segunda-feira, julho 28, 2008

Teve, mas acabou

Dia 21 de julho veio e largou na minha porta mais um ano. Tão indolor que nem senti. Tão sem importância que nem comemorei. Tão rápido que quase me esqueci.

42 anos. Tô velha.
Afe.

Sin olvidar de lo estômago, jamás!

(Catatau no bondinho do Pão de Açúcar):

- Mãe, que montanha é essa?
- Pão-de-açúcar.
(...)
- Mãe, onde é a montanha Algodão Doce?

Fim dos tempos é...

... seu ex-marido (aquele que não perde a oportunidade de te sacanear) mandar por e-mail convite para você participar da comunidade virtual de amigos dele.

Oi?

sábado, julho 05, 2008

Há sete anos



- Mamãe, posso comer mais um docinho?
- Só mais um, filha, você comeu três, já. Vai ficar com dor de barriga.
- [...]
- Tia C, posso comer mais um docinho?
- Claro, querida, olha aqui.
- [Nhoc, nhoc, nhoc] Fulana, posso pegar mais um docinho?
- Ué, cadê a sua mãe? Ah, sim, pode sim. Abre a mão.
- [Nhoc, nhoc, nhoc] Por favor, a senhora pode me passar mais um docinho daquele ali?
- Nossa, que gracinha que você é! Toma, abre a mãozinha, assim. Bom, né?
- [Nhoc, nhoc, nhoc] Dá licença de eu pegar mais um doce? Obrigada!
- [Nhoc, nhoc, nhoc] Peraí, moço! Abaixa a bandeja, por favor, que eu não alcanço! Ah, obrigada.
- [Nhoc, nhoc, nhoc] Oi, Beltrano, você pode pedir pra sua mãe mais um docinho? Os que tavam nas bandejas acabaram. Acho que tem mais na cozinha, né?

Alguém tem que ser retirado do recinto: a comida ou Catatau. E ela achou, com aquele jeito gordinho e fofo, uma maneira de, sem que eu veja, conseguir mais um docinho aqui, mais uma comidinha acolá. Mas tudo tem um preço: ela começou a perceber que a gastrite que desenvolveu comendo porcarias na casa do pai cobra um preço alto a cada comilança. Então, o jeito foi tornar-se uma gastrônoma de primeira - só come o que vale a pena ser comido.

Tudo bem que, de vez em quando, aquele amendoim vagabundo tem vez mas... Fazer o quê? A vida é cheia de surpresas, e uma dama não comenta que a irmã ainda tropeça na hora de amarrar o sapato e ela, não. Que a mãe enfia um Sonho de Valsa inteirinho na boca, e ela não. Que ela tinha piolhos - cedidos gentilmente pela amiguinha do lado, que mantém a sangue tipo A um verdadeiro criadouro na cabeça. Fina como ela é, Catatau passa Kwell no cabelo e a inspetora comenta que a cabeça dela está com um delicioso aroma de lavanda. E, pior, está mesmo.

A paixão da hora são fadas. Sininho na cabeça, outras fadas correndo por fora. Porque magia nunca faltará na vida da minha Catatau. Ela é capaz de ver uma luz maravilhosa sobre o pátio da escola quando estamos com os sapatos em estado pré-mingau em plena tempestade. Ou dizer que meu colo é tão quentinho que ela se sente dentro de um ninho, rindo pra ela mesma ao se imaginar um passarinho - mesmo que as entranhas estejam sendo devoradas pela dor da gastrite.

Ela começou a ler e a escrever esse ano. E um novo mundo se abriu para ela. Em seus olhos não existe mais aquela pureza que a ignorância intocada das crianças que ainda não foram alfabetizadas têm. Ela, de um dia para o outro, cresceu. Entrou no mundo civilizado das letras, dos livros, da escrita. Chegou ressabiada, e ainda não se sente confortável para abandonar de vez a risada de bebê que não deixa um cidadão sério no vagão do metrô, ou as mãos cheias de furinhos que passam com maestria o gloss depois do almoço ("Porque mãe, você sabe, quem não tem brilho não tem nada"). Ainda bem.

