não me decidi.
Se dói ou não, eu não sei. Ainda não me decidi.
Bota
Quando pisei em Assis, foi como voltar 700 anos no tempo. Em Veneza, descobri que a Ponte dos Suspiros é cruel, e não romântica, como todo mundo pensa. Nápoles e suas roupas penduradas pelas janelas; aquela galeria maravilhosa em Milão, que rivaliza com a catedral, a Ópera e os homens.
A Itália etrusca, a Itália do imperador Adriano.
Muita Itália, ainda.
Por aí
Jantei bolachinhas barulhentas barradas de requeijão e tédio, lendo suas palavras, as reais e as imaginárias.
Não doeu, mas, sei lá, tem tanta coisa que não dói e mesmo assim mata, né não?*
numa noite sem lua
deitei meus olhos nos teus
da tua boca
distância alguma
somos febre
e essa fome
que não cessa**
Da Fal Vitiello* e do Sérgio Fonseca**, neste blog absolutamente necessário.
Não doeu, mas, sei lá, tem tanta coisa que não dói e mesmo assim mata, né não?*
numa noite sem lua
deitei meus olhos nos teus
da tua boca
distância alguma
somos febre
e essa fome
que não cessa**
Da Fal Vitiello* e do Sérgio Fonseca**, neste blog absolutamente necessário.
Num dia qualquer
E ele ia pintando as grades na portaria do prédio e cantando baixinho, o pincel subindo e descendo com destreza, espalhando a tinta:
"Apega-te a Cristo, espere d'Ele o melhor..."
E vem se aproximando a garota. Vinte e poucos anos, bronzeada, jeans agarrado, cintura baixa dando adeus à miniblusa, lá em cima. E ele pára de cantar e sussura, quando ela passa naquele andar torturante:
"Que rabinho gostoso!"
Ela finge que não ouve, ele abre um sorriso, volta a pintar e a cantar:
"Espere o melhor de Jesus..."
"Apega-te a Cristo, espere d'Ele o melhor..."
E vem se aproximando a garota. Vinte e poucos anos, bronzeada, jeans agarrado, cintura baixa dando adeus à miniblusa, lá em cima. E ele pára de cantar e sussura, quando ela passa naquele andar torturante:
"Que rabinho gostoso!"
Ela finge que não ouve, ele abre um sorriso, volta a pintar e a cantar:
"Espere o melhor de Jesus..."
quarta-feira, agosto 16, 2006
Late mas não morde*
Eu, que sou maria-vai-com-as-outras, fui lá saber que cachorro eu sou. E deu labrador na cabeça. Bom, eu acho que combina: um labrador de Câncer. É, tem a ver...
*Bom, às vezes.
Ciclos da História
Faz tempo que eu evito ler matérias sobre a ofensiva de Israel no sul do Líbano. Eu já trabalhei muitos anos em jornal e sei como uma bobagem, uma distorção, uma manipulação ou um erro de informação é repetido ad nauseum, porque se copia inúmeras vezes as informações. É como aquela brincadeira do telefone sem fio: alguém redige a matéria, que é vendida para agências internacionais, que as vendem para jornais que, através de suas próprias agências, as vendem para não sei quantos meios.
Por isso, para acompanhar a guerra eu acesso o blog do jornalista Hernán Zin, que está lá há mais de um mês. Ali consegue-se ler (e ver, pelas fotos que ele posta) como Israel tem repetido, 60 anos depois, o mesmo que alemães e outros povos fizeram aos judeus. O post de ontem, que fala do posto fronteiriço de Rafah e o desespero de milhares de pessoas para escapar de Gaza rumo ao Egito, faz com que eu sinta vergonha. Não por ser judia, não por ser israelense, mas por fazer parte da humanidade.
Se isso é ser ingênua, paciência. A vergonha permanece.
Mundinho
Quando eu não quero trabalhar, começo a resolver miudezas deixadas de lado (como revisar todas as fotos do Breviário, pra ver se não tem nenhuma repetida, o que seria um sacrilégio! :o) ou pensar no que eu adoraria fazer se tivesse todo o dinheiro e tempo do mundo.
