Ele está pra lá dos oitenta anos. Sofreu um derrame, não pode mais tocar e, vendo de perto, tem claras dificuldades para falar também. Não encheu o Sesc Pinheiros, mas conseguiu reunir adolescentes maconheiros e especialistas em música erudita na mesma sala por quase duas horas. Meio jazz, meio samba, meio música cubana, meio mistura de todos os ritmos deliciosos que arrepiam os pelinhos do braço. Juro, entrei num transe emocional absurdo quando a banda tocou Amalgamation.
Moacir está radicado nos Estados Unidos desde tempos imemoriáveis. No Brasil, quase ninguém conhece as perólas do cara. Ele mal acreditava ao ver a banda, ao ver nossos sorriso largos e as repetidas palmas que, junto com as seqüelas do derrame, o impediam de agradecer. Só soltou algumas humildes palavras, abençoando todos os que estavam no teatro. Dentro de um terno branco que só podia ter sido lavado com Omo, ele entrou para ser ovacionado. Conseguiu até cantar a última música e curvou-se timidamente, ainda não sei bem se para agradecer ou para mostrar-se agradecido.
* Da Lígia, em 19 de maio de 2005
terça-feira, agosto 08, 2006
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