sábado, agosto 13, 2011

Day 4: The first book that made you cry



Dia após dia, uma adolescente chinesa e um jovem soldado japonês encontram-se na Praça dos Mil Ventos para uma árdua partida de go. O ano é 1937. Tropas japonesas invadem a Manchúria, e o soldado recebe a missão de, disfarçado, procurar espiões da resistência entre os jogadores que desde a alvorada se reúnem na praça.
Os dois pouco se falam. Durante o exercício quase estético que é a partida, perscrutam as almas um do outro através do movimento dos peões sobre o tabuleiro. Fora dali, suas vidas são peões em campos opostos, à mercê da empresa militar. A chinesa, ignorando estar diante do inimigo que dissemina a morte entre o seu povo, encontra na partida retomada diariamente a fuga de um cotidiano que parece estar prestes a desintegrar. O japonês, verdadeiro samurai treinado para morrer pela honra de se imperador, encontra na oponente o alento da diferença, ele que não consegue amar e satisfaz entre prostitutas o corpo castigado.
[...] Se este romance fala da brutalidade humana e do sofrimento imposto pela guerra, é também uma homenagem à beleza das coisas simples, à liberdade do amor e ao espírito de juventude que se lança adiante sem olhar para trás – girando, assim, a engrenagem do mundo.

Orelhas do livro "A jogadora de go", de Shan Sa
Tradução e orelhas de Adriana Lisboa
Editora Rocco, 2004


Um dos mais belos livros que já li na vida - numa tradução primorosa de Adriana Lisboa (consegue-se ver o talento dela em cada escolha de palavras vertidas para o português). Não dá nem pra postar um trecho: se você quer ler tudo num fôlego só (como eu fiz) qualquer pedacinho é um spoiler sem tamanho.

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