terça-feira, agosto 29, 2006

Cai do céu



Em dias de chuva parece que nada funciona - e não estou falando de sinais de trânsito. O sono demora a ir embora de manhã. Em compensação, o relógio sai numa correria desabalada. Você ju-ra que dormiu mais cinco minutinhos, só, mas ele está dizendo que foram 40. E eu sei que ele é um mentiroso de marca maior. Feio e mentiroso.

Os táxis, descobre-se em dias de chuva, são solúveis em água, assim como a educação dos motoristas e os fechos das janelas dos ônibus. As pedras portuguesas das calçadas tiram o dia para brincar e mergulham todas elas em poças - não há UMA calçada que não esteja seca, sem nenhuma lagoa suja no meio.

Os dias de chuva servem pra namorar. Pra curtir os filhos. Para ver televisão. Para comer tudo o que se proíbe em dias normais - chocolate, doce, torta, café com açúcar, chá com creme de leite. Os dias de chuva servem para botar a leitura em dia - mesmo que seja uma página só, antes de a preguiça chegar. Dia de chuva rima com edredom. Com camiseta-velhinha-do-amado, meia de algodão, Alice no País das Maravilhas às três da tarde. Rima com lanche (ou merenda!), com sonhos de goiabada e queijo quente. Revistinhas em quadrinhos, travesseiro fofo e meia hora de beijo.
Chuva não rima com sapatos molhados atrás da geladeira ou meias secando no HD do computador. Não rima com trabalho, tarefas, vento gelado ou casaco úmido.
Dias de chuva combinam com amor, aconchego, carinho. Dias de chuva são para eles, os sempre de mau humor - e não para nós, adeptos da brevidade das horas.
Não é?

3 comentários:

anouska disse...

por essas e por outras é que eu resolvi matar a aula da PUC e ficar em casa, no quentinho, assisitndo sessão da tarde com o gui...

Lys disse...

Ah, querida, nem me fale!

Gioconda disse...

As vezes penso que não pertenço a este mundo louco! E que realmente dia de chuva é pra tudo isso aí!
bjs