terça-feira, junho 24, 2008
Sempre
É natural que tenhas medo que te apanhem. A guerra continua tão estranha. Dum dia para o outro, já não sabemos que esperar. Tomamos os comprimidos, como todos os outros, só que o efeito é o contrário do que pretendemos. Nós queríamos ser felizes.
Ninguém nos acompanha nisto. A noite desce como um pano. As pessoas desaparecem, como se fossem para casa. Não temos maneira de saber o que está certo.
Dou-te as flores de onde vim, que vieram comigo, que atravessaram o mundo não se sabe bem porquê. Os teus olhos continuam iguais. É preciso insistir. Não fazemos diferença um do outro. Percorremos distâncias enormes, junto dos faróis e dos comboios, com a música muito alta, sem dizer nada que nos interesse. Não nos conhecemos. Nunca seremos interessantes. O carro precipita-se em vez de nós. A paisagem substitui as nossas caras.
Eu gostaria tanto de amar-te. Quando te tomo nos meus pensamentos, vai a noite escura ao largo da gente e das árvores, e eu penso que a minha alma te pertence. Pudera eu, meu amor, ou lá o que és, que pudesse pertencer a alguém.
Miguel Esteves Cardoso, "O amor é fodido"
Assírio & Alvim Editora, Lisboa, 1994.
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Um comentário:
Pô, menina, vou comentar tudo num só, porque estou com a maior dificuldade em comentar no seu blog.
Eu estava escrevendo pra você ontem, pra dizer que sonhei com as suas meninas. Agora até perdi o gosto e meio que esqueci do sonho, mas tinha a ver com a batata pálida, que graça!
E o amor é fodido mesmo.
E eu tomei vinho, e digo que ontem, vc no msn sozinha e eu querendo parlar, escrever no seu blog e não consegui.
Beijos da marieta de cara cheia.
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