sexta-feira, setembro 30, 2005

Africae

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[Suzana], querida;

[...] Entre gnus e rinocerontes, sobrevivo só pensando que, em algum lugar deste planeta, não chove. Aqui há verdadeiras torrentes que inundam tudo. Só para depois descer um calor insuportável e subir um nevoeiro que, pelo menos, espanta os mosquitos.
Tudo bem? Cintia e Roberto vieram ao acampamento há duas semanas. Hoje estou na casa do administrador do parque, e quase não acreditei quando encontrei minha caixa postal com a capacidade quase estourada. Digo isso para te pedir um favor: liga para a minha mãe. Como é aquela história? "Quando Deus se deu conta que realmente não poderia estar em todos os lugares, inventou a mãe judia". É isso. Ela está à morte, achando que vou ser comido por um leão.
Por falar nisso, assim que cheguei aqui tive a oportunidade de tratar de um. Ou melhor, não consegui fazer nada: o bicho estava tão mal que só pudemos sacrificá-lo. É duro ver o quanto se é impotente no meio dessa terra. Aliás, esqueci de dizer. Se parar de chover ao menos três dias, no fim aparecem aquelas florzinhas redondas (tá muito gay essa conversa ;-) e o vento sopra e a impressão que se tem é de que está nevando. [...]
Saudades, moça. Se Deus quiser estou aí em dezembro.
Do teu Daktari de araque, beijoca nas três meninas
Felipe

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