Eu ainda não conheci tudo o que desejo no mundo. Conheço França e Espanha, e boas partes da Itália, Alemanha e Suiça.
Mas não conheço os Estados Unidos (e provavelmente só conhecerei aposentada e velhinha, porque o mundo ainda tem muito o que me dar antes dos Estados Unidos). Não conheço a Inglaterra, nem os Países Baixos. Adoraria visitar a Dinamarca, Suécia, Holanda. Isso sem falar nos países árabes e o Oriente.
É nessas horas em que eu vejo como a vida é curta. Porque antes de ver isso tudo meu maior desejo é caminhar com as meninas na nave central de Notre Dame, e encher a boca para dizer "Foi aqui que se passou a história do Quasímodo e da Esmeralda".
terça-feira, agosto 15, 2006
Colo
Minha mãe está aqui. Ela só me conta problemas (que eu nunca posso sequer ajudar a resolver) mas, sabe, é mãe. Só de dizer isso - "Minha mãe está aqui" - dá um conforto danado :o)
A criança, a jovem e a velha
Então ela começou a chorar lágrimas.
Quem devia estar chorando era eu, pensei.
Eu disse "Não chore." Ela perguntou "Por que não?" Como eu não sabia por que ela estava chorando, não consegui pensar em uma razão. Será que ela estava chorando por causa dos elefantes? Ou por causa de alguma outra coisa que eu tenha dito? Ou por causa dede alguma coisa a respeito da qual eu nada sabia? "Fico roxa facilmente quando me machuco", ela contou. "Lamento", eu disse.
[...] Surgiu alguém na porta da cozinha e deduzi que era o homem que estava gritando no outro cômodo. Ele só esticou a cabeça extremamente rápido, disse algo que não entendi e saiu caminhando. [...] "Quem era aquele?" "Meu marido." "Ele precisa de alguma coisa?" "Não me importa." "Mas ele é seu marido e acho que ele está precisando de alguma coisa." Ela chorou mais lágrimas.
Me aproximei dela e botei o braço ao redor de seus ombros, como o Pai costumava fazer comigo. Perguntei o que ela estava sentindo, pois é isso que ele me perguntaria. "Você deve achar isso muito esquisito", ela disse."Acho diversas coisas muito esquisitas", falei. Ela perguntou "Quantos anos você tem?" Disse que tinha doze anos - mentira nº 59 - porque queria ter idade suficiente para que ela me amasse.
"O que faz um garoto de doze anos batendo na porta de estranhos?" "Estou tentando achar uma fechadura. Quantos anos você tem?" "Quarenta e oito." "São Nunca. Você parece muito mais jovem." "Obrigada" "O que faz uma mulher de quarenta e oito anos convidando estranhos a sua cozinha?" "Não sei." "Estou sendo chato", falei. "Você não está sendo chato", ela disse, mas é extremamente difícil acreditar em uma pessoa quando ela diz isso.
Jonathan Safran Foer, "Extremanente alto & incrivelmente perto"
Editora Rocco, 2006
segunda-feira, agosto 14, 2006
Miudezas
Eu escrevo, escrevo, e publico nos rascunhos. E ali meus textos ficam - semanas, e agora meses, sem que eu tenha a coragem necessária para botá-los no ar, diretamente nos arquivos. Porque ninguém mais vai ler, mas eu sei que ele está lá. O texto que eu fiz para ele, mas não tive coragem de mostrar. Então eu mostro, escondendo no meio de outros, já meio amarelados, meio empoeirados.*
Choro não pelo que não tive, mas pelo que não terei. Provo mas sei que sempre será isso - apenas uma prova. Naquela mesa jamais terei o direito de sentar-me e me fartar. Nem mesmo beliscar a sobremesa. Nem saborear a cerveja preta. Ou me tornar sonolenta e promissora durante o cafezinho.
