domingo, julho 05, 2009

Há oito anos



Oito anos pesam. Principalmente quando você agora sabe ler e escrever, e empina o queixinho e fala, com aquele tom de "você está sendo desagradável e inconveniente" que não é mais um bebê. Aí a criatura olha aquelas bochechas adoravelmente roliças, os braços idem, aquela pele que parece creme de leite, o cabelo liso e reluzente, os olhos macios e ri. Because sorry darling, você É um bebê. Da vozinha de taquara rachada à risada soluçante.

Se ano passado ela era a princesa da torre de marfim, de uns tempos para cá não tem se levado muito a sério. Porque a vida é muito mais diversão do que pode sonhar a vã arrumação de cabelos & maquiagem. Principalmente quando se consegue (quase) sempre o que se quer. Seja revirando os olhinhos e virando o botão para jeito gordinho & fofo mode on ou esperando, pacientemente, qual gato no sol. Essa é a sua principal trunfo: a paciência. Deixa a irmã se descabelar. Deixa que eu me esqueça que disse "não". Deixa todo mundo esquecer, o tempo passar, os dias virarem no calendário. Mas ela não esquece. Meu carangueijinho anda para os lados, para trás, sempre de olho naquele dedão gordo do banhista desavisado. Então, quando menos se espera... NHOC!

Não que ela não mereça. É educadíssima, principalmente à mesa - tanto que ninguém nota, com tamanha finesse, que ela já devorou o meu, o seu, o dela e o do vizinho, miando no fim: "Mas como não tem mais? Acabou?" Os cadernos são caprichados, os livros impecáveis. Ela é, obviamente, a preferida da professora - dito pela própria, aos sussurros, na fila de entrada. Pasmem. A professora, redonda como minha filhota, ama Catatau de paixão. Mas quem não ama?

Ela ri e o mundo ri com ela. Ela chora e olhos se enchem de lágrimas ao seu redor. Ela pede colo, e inúmeros se oferecem para acolher aquele querubim cheiroso que despencou das nuvens. Mas que ninguém se engane. Ela é muito, muito esperta. Sabedoria sem maldade, que abre o coração à irmã que quer sentar na janela do ônibus, ou que quer um pedaço de chocolate porque já devorou tudo o que ganhou. Pois Catatau é econômica; guarda para o futuro, para quando porventura precisar, quem sabe, de um pedaço de doce num dia de inverno. Só não economiza o carinho, o afeto, o amor que distribuiu entre aqueles que moram em seu coração - e eu, confesso, sou a dona vitalícia da suíte master com hidromassagem.

Feliz aniversário, minha doce Catatau. Que você consiga abarrotar o seu cofrinho com toda a sorte do mundo.

* E grata, Renata, pela imagem. Porque é a cara da minha filhota :o)

6 comentários:

Renata disse...

Parabens pra Catatau!
E a imagem está mesmo sensacional. Mostrei pra Pipoca e demos muitas gargalhadas!
Beijo
Renata

Lola Aronovich disse...

Catatau, não te conheço, mas vc tem uma mãe muito legal e que obviamente te ama um monte. Feliz aniversário!

Tina Lopes disse...

Ah, que texto lindo, que menina maravilhosa, parabéns às duas e toda felicidade do mundo!

Regina Angleri disse...

Que texto mais fofo de se ler!!!!!!
Faço votos de mtas, mtas, mtas, mtas felicidades pra essa Pequenina!

Um carinhoso beijo

ana martini disse...

pela sua descrição, a catatau me lembrou a minha irmãzinha bile-bile quando a gente era pequena. feliz aniversário pra ela! bjs da bug

BethS disse...

Que menininhas lindas vc tem! Catatau é a mais velha?
Oito anos é como um passaporte para a maioridade... na cabecinha delas...
beijos pras tres