Eu olho minha caçula e não canso de me lembrar que, pressionada pelo meu ex-marido, quase ela foi-se antes mesmo de chegar. Olho a elegância surpreendente com que ela dá estrelas e maneja a fita como ninguém nos treinos de ginástica rítmica e penso quão acolhedor seria o mundo se cada família tivesse sua Catatau. Se cada casa dispusesse de uma garotinha doce, gulosa, generosa, sorridente, carinhosa - com a luz cálida e imensamente feliz da minha menina.

Feliz aniversário, querida.

...

Minha vida é um eterno plano b.

quinta-feira, julho 03, 2008

No bat words

































Nunca vi um filme com tantos cartazes de divulgação - um mais bacana que o outro. Não, não me conta nada. Não quero saber. Não quero ler nada, nem ver trailer nenhum, nem escutar nenhum comentário sobre o filme. Quero ser absolutamente surpreendida. Lálálálálálálálá!!!! Não tô te ouvindo! Lálálálálálálá!!!

terça-feira, julho 01, 2008

Olympia



Em 1972, Bruce Kennedy estava em Munique integrando a delegação da Rodésia que iria disputar os Jogos Olímpicos. Às vésperas da festa de abertura, Kennedy e seus companheiros receberam a notícia: por causa da política de segregação racial adotada no país, a Rodésia estava expulsa dos Jogos Olímpicos de Munique. "Haverá uma outra oportunidade", pensou Kennedy, um lançador de dardo de razoável talento.

Em 1976 repetiu-se a cena do mesmo quadro: Kennedy treinou e se preparou para os Jogos de Montreal, classificou-se na seletiva, mas dessa vez nem chegou a viajar. A Rodésia estava excluída do movimento olímpico.

Em 1977 Kennedy se mudou para os Estados Unidos. Três anos mais tarde, já naturalizado cidadão americano, classificou-se com um dos três dardistas da delegação. Pela terceira vez o destino impediu-o de participar dos Jogos, dessa vez porque os americanos resolveram boicotar os Jogos em Moscou.

Bruce Kennedy adiou seu sonho, mas não desistiu. No dia em que começaram as competições de atletismo das Olimpíadas de Los Angeles, ele estava no Coliseum. Era o porteiro do estádio.

Maurício Cardoso, "De Atenas a Atlanta - 100 anos de Olimpíadas"
Editora Scretta, 1996

segunda-feira, junho 30, 2008

...

Sabe, eu nunca pedi nada aqui, mas às vezes a gente tem que deixar o orgulho de lado.
Se você trabalha na secretaria estadual de Saúde ou conhece alguém que trabalha: o câncer do meu pai voltou e o medicamento que ele tem que tomar (Zoladex LA 10.8) custa R$ 1412,00 a caixa. O estado fornece o medicamento, mas é preciso cerca de dois meses de espera até chegarem as primeiras ampolas. Aos 73 anos, acredito que procurar uma cadeira confortável não seja o bastante.

O procedimento: passar por um hospital da rede pública para obter o número de prontuário. Levar todos os exames que se tem. Explicar a situação e pedir 4 vias para Solicitação de Medicamentos Especiais (SME - eles têm no hospital) indicando a quantidade necessária de ampolas, uma receita pra cada mês que será utilizado e um laudo médico explicando o seu caso para justificar o medicamento. Separar seus documentos: identidade, CPF e comprovante de residência com cópias. Juntar com as vias SME, as receitas e o laudo e levar na Rua México 128/4º andar, no centro do Rio. (atendimento de segunda a quarta das 9h às 11h). Eles retêm os documentos por quinze dias e marcam o retorno, cujo atendimento é de 11h às 15h. O medicamento é liberado (SE o pedido for aprovado) em 30/45 dias.

Dicas e informações serão bem-vindas.
Obrigada de coração.

sábado, junho 28, 2008

Das 9h às 18h



Argola, quadrilha, pescaria, mão no balde, quadrilha, escorrega, quadrilha, pula-pula, prisão, correio-do-amor, quadrilha.

Espetinho de carne, espetinho de frango, paçoca, salsichão, queijo coalho, paçoca, farofa, canjica, cocada preta, cocada branca, milho verde, pipoca, cachorro quente (com batata pálida), quebra-queixo, queijadinha, cuscuz, tapioca com coco, paçoca, bolo de milho, paçoca, bolo de laranja com goiabada. Ah, e paçoca.

