sábado, julho 23, 2005

Devaneios postais

Quase ninguém que me conhece pessoalmente sabe que tenho o Breviário. Ou seja, eu sou aqui quem eu realmente sou. Não a Fulana sociável, a mãe que deixa as crianças na escola, a profissional que bate ponto de nove às sete. Eu sou, na verdade, a Suzana: passional, com desejos, frustrações, raivas, fraquezas, defeitos. Nem meu ex-marido sabe que eu escrevo aqui. Ele, provavelmente, não entenderia nem um terço dos textos - porque somos, primariamente, egoístas, e jamais passaria pela cabeça dele que muito do que há aqui é efeito, e não causa.
Escrevo isso para explicar outra coisa, a real razão desse post: algumas pessoas me escrevem comentando o que escrevo. E aí começa uma troca de mensagens que para mim é tudo, como a adolescente que um dia recebe carta. É o preenchimento de uma parte de mim que anseia por amigos que não sabem de onde vim, não fazem idéia de quem é meu e-marido, não conhecem nada a meu respeito - nem meu verdadeiro nome - mas que perdem uma parcela de tempo de suas vidas para me mandar algo.
Sim, eu sou extremamente carente de contato, de amizades. Duas amigas que me são muitíssimo caras são blogueiras, e eu as conheci graças a internet. Uma delas eu anseio dar o mais longo, o mais forte e o mais apertado dos abraços quando pisar no chão de Florianópolis.
Eu tenho, por opção, pouquíssimos amigos. Eles são, em verdade, aqueles com quem eu divido coisas que até mesmo com minha família eu não falo. Diferentemente de colegas - as pessoas que eu chamaria para almoçar, por exemplo - eles me conhecem muito bem. A eles eu dei o endereço do Breviário. Porque eles sabem que eu sou exatamente a pessoa que está aqui, assim como vocês que não me conhecem pessoalmente, mas lêem o que de mais profundo eu tenho.
Por ser eu mesma, no mais puro estado, é que eu tanto prezo aqueles que me escrevem. Troca de mensagens pode ser, como muitos pensam, uma maneira de ter sexo fácil, excitação no mais alto grau. Pode até ser. Mas quando vejo o domínio raynersoftware.com, ou vejo que alguém na França ou na Itália me visitou, aqueço meu coração - eles sempre vêm, sempre me acompanham, silenciosamente. Quando encontro na caixa de entrada pessoas como Paulo, Laerte, Fernanda, Adriana, Felipe, Maura, Miranda ou Rita - e especialmente mensagens de Sérgio e de uma certa flor que anda tendo entreveros palpitantes com uma lata de lixo - nossa! ganho o dia!
É, você acertou: estou me sentindo muito, mas muito sozinha.

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