terça-feira, agosto 30, 2005
Como todos os dias
Um calor insuportável, eu tendo que achar tudo normal, do ataque histérico da chefe aos peixes do aquário do escritório que estavam apodrecendo junto com a água - a ordem era cortar gastos, e a dona da agência resolveu que pagar R$ 25 por mês para limpar o aquário podia levá-la à falência. Eu, como sou cretina, idiota e burra, paguei R$ 80 para que toda a água do aquário fosse trocada, os peixes limpos, a areia do fundo trocada e as plantas, desencardidas. E agora, como se não bastasse o nada que tenho para fazer, ainda estou procurando uma alma caridosa que dê um lar para aquela meia dúzia de oito peixes.
Chegamos em casa, Zé Colméia virou três copos de suco de uma vez e apagou. Catatau, como sempre, pediu o lanche da noite - e não importa que ela tenha jantado feito soldado em acampamento militar na Amazônia 45 minutos antes: o biscoitinho é sagrado. Dei banho nela, arrastei Zé Colméia dormindo para a banheira e, depois que ambas, fresquinhas e perfumadas, já estavam deitadas, Catatau passou as mãozinhas do meu pescoço, onde já começaram a aparecer as manchas roxas, e soltou num fiapinho de voz:
- Deixa que eu curo, mamãe. Não vai mais doer, eu prometo. Só não pode chorar mais, tá? Porque eu te amo dessssse tamanho!
E me abraçou, naquele abraço gordinho só dela. E eu chorei, claro. E, olhando aquelas mãos pequenas e rechonchudas, pensei no menininho holandês e seu dedinho tapando o vazamento de um gigantesco dique.
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Um comentário:
Olá, Suzana! Meu nome é Rafael Castro, sou jornalista da TV Record de São Paulo. Estou fazendo uma reportagem e, lendo o seu blog, acho que você pode me ajudar. Se possível, por favor, me mande um e-mail: racastro@sp.rederecord.com.br.
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