Gosto de andar pela rua olhando as crianças e vendo como elas encaram os adultos; tudo passa pelo rosto delas - principalmente as maiores. Desprezo, surpresa, repulsa, pena, admiração, nojo, gula, esperança, tédio. As crianças são ótimos seres humanos - antes que a alfabetização estrague com elas.
É um dom fazer a escolha errada. Enfiar a cara num trabalho que não dará nada - dinheiro, prestígio profissional. Apaixonar-se pelo homem errado - e deixar por dez anos aquele amigo louco por você mergulhado no suave banho-maria do amor fraternal. Rasgar-se pelo amor impossível, sofrer de vertigens só de olhar a altura do castelo que se construiu. Jogar-se da torre, às vezes, é necessário - mas é preciso ter certeza que há uma rede lá embaixo. Qualquer rede.
* E também apago muita coisa. Tantas coisas que o não-escrito termina por me fazer mal. Porque eu criei esse canto aqui exatamente para NÃO fazer isso.
sexta-feira, agosto 11, 2006
Inventário*
Eu tenho um imã de geladeira feito de biscuit.
Eu tenho todas as chaves que achamos na rua.
Eu tenho aquela receita de pão que sua mãe me deu.
Eu tenho dois ou três pares de meias furadas.
Eu tenho o primeiro almanaque do Cascão, da Abril.
Eu tenho um desenho feito de giz de cera, que não sei de quem era.
Eu tenho um adesivo do Bart Simpson.
Eu tenho uma revista que nunca mais vou abrir.
Eu tenho alguns cds que foram roubados.
Eu tenho um livro que nunca consegui acabar.
Eu tenho sangue tipo A, positivo.
Eu tenho dor de dente.
Eu tenho aflição de por a mão em gelo.
Eu tenho um gosto exagerado por canela e azeite.
Eu tenho alergia a lactose.
Eu tenho duas garrafas de Amarulla escondidas.
Eu tenho dois pacotes de pipoca de microondas em algum lugar.
Eu tenho cento e dezessete e-mails teus guardados numa pasta de nome engraçado.
Eu tenho vergonha de falar com sua tia depois do que aconteceu.
Eu tenho saudade do chão da tua casa.
Eu tenho uma vontade louca de ligar só para ouvir tua voz.
Eu tenho simancol suficiente para não fazer isso.
Eu tenho uma solidão danada me pegando de jeito.
Eu tenho uma dor me comendo por dentro.
Eu tenho andado a esmo.
Eu tenho um desespero, um medo...
Eu tenho uma história triste para contar.
Do Ronaldo Ventura, um machão cheio de delicadezas.
quarta-feira, agosto 09, 2006
terça-feira, agosto 08, 2006
...
Faz alguns poucos dias alguém me disse que eu sou "destrutiva".
Deve ser isso, mesmo. Porque estou sentindo uma escuridão e um frio n'alma insano. Principalmente pensando em quanto meu ex-marido é feliz com a namorada, morando em Ipanema e tendo duas babacas para criar as filhas dele - para ele e a namorada (ou "boadrasta", como ele adora chamar a dita) exibirem quando viajam nos fins de semana.
Deve ser isso, mesmo. Porque estou sentindo uma escuridão e um frio n'alma insano. Principalmente pensando em quanto meu ex-marido é feliz com a namorada, morando em Ipanema e tendo duas babacas para criar as filhas dele - para ele e a namorada (ou "boadrasta", como ele adora chamar a dita) exibirem quando viajam nos fins de semana.
Eu fui abençoada por Moacir Santos*
Ele está pra lá dos oitenta anos. Sofreu um derrame, não pode mais tocar e, vendo de perto, tem claras dificuldades para falar também. Não encheu o Sesc Pinheiros, mas conseguiu reunir adolescentes maconheiros e especialistas em música erudita na mesma sala por quase duas horas. Meio jazz, meio samba, meio música cubana, meio mistura de todos os ritmos deliciosos que arrepiam os pelinhos do braço. Juro, entrei num transe emocional absurdo quando a banda tocou Amalgamation.