Festa junina. Tô podre.

Anh, oi, as meninas? Que... meninas?
Ah, sim, AQUELAS meninas. As minhas filhas.
Sim, as meninas se divertiram e comeram, também.
Eu acho.

quinta-feira, junho 26, 2008

Cínica ternurinha



O moleque é até bonitinho, e você faz charminho pra ele - vocês estão no primário (é, sou do tempo do primário. Whatever). Mas ele começa a ficar grudento e acaba virando um maaaala, tadinho. Um saco.

Aí você termina o colégio e ele lá. Grudado. O cara então desiste, sai da sua vida e você, anos depois, fica pensando a injustiça que é não ter o dom da premonição lá entre os cromossomos 26 e 38. A gente pode até ser cínica mas a vida é tããão injusta, né não?

Quem é o guri? Adivinha.

quarta-feira, junho 25, 2008

...



Se meus olhos te incomodam quando te olho de frente, não me importo de arrancá-los e amar-te cegamente.

Mário Sá-Carneiro

(in "Diário de um fescenino", p. 248
Rubem Fonseca, Companhia das Letras, 2003)

terça-feira, junho 24, 2008

Sempre



É natural que tenhas medo que te apanhem. A guerra continua tão estranha. Dum dia para o outro, já não sabemos que esperar. Tomamos os comprimidos, como todos os outros, só que o efeito é o contrário do que pretendemos. Nós queríamos ser felizes.
Ninguém nos acompanha nisto. A noite desce como um pano. As pessoas desaparecem, como se fossem para casa. Não temos maneira de saber o que está certo.

Dou-te as flores de onde vim, que vieram comigo, que atravessaram o mundo não se sabe bem porquê. Os teus olhos continuam iguais. É preciso insistir. Não fazemos diferença um do outro. Percorremos distâncias enormes, junto dos faróis e dos comboios, com a música muito alta, sem dizer nada que nos interesse. Não nos conhecemos. Nunca seremos interessantes. O carro precipita-se em vez de nós. A paisagem substitui as nossas caras.

Eu gostaria tanto de amar-te. Quando te tomo nos meus pensamentos, vai a noite escura ao largo da gente e das árvores, e eu penso que a minha alma te pertence. Pudera eu, meu amor, ou lá o que és, que pudesse pertencer a alguém.

Miguel Esteves Cardoso, "O amor é fodido"
Assírio & Alvim Editora, Lisboa, 1994.

...

Tem dias em que a gente precisa muito conversar. Só isso, conversar antes que dê a louca e dispamos a pele e deixemos a alma passear em dor por aí.
O MSN ligado e vazio, nenhum palavra nas caixas de comentários, e-mails de dias atrás e um pudor fenomenal de passar a mão no telefone e ligar para alguém.

Deus me salve da autopiedade.

segunda-feira, junho 23, 2008

Instinto assassino

Você deseja do fundo de sua alminha que alguém, em algum lugar, faleça em dor lenta e muito sofrimento quando:

* Tosta o dorso da mão no forno e, enquanto sente uma gigabolha se formar, encontra no armário do banheiro a caixa do remédio contra queimaduras. Vazia.

* Prepara tudo para assistir ao último capítulo da última temporada da série que você jamais perdeu nenhum episódio - e falta luz nos 15 minutos finais.

* Enrola, enrola, enrola pra tomar banho e lavar o cabelo porque está um frio desgraçado - e falta luz nos primeiros 15 segundos de chuveiro, e o cabelo imundo já tá encharcado, metade cheio de xampu.

* Chega em casa morta de fome, sonhando com aquelas duas últimas fatias de rosbife que você escondeu láááá no fundo da geladeira - mas alguém foi mais esperto que você.

* Faz compra do mês e, na hora de pagar, descobre que seu cartão de débito ficou na outra bolsa. E você tem exatos R$ 0,74. E não pode tirar dinheiro porque os bancos já fecharam.

