domingo, agosto 14, 2005

Estupro

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Como em outros lugares, as coleções florentinas haviam sido enviadas para refúgios no campo.Em 1940, a antiga quinta dos Médici em Poggio a Caiano e dois outros palazzos foram requisitados a logo depois estavam cheios de grandes obras. A estátua eqüestre de bronze de oito toneladas de Cosimo I de Médici foi desmontada e, muito apropriadamente, transferida da Piazza della Signoria para os jardins de Poggio num carro puxado a quatro bois. A viagem levou dezesseis horas; em certo momento, a estrada de terra precisou ser escavada para que as orelhas do cavalo passassem debaixo de uma ponte ferroviária.
No total, outros dezoito refúgios foram criados, alguns em quintas particulares pertencentes a florentinos famosos, outros em edifícios como o oratório de San Onofrio em Dicomano, onde as principais esculturas do Bargello e do Duomo ficaram abrigadas.

Lynn H. Nicholas, "Europa saqueada - O destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial"
Companhia das Letras, 1996

Há muito que eu tenho esse livro, mas só agora comecei a lê-lo. E fica-se estarrecida com a quantidade de obras que se perderam, que foram destruídas, que devem estar apodrecendo no fundo de uma mina ou no sótão de um casarão em ruínas. Há imagens dolorosas, como uma Madona de Bruges embrulhada com toalhas de renda e cortinas para ser levada pelos alemães até o mar de cinco mil sinos saqueados de toda a Europa aguardando triagem em Hamburgo.
Não achei a imagem da edição brasileira, mas subi a da edição americana (ambas são iguais) porque essa foto sempre me impressionou. Feita em 1940 por René Huyghe, então curador-chefe do Louvre, mostra uma das galerias saqueadas pelos alemães: as paredes nuas, as molduras pelo chão.

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