Moacir está radicado nos Estados Unidos desde tempos imemoriáveis. No Brasil, quase ninguém conhece as perólas do cara. Ele mal acreditava ao ver a banda, ao ver nossos sorriso largos e as repetidas palmas que, junto com as seqüelas do derrame, o impediam de agradecer. Só soltou algumas humildes palavras, abençoando todos os que estavam no teatro. Dentro de um terno branco que só podia ter sido lavado com Omo, ele entrou para ser ovacionado. Conseguiu até cantar a última música e curvou-se timidamente, ainda não sei bem se para agradecer ou para mostrar-se agradecido.
* Da Lígia, em 19 de maio de 2005
Moacir está radicado nos Estados Unidos desde tempos imemoriáveis. No Brasil, quase ninguém conhece as perólas do cara. Ele mal acreditava ao ver a banda, ao ver nossos sorriso largos e as repetidas palmas que, junto com as seqüelas do derrame, o impediam de agradecer. Só soltou algumas humildes palavras, abençoando todos os que estavam no teatro. Dentro de um terno branco que só podia ter sido lavado com Omo, ele entrou para ser ovacionado. Conseguiu até cantar a última música e curvou-se timidamente, ainda não sei bem se para agradecer ou para mostrar-se agradecido.
* Da Lígia, em 19 de maio de 2005
...
"Não se faça de idiota". Existem inúmeras maneiras de dizer isso a alguém - e eu desprezo todas elas.
Alguém faz por mim
Tenho dois originais para ler; meus clientes me ligam e eu não atendo. Estou agora com uma gripe horrível, o corpo e o coração doloridos. Fui ali na esquina e não estou com a menor vontade de voltar tão já.
Mas eu preciso voltar, porque senão não haverá como pagar as contas no mês que vem.
Mas eu preciso voltar, porque senão não haverá como pagar as contas no mês que vem.
segunda-feira, agosto 07, 2006
...
Ela estava feliz hoje de manhã. E a lembrança que tem a seguir é ele torcendo o braço Dela até quase quebrar. "Pára, você vai quebrar meu braço! Larga!" E ele, em vez de largar, usou o punho Dela para lhe dar um soco no queixo. Os ouvidos zumbiram, os olhos de encheram de lágrimas. Ela ainda sentiu o pisão atrás do calcanhar. Juntou as coisas das meninas rápido, os porteiros dos edifícios e o vigia do prédio do seus pais vendo tudo. Ela catou de qualquer maneira a mala das meninas, os bichos de pelúcia, as bolsas, a bola de encher, e subiu.
E chorou, e sentiu muita dor. Abriu o catálogo e procurou "Delegacia de Atendimento à Mulher". Só duas: no Centro e em Senador Camará. Procurou na internet: "A delegacia do Centro mudará de local em breve". Ligou para os três telefones que estavam na página, e nada. Ligou 102. Mais um telefone e o endereço certo: Rua Visconde do Rio Branco 12.
Pegou um táxi - uma dor insuportável nos ouvidos e na mandíbula - e foi pra lá. Deu um número diferente, por vergonha de denunciar ao taxista que Ela tinha apanhado - e aí cabe a pergunta: por que sentir vergonha quando o agressor não foi Ela?
Os olhos ardendo, querendo chorar. A atendente loura, jovem, as unhas de um rosa bonito: "A senhora está ferida?" Não, Ela não está ferida. Não foi esfaqueada, não tem nada quebrado. Idade, profissão, estado civil, endereço, quem foi o agressor. "A senhora espere um pouquinho que já vai ser atendida".
Cinco minutos depois um investigador com uma cara de paisagem que está no lugar errado manda que Ela entre e começa a preencher, sem nenhuma intimidade com o programa, as lacunas no formulário já pronto da tela do computador. Tudo de novo: nome, endereço, telefone, dados da vítima e do agressor.