* Depois de uma viagem de quatro dias de carro, vomitando o cérebro, a barriga de 17 meses de gravidez pesando um absurdo, descobre que a passadeira comeu a única coisa que faz passar seu enjôo - os caquis maravilhosamente maduros que sua mãe colhera nos estertores da estação e tinha deixado na sua casa. E a &%$@#*&+%$ ainda te diz depois: "Ai, que caquis maravilhosos! É por isso que fazem passar o seu enjôo! Cortei tudinho, botei numa bacia e fui comendo e passando a roupa, comendo e passando a roupa..."

* Começa a fazer o bolo, todos os ingredientes na mesa, e se dá conta que a caixa de ovos não está tão cheia assim - sua empregada comeu todos de uma vez. E deixou só um. E o bolo leva dois. E você já misturou toda a massa. E é domingo à noite. E seu vizinho não está em casa. O que não faz diferença, porque ele não gosta de ovo.

* Você trabalhou quatro dias seguidos, madrugada adentro. Às quatro da manhã do quinto dia liga para a cooperativa de táxi e a operadora manda um "BOM-DIA!!!!!!!!!!!!!!" direto no seu cérebro, torpedeando o que restava do seu humor. Que de bom já não tinha mais nada.

* Com duas filhas pequenas, pede arrego e contrata uma empregada. Ao sair de manhã, a casa pós-tsunami, dá instruções à dita de como gosta que o banheiro seja lavado - e você descobre ao chegar em casa à noite, com duas crianças famintas e um marido relaxado, que foi exatamente o que ela fez. Lavou o banheiro como você queria. E não fez mais nada.

* Por exigência do (possível) novo cliente, você tem que marcar a reunião num lugar tipo divisa entre Poconé e Pariangaba. Chove tonéis industriais, e você torra um quarto do dinheiro que não tem em dois táxis, que é pra não chegar (muito) atrasada. Espera 40 minutos no lugar combinado, liga para a criatura que está esperando e ela manda um "Pois é, vamos ter que remarcar".

* Faz de tudo pro cara te notar - até macumba - e nada, e 15 anos depois encontra com ele e ouve o dito confessar que arrastava um trem por você. Devia ter se jogado na frente, pra deixar de ser burro [e cego].

sexta-feira, junho 20, 2008

Há nove anos



- Batata pálida, mãe.
- Ãhn? O quê?
- Batata pálida, mãe. Não esquece da batata pálida.
- [...]
- Alô, mãe? Batata pálida! Pra botar no cachorro-quente! Acorda, mãe! Tá dormindo?

Batata palha. E ela não tem a menor paciência comigo. Nem com o mundo. Muita pressa. Muita. "Mastiga!" "Ouh, ouh, você aí, volta e escova isso direito!" "Peraí, a calça tá aberta!" "Auhn... Seis e meia, filha, tenha dó. Me deixa dormir, hoje é sábadzzzzz..."

O corpinho comprido e miúdo não tem como ganhar mais algumas carninhas, como a irmã. Puro Osso, é esse o apelido que a professora botou dela, mesmo comendo colinas de arroz, feijão, carne e salada. Tudo bem misturado num cimento que só sai do prato para a boca a bordo de uma colher. De preferência, manejada como uma pá. Os cabelos eternamente despenteados, uma juba incontrolável, a mochila eviscerada pelos corredores da escola mostrando as tripas sem pudor: bonequinhas, bichinhos, copos descartáveis, pedaços de argila seca, canetas sem tampa, tampas sem canetas, casaco virado do avesso e uma resma de papel nos sabores folhas picotadas, folhas amassadas, folhas dobradas, folhas coladas, folhas rasgadas & folhas sem-forma-definida. E mais um livro tirado na biblioteca, que é de lei. Ah, e o caderno das princesas. Para anotações diversas. "Mãe, fala com a diretora que eu fui ontem no refeitório e só tinha cremicraque (sic). Eu não gosto de cremicraque, mãe. Mãe, eu tô passando fome. Fala com a diretora."

