terça-feira, junho 30, 2009

Vieste, retornaste



Não sei se felicidade é a palavra certa – é mais como uma energia positiva. É impossível simplesmente desistir. Para mim foi uma necessidade [esta mudança de olhar]. Mas as coisas evoluem como grandes ondas, uma peça surge de uma maneira e, depois, sem eu saber bem como, a seguinte já vem numa onda diferente. Mas é-me difícil falar do que será neste momento. Talvez um pouco de ambos. É difícil falar de certas coisas. Como é que se pode falar deste desamparo que temos no mundo? O que é que fazemos com isso? Carregamos isso, esses sentimentos tão presentes. E há uma grande necessidade de gastar emoções. Não é só felicidade. É também o oposto disso. Mas em todo o meu trabalho há coisas tão diferentes. Vai-se muito fundo, mas depois volta-se. E há o humor – nunca gostei de peças que se desenrolam num só nível; o ambiente das minhas está sempre a mudar, com o fim sempre em aberto.
Eu também não sei. Há mais perguntas que respostas. Há muitas perguntas.

Pina Bausch em entrevista ao jornal Público, caderno Ípsilon, 2 de maio de 2008. Foto de Atsushi Iijima.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só para agradecer e mandar um abraço virtual bem forte pelo apoio que vc tá dando lá nos comentários do Amálgama. Obrigada mesmo.

Ana Cecília Moura disse...

Felicidade para mim tb não existe; só essa "energia positiva" a que Pina se refere. E concordo que viver num só nível deva ser sofrível - quem está dizendo é praticamente uma bipolar. rsrs
Belíssimas palavras. Essa aí vai fazer falta.