sexta-feira, junho 26, 2009



Quando eles morrem, acabam levando um pedacinho da gente com eles - da nossa infância, da nossa adolescência. Mesmo que a gente nunca mais tenha prestado atenção neles, não interessa: eles estavam lá, e era o que bastava.

Da concorrência na escola pra ver que menina tinha o cabelo mais parecido, mais revolto, mais igual - e as louras esnobavam a imensa maioria morena, que corria por fora no quesito "dentes mais brancos & certinhos". E quando se descobriu que o sobrenome dela significava "torneira", rá! Então ficou a moda dos pingentes em forma de torneirinhas douradas, vendidos a rodo nas Lojas Americanas.



Das festas onde sempre tinha alguém que sabia fazer os passos, igualzinho. Das fitas cassete gravadas em domicílio, à custa de pedidos suplicantes para que não se fizessem ruídos pela casa, a agilidade de dar stop ou pause no momento certo - sem cortar a música ou deixar silêncios desnecessários, onde sempre se ouvia alguém tossindo ou um cachorro latindo ao fundo. Tesouros que passavam de mão em mão, porque o LP duplo era caro, muito caro.

E a gente vai ficando por aqui, se sentindo cada dia mais velho ao ver Hanna Montana se requebrando toscamente no palco, de peruca loura e cara amassadinha de pré-adolescente, esganiçando músicas sobre o nada.

"Quem morreu, hein mãe?"

Minha juventude, filha. Lenta mas inexoravelmente, minha juventude.

5 comentários:

Adrina disse...

Ai, doeu mais agora. Apesar de eu já ter pego o MJ nos anos 80, e assistir às Panteras só em reprise no TCM, parece que um pedaço da gente foi embora, mesmo.

Manu disse...

Era bem assim mesmo, bem assim...
Acredita que ainda tenho algumas destas fitas?!

Ana Cecília Moura disse...

{suspiro} Compartilhando a nostalgia... Conseguindo até sentir o cheiro do passado! Putz, e olha que mal entrei nos 30. Coisas de quem sofre de velhice precoce!
Mandei um email!
Bjs.

vera maria disse...

Muito bom, suzana,texto forte e comovente.
abraço,
clara lopez

Anônimo disse...

Você escreve tudo o que eu sinto. Ou será que eu sinto o mesmo que você. Nos vivemos separados os mesmos anos, as mesmas musicas os mesmos idolos. Tuas palavras fazem meu ser vibrar, ecoam dentro de mim e me fazem querer mais. Leio tuas palavras avidamente, sorvo cada imagem que você descreve , cada pensamento que brota de você como se fora a última gota d'agua no meio do deserto.
Obrigado pelos momentos de emoção.