Vivendo num inferno astral há pelo menos duas semanas, minha Pucca achou seu personagem perfeito, plena de encantos orientais pelos quais essa menina anda fascinada - cada vez mais, a cada dia. Porque a menininha é meiga, carinhosa, adora animais, mas maltrata impiedosamente quem ela ama de paixão - depois do soco, do grito, do empurrão, vem a voz macia, as mãos idem acariciando qualquer pedaço de pele à mostra, a voz doce e sentida de quem quer muito, mas muito mesmo pedir perdão mas simplesmente não sabe como. Então, em vez de simplesmente deixar a boca cuspir o protocolar "Desculpe", só consegue expressar seu arrependimento pelo coração, deixando-o falar sem usar a voz.

Essa é minha Zé Colméia. Nove anos desde que saí da maternidade com meu embrulhinho gorducho, os dedos longos chamando a atenção das enfermeiras. Nove anos de um aprendizado de vida imenso, que jamais poderei pagar a ela. Porque aprendi a duras penas que, independentemente de chamar alguém de "filha", o mais difícil no amor é dá-lo a quem parece que não o quer, que nos diz palavras ásperas, que nos faz perder horas de sono perguntando "Como isso aconteceu?". É o amor difícil, suado, batalhado, esmerilhado e talhado em brigas duras e reconciliações inesquecíveis. Polido e lapidado. Somos duas caminhando nessa estrada pedregosa, mas sempre de mãos dadas.

Cada bilhete, cada desenho, cada escultura de argila ou massinha eu tenho guardado - da camiseta onde eu pareço uma barata vermelho-amarronzada gigantesca ao cartão feito ontem, às dez da noite, a irmã já dormindo no sofá enquanto eu gravava os CDs das lembrancinhas - tudo me faz encher os olhos de lágrimas: "Mamãe, você é meu anjo. Nunca saia do meu lado."

Feliz aniversário, querida.

quinta-feira, junho 19, 2008

Bolso

Uma advogada está, via GloboOnline, respondendo dúvidas que os pais tenham sobre guarda compartilhada.

Todas - TODAS - as perguntas são sobre pensão alimentícia: ou seja, se o pai (das quase 15 perguntas, apenas uma é de uma mãe, e refere-se a até que idade seu filho tem direito à pensão) vai receber (que droga!) mais deveres, tem que ter uma vantagem, certo? Então: é diminuir a pensão. Afinal, se o guri vai lanchar na casa dele durante a semana, automaticamente a mensalidade escolar e o vidro do xarope vão baixar de preço, correto?

Não vi, nem ali nem nas caixas de comentários das matérias sobre a regulamentação da guarda compartilhada, um pai sequer (pai; não "um dos genitores". Pai, o cromossomo XY do casamento) perguntando como fica a questão da guarda legal da criança; se não será mais preciso autorização do ex-cônjuge para a criança viajar (ou será necessário permissão de ambos), como seus próprios filhos encararão essa partilha, se é preciso comunicar escola, médicos etc que agora o outro lado também apita na vida da criança.

Nada. Só falam da pensão.

terça-feira, junho 17, 2008

Por que eu amo crianças



 Uma menina estava conversando com a sua professora. A professora disse que era fisicamente impossível que uma baleia engula um ser humano porque, apesar de ser um mamífero muito grande, a sua garganta é muito pequena.
A menina afirmou que Jonas foi engolido por uma baleia. Irritada, a professora repetiu que uma baleia não poderia engolir nenhum ser humano; era fisicamente impossível. A menina, então, disse:
- Quando eu morrer e for pro céu, vou perguntar a Jonas.
A professora lhe perguntou:
- E o que vai acontecer se Jonas tiver ido para o inferno?
A menina respondeu:
- Então é a senhora que vai perguntar.

Uma professora de creche observava as crianças de sua turma desenhando. Ocasionalmente passeava pela sala para ver os trabalhos de cada criança.
Quando chegou perto de uma menina que trabalhava intensamente, perguntou o que desenhava.
A menina respondeu:
- Estou desenhando Deus.
A professora parou e disse:
- Mas ninguém sabe como é Deus.
Sem piscar e sem levantar os olhos de seu desenho, a menina respondeu:
- Saberão dentro de um minuto.

Uma honesta menina de sete anos admitiu calmamente a seus pais que Luís Miguel havia lhe dado um beijo depois da aula.
- E como aconteceu isso? - perguntou a mãe assustada.
- Não foi fácil - admitiu a pequena senhorita - mas três meninas me ajudaram a segurá-lo.