Procura o número certo do pretenso crime. Artigo 129, parágrafo 9º do Código Penal: lesão corporal. Está tudo registrado: o investigador será o detetive Luciano Coutinho Nascimento - pela aliança, casado, constrangido, esforçando-se para ser profissional e impassível, mas não insensível. Às 9h30m, encerra-se o registro: "A senhora tem que ir agora ao Instituto Médico-Legal para o exame de corpo delito. Fica nesse endereço: Rua dos Inválidos 152. Mas antes a senhora tem que passar na 5ª DP e pedir ao delegado que assine as duas vias do pedido de exame. Logo ali, na Gomes Freire".
O sol está esquentando e Ela vai andando, zonza ainda com a dor nos ouvidos e na mandíbula. Chega à 5ª DP: "Mas ele disse que vinha hoje. Não posso voltar depois, não tenho dinheiro nem pra comer". Quem atende é o Leonardo, está escrito no crachá: "Estagiário". Leonardo tem pena do semibêbado que procura um detetive (de destino ignorado). Pensa um pouco, puxa da gaveta um caderninho seboso de telefones, disca um número, nada. "Infelizmente o senhor terá que voltar na quarta. Venha na parte da manhã que ele deve estar por aqui." Deve, não estará com certeza. "Pois não?" "Preciso da assinatura do delegado nesses dois pedidos de exame de corpo delito". "O delegado não chegou; a senhora pode ir ali no prédio da Polícia Civil. Peça para falar com o delegado-dia".
E Ela vai. Sentindo dor, prestando atenção a tudo para não chorar. O velhinho de calças brilhantes e tênis modernoso sentado na entrada lendo jornal. Na delegacia-dia, um delegado atende o telefone: "Oi, não posso falar agora. Te ligo depois". Quando Ela apresenta os papéis, ele assina e puxa conversa: "Foi a primeira vez?" "Não", Ela diz. E ele quer falar que aquilo não pode acontecer, que Ela está agindo certo. "Tem filhos?" "Duas meninas". "Você está fazendo a coisa certa". Ele é bonito, esguio, olhos verdes, bronzeado. Ele sente pena Dela. "Não faz isso com você; você é jovem, é bonita, e ele é um covarde". Em qualquer tempo e espaço desse universo, ela se sentiria tão feliz em ouvir isso de um homem bonito! - mas ela só consegue dizer: "Você deveria trabalhar na Delegacia de Atendimento à Mulher".
Daí para o IML. Às 10h05, Ela entrega os papéis na portaria: "Identidade, por favor [...] Aguarde chamarem o seu nome." Vinte minutos depois, chamam o nome Dela. Mas não é Ela; é outra agredida com o mesmo nome, uma senhora gorda, idosa, com um sorriso inexplicável. Chega a vez Dela. "Quando foi? Deixou marca? Agora vá ali naquela salinha do lado da estátua."
Quem atende é a Cláudia. "Você vai falar o que aconteceu e eu vou ouvir". E Ela fala tudo, conta do começo. Do início, há quase dez anos. "Eu vou fazer algumas perguntas, é para a pesquisa que o estado faz sobre violência contra a mulher". E assim, Ela e ele são agora estatísticas da violência contra a mulher / Dados do Estado do Rio de Janeiro, ano-base 2006.
Ela sai com um monte de papéis. Na terça, vai comparecer ao Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência Sexual - mesmo não tendo sido violentada. O estado, por falta de verba, reúne o atendimento a todo tipo de violência contra a mulher num só lugar: Rua Regente Feijó 15, Centro. Atendimento às segundas, terças e quintas, das 9h às 16h.
Última recomendação: Ela tem que ser medicada num hospital público. Próxima parada: Souza Aguiar. Chorar na frente de Cláudia ajudou, mas a dor é insuportável. Ela sai do IML às 11h03. Pega um táxi para o Souza Aguiar. A fila para se fazer a ficha é interminável. Mesmo assim, ela entra na fila, mas sai 25 minutos depois. Vai tentar o posto de saúde perto da casa dos pais.
