sexta-feira, julho 01, 2005

Castelinho

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A minha imaginação infantil sonhava, romanescamente construía, mil aventuras amorosas, que aliás todos vivem. Pois bem: nunca me vi ao fantasiá-las, como existindo-as mais tarde. E até hoje eu sou aquele que em nenhum desses episódios gentis se encontrou. Não porque lhes fugisse... Nunca fugi de coisa alguma.
Entretanto, na minha vida, houve certa situação esquisita, mesmo um pouco torpe. Ora eu lembrava-me muita vez de que essa triste aventura havia de ter um fim. E sabia de um muito natural. Nesse contudo, nunca eu me figurava. Mas noutro qualquer. Outro qualquer, porém, só podia dar-se por meu intermédio. E por meu intermédio - era bem claro - não se podia, não se devia dar. Passou-se tempo... Escuso de lhe dizer que foi justamente a "impossibilidade" que se realizou...

Maria Aliete Galhoz, "Mário de Sá-Carneiro"
Coleção Vida Pensamento Obra
Editorial Presença - Lisboa, 1963

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