sábado, agosto 13, 2005

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Deitada na cama, sentindo uma dor miserável, pensei muito em minhas filhas. Na vida que tenho levado, em todos os problemas e responsabilidades. Nas vezes em que, cegamente, descarreguei minha frustração, solidão e angústia em Zé Colméia, e chorei ao lembrar do olhar assustado ante a mãe que ela via transformar-se numa besta histérica na frente dela. Chorei de vergonha e remorso. Liguei para ela e perguntei: "Você me ama?" "Sim, eu te amo, mamãe" "Muito ou pouco?" "Do tamanho do céu".
Pensei no tempo que está passando, e que eu sinto que estou desperdiçando sem que eu possa fazer alguma coisa para reverter isso. Nos dias em que chego a trabalhar 18 horas para aliviar um pouco o orçamento, sempre no vermelho, sempre no negativo.
Pensei em mim mesma jovem, sorridente, me achando invencível, durona, aquela que ninguém derrubaria, com um futuro brilhante pela frente.
Pensei em como alguém se aproximará de mim, cheia de problemas, tristezas, melancolias, cheia de nós.
Pensei em como eu sempre fui só, como sempre me fechei quando as coisas apertavam e o que se ouvia era só "isso não é problema meu", pessoas em que eu confiava e que me viraram as costas, fingiram que nada estava acontecendo e se foram, sem dizer uma só palavra.
Pensei em quando essa dor vai embora, mesmo depois de eu sarar. Se é que ela um dia vai me abandonar.

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