Outro táxi. O posto, no Catete, não tem aparelho de Raio-X. Quer tentar o Rocha Maia, em Botafogo? Eles estavam sem ortopedista na semana passada, mas quem sabe um clínico geral vê a senhora.
Ela sai, pega um ônibus e pára em frente ao prédio dos pais, onde tem uma confeitaria. Pede dois pães doces de chocolate. Sobe para o apartamento, faz um café e devora os dois pãezinhos. A dor diminuiu, mas o zumbido e a surdez parcial, não.
E Ela senta para escrever isso. São quase uma da tarde e Ela ainda não trabalhou. O celular registra, de um cliente, oito chamadas não atendidas e dois recados no correio de voz. Não pensou como será a audiência pré-marcada quando se faz um Boletim de Ocorrência de agressão doméstica. O que dirá às filhas. O que dirá o ex-marido na hora que receber a intimação. Ela não quer nem pensar no depoimento que escutou sem querer no IML, de uma mulher que, ao lado do filho de 12 anos, descrevia as agressões do marido bêbado.
"Que sorte eu tenho. Fiz tudo de táxi, me enchi de chocolate, o café que fiz foi um capuccino. Vou numa clínica particular ser medicada e fazer um Raio-X. Que sorte!"
É, que sorte.
domingo, agosto 06, 2006
...
Uma das coisas que mais me deixa feliz nesse meu cantinho é quando eu vejo que alguém clicou num título e foi lá ver qual é a do livro.
Coisa besta, né? Quem nem quando alguém te diz: "Sabe aquele filme que você me falou que era ótimo? A-do-rei!"
Coisa besta, né? Quem nem quando alguém te diz: "Sabe aquele filme que você me falou que era ótimo? A-do-rei!"
Simples assim
sexta-feira, agosto 04, 2006
History*
Written and composed by Michael Jackson, James Harris III and Terry Lewis.
He got kicked in the back
He say that he needed that
He hot willed in the face
Keep daring to motivate
He say one day you will see
His place in world history
He dares to be recognized
The fires deep in his eyes
How many victims must there be
Slaughtered in vain across the land
And how many struggles must there be
Before we choose to live the prophet's plan
Everybody sing...
Every day create your history
Every path you take you're leaving your legacy
Every soldier dies in his glory
Every legend tells of conquest and liberty
Don't let no one get you down
Keep movin' on higher ground
Keep flying until
You are the king of the hill
No force of nature can break
Your will to self motivate
She say this face that you see
Is destined for history
How many people have to cry
The song of pain and grief across the land
And how many children have to die
Before we stand to lend a healing hand
Everybody sing...
Every day create your history
Every path you take you're leaving your legacy
Every soldier dies in his glory
Every legend tells of conquest and liberty
Every day create your history
Every page you turn you're writing your legacy
Every hero dreams of chivalry
Every child should sing together in harmony
All nations sing
Let's harmonize all around the world
How many victims must there be
Slaughtered in vain across the land
And how many children must we see
Before we learn to live as brothers
And leave one family oh...
Every day create your history
Every path you take you're leaving your legacy
Every soldier dies in his glory
Every legend tells of conquest and liberty
Every day create your history
Every page you turn you're writing your legacy
Every hero dreams of chivalry
Every child should sing together in harmony
Com todas as esquisitices (e bota esquisitices nisso) ele sabia dançar, compor e cantar. Essa é dos bons, maravilhosos tempos. E não dá para desgrudar o ouvido. Não, mesmo.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Finesse
Quando as secretárias eletrônicas viraram coisa corriqueira, algumas pessoas começaram a ficar meio paranóicas em ser educadas nos recados - quer dizer, já é difícil você ser educada pessoalmente, imagina com uma máquina. Com a banalização do e-mail, o manual das boas maneiras da web se popularizou - maiúsculas querem dizer que você está gritando etc e tal.