Um dia, uma menina estava sentada observando sua mãe lavar os pratos na cozinha. De repente, percebeu que sua mãe tinha vários cabelos brancos que sobressaíam entre a sua cabeleira escura. Olhou para sua mãe e lhe perguntou:
- Porque você tem tantos cabelos brancos, mamãe?
A mãe respondeu:
- Bom, cada vez que você faz algo de ruim e me faz chorar ou me faz triste, um de meus cabelos fica branco.
A menina digeriu esta revelação por alguns instantes e logo disse:
- Mãe, por que TODOS os cabelos de minha avó são brancos?

Um menino de três anos foi com seu pai ver uma ninhada de gatinhos que haviam acabado de nascer. De volta a casa, contou com excitação para sua mãe que havia gatinhos e gatinhas.
- Como você soube disso? - perguntou a mãe.
- Papai os levantou e olhou por baixo - respondeu o menino. - Acho que ali estava a etiqueta.

Todas as crianças haviam saído na fotografia e a professora estava tentando persuadi-los a comprar uma cópia da foto do grupo.
- Imaginem que bonito será quando vocês forem grandes e todos digam "Ali está Catarina, é advogada", ou também "Este é o Miguel, agora ele é médico".
Ouviu-se uma vozinha vinda do fundo da sala:
- "E ali está a professora. Já morreu."

Pérolas colhidas pelo médico foniatra, jornalista e escritor Pedro Bloch em seu consultório.

...



Amo minhas filhas. Meus livros. Meu trabalho, meus amigos.
Mas adoraria amar de novo.

sexta-feira, junho 13, 2008

Depois da curva

As crianças acham que nós pais, adultos, gente grande, somos eternos. Estaremos sempre por aqui - umas vezes fazendo carinho e dando colo, muitas vezes enchendo o saco deles sobre a necessidade de limpar o nariz somente no banheiro ou comer balas o menos possível.

Nós adultos sabemos que isso não acontece - pelo menos, comemos balas o quanto queremos, porque somos dimaior e ninguém tem nada a ver com isso. Mas o barulho de algo se estilhaçando do nada foi o que eu ouvi, dentro da minha cabeça, quando meu pai me ligou - eu estava no táxi com as meninas, quase à porta de casa - dizendo que minha mãe (que se sentira "esquisita", nas palavras dela, o dia inteiro) simplesmente ao se levantar desabara como um saco de batatas. "E eu estou sozinho aqui, não sei o que fazer." "Tô indo praí, pai. Interfona para o porteiro e pede que ele veja se no prédio tem algum médico." [Pisa fundo, moço, pelo amor de Deus].

Minha mãe deitada no chão, meu pai de pé ao lado dela, o olhar mais desamparado que jamais vi. Tentei levantá-la, minha coluna estalou, uma dor lancinante desceu pelas pernas, que se foda que eu preciso botar minha mãe na cama.

E eu troquei a roupa dela, encharcada de suor. Fui ao supermercado quase fechando comprar frutas, água de côco. Voltei, saí de novo, deixei as meninas na casa de uma amiguinha para passarem a noite, fui em casa para pegar roupas, os deveres da Zé Colméia, uniformes, alimentar os cachorros. E voltei ao apartamento dos meus pais - meia-noite cravado. "Pai, vai dormir." "E se sua mãe precisar de alguma coisa?" "Eu fico acordada, pai. Tenho que trabalhar. Vai dormir que qualquer coisa eu chamo você."

E me sentei no meu antigo quarto, o computador ligado, minha agenda aberta, a lista de coisas a fazer, gente pra ligar no dia seguinte, o livro ainda por revisar.

E eu chorei. De medo de perder minha mãe.

quarta-feira, junho 11, 2008

Sem noção é isso



Aí você faz essa brincadeirinha com seu namorado, e ele liga para o telefone que recebeu e quem atende é você - e se confirma a suspeita que seu bofe é um galinha, que cai na cantada de qualquer uma que dê a ele o telefone.
É ou não uma brilhante estratégia de marketing para divulgar a marca?
(Se estiver difícil de ler, clique na imagem que ela aumenta)