Bom, essa roda cercando lourenço foi porque eu tenho uma conta no Gmail, que uso para trabalhar. Às vezes, quando vejo algum amigo ali no cantinho (uma bolinha verde avisa quando a criatura entrou em sua conta no Gmail) eu abro o chat - o Gmail tem um serviço como o MSN.
Pois uma coisa que me irrita é quando você está digitando uma resposta e a criatura manda um "Tenho que desligar" e fica instantaneamente offline. Ou seja, bateu o chat na sua cara.
É por essas e por outras que eu sinto saudades da boa e velha carta. Não se pode bater uma carta na cara de ninguém.
Ouviu, moço?
Bom, essa roda cercando lourenço foi porque eu tenho uma conta no Gmail, que uso para trabalhar. Às vezes, quando vejo algum amigo ali no cantinho (uma bolinha verde avisa quando a criatura entrou em sua conta no Gmail) eu abro o chat - o Gmail tem um serviço como o MSN.
Pois uma coisa que me irrita é quando você está digitando uma resposta e a criatura manda um "Tenho que desligar" e fica instantaneamente offline. Ou seja, bateu o chat na sua cara.
É por essas e por outras que eu sinto saudades da boa e velha carta. Não se pode bater uma carta na cara de ninguém.
Ouviu, moço?
Um cheirinho de...
A Demeter, fabricante de perfumes, lançou uma coleção de cheiros inusitados como Sexo na Praia, Serragem, Cannabis, Charuto, Cola em Bastão, Tinta a Óleo, Sushi, Vinil, Uísque com Tabaco, Massinha de Modelar, Marshmallow, Chicletes, entre outras. Cada unidade custa US$ 18,99.
Dica do Blue Bus. Para ver os outros perfumes, acesse aqui.
quarta-feira, agosto 02, 2006
Hello, Kate*
Hello Kate,
It's joe - we met at Andrew's party.
I hope you don't mind me getting your e-mail address from the e-mail that Andy sent to us all; it is a bit sneaky of me.
It was wonderful to meet you on Saturday, and I wonder if you would consider meeting me for coffee sometime; maybe at the Tate Modern?
OK. This is where my common sense is telling me to stop, keep it simple and positive joe.
And the probability of me listening to that voice? Experience has taught me that it is not worth putting up a fight; I will end up giving in to the part of me that never wants to find itself shaking its head and muttering 'if only'
This is the part where I throw caution to the wind; the part where I listen to my heart and remember that I should live my life as an exultation and revel in the opportunity to try; the part where I refuse to apologize for who I am; the part where I trust that the lady I met on Saturday night is, as I suspect, able to see sincerity where others would see clich.
I am fortunate enough to have been able to collect a number of special memories. They are memories of moments that made any struggle leading up to them worthwhile. They are memories of moments when I am struck by something so beautiful, time stands still and all of the ugliness in the world ceases to exist.
Your smile is the freshest of my special memories.
Regardless of whether we see each other again, I will use it as I do my other special memories. I will call on it when I am disheartened or low. I will hold it in my heart when I need inspiration. I will keep it with me for moments when I need to find a smile of my own.
I am unsure of all my motives for sharing this with you and, if I am honest, not ready to examine them too closely. However, I know that it makes me feel good to believe that maybe, if you are ever upset, knowing that I will be keeping your smile alive might help you through.
If you are half as intelligent and aware as I believe you to be, I am sure that you will find what I have written, in the very least, sweet.
If I am twice as lucky as I would dare to hope, you will find this note charming and agree to contact me and arrange a date.
Either way, I trust that your reply will be candid - you told me how much you value honesty.
One last thing, I promise that it is enormously rare for me to stray as far from sobriety as I managed on Saturday night.
Be safe. Joe
*Esse convite, feito por e-mail, foi repassado por Kate à sua irmã, que o achou tão lindo que o mandou a amigos, que o repassaram à sua lista de contatos... e a carta de Joe rodou o mundo. É o principal assunto de sites e blogs do Reino Unido. Joe não ficou com Kate, mas recebeu um bocado de propostas - centenas, vindas principalmente dos Estados Unidos e da Austrália.
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