Antes, eu reclamava que não tinha emprego. Agora, em vias de ter quatro, estou reclamando de ter demais.
Tudo bem, o dinheiro continua igual: nenhum.
terça-feira, maio 30, 2006
sábado, maio 27, 2006
Sublime
De uns tempos para cá tenho me sentindo muito amada, muito querida, desejada, paparicada e adulada. Cada vez que abro minha caixa de mensagens, encontro três, sete, dez cartões virtuais, cada um com o subject mais charmoso: "Querida, desculpe!"; "Meu amor, não se esqueça de mim!", "Alguém mandou um cartão especial para você", "Anjo, eu te adoro!", e por aí vai.
Tudo bem que não se pode querer a perfeição: hoje tinha 17 (sim, você leu certo; dezessete) cartões, do UOL, Terra e Cartão Virtual. Cinco deles tinham no assunto:
"Paixao, Leia esse cartao como rpova do meu amor". Viu que afoiteza? A paixão é tanta que nem dá para escrever direito :o)
Tudo bem que não se pode querer a perfeição: hoje tinha 17 (sim, você leu certo; dezessete) cartões, do UOL, Terra e Cartão Virtual. Cinco deles tinham no assunto:
"Paixao, Leia esse cartao como rpova do meu amor". Viu que afoiteza? A paixão é tanta que nem dá para escrever direito :o)
sexta-feira, maio 26, 2006
Inventário
As vantagens de trabalhar em casa:
* Sentar ao sol de outono de manhã cedinho, enquanto toma o café da manhã antes de começar a trabalhar;
* Ir ao cinema no meio da tarde de uma quarta-feira;
* Correr para a escola do filho quando ele cai e (quase não) se machuca, a tempo de fazer o curativo d'alma;
* Tirar aquele cochilo depois do almoço;
* Almoçar onde e quando quiser - seja por 15 minutos ou duas horas;
* Parar tudo e refazer a unha que lascou;
* Tomar aquele banho quando o calor aperta - e chegar sempre fesquinha e arrumada em qualquer reunião;
* Sair mais cedo - ou não fazer nada o dia inteiro e poder compensar a qualquer hora;
* Falar com os clientes fazendo esteira, depilando as pernas ou costurando meias;
* Ter tempo para si mesma.
As desvantagens de trabalhar em casa:
* Ter que planejar milimetricamente agenda e orçamento;
* Não ter a segurança confortável de 13º, FGTS, INSS, plano de saúde, tíquete-alimentação, vale-transporte;
* Não planejar financeiramente nada além de três meses;
* Ter sempre que preparar-se, nos meses fartos, para os meses magros que sempre vêm;
* Jamais poder usar a frase "Isso é problema da chefia".
No meio desses prós e contras, eu me acho muito feliz.
* Sentar ao sol de outono de manhã cedinho, enquanto toma o café da manhã antes de começar a trabalhar;
* Ir ao cinema no meio da tarde de uma quarta-feira;
* Correr para a escola do filho quando ele cai e (quase não) se machuca, a tempo de fazer o curativo d'alma;
* Tirar aquele cochilo depois do almoço;
* Almoçar onde e quando quiser - seja por 15 minutos ou duas horas;
* Parar tudo e refazer a unha que lascou;
* Tomar aquele banho quando o calor aperta - e chegar sempre fesquinha e arrumada em qualquer reunião;
* Sair mais cedo - ou não fazer nada o dia inteiro e poder compensar a qualquer hora;
* Falar com os clientes fazendo esteira, depilando as pernas ou costurando meias;
* Ter tempo para si mesma.
As desvantagens de trabalhar em casa:
* Ter que planejar milimetricamente agenda e orçamento;
* Não ter a segurança confortável de 13º, FGTS, INSS, plano de saúde, tíquete-alimentação, vale-transporte;
* Não planejar financeiramente nada além de três meses;
* Ter sempre que preparar-se, nos meses fartos, para os meses magros que sempre vêm;
* Jamais poder usar a frase "Isso é problema da chefia".
No meio desses prós e contras, eu me acho muito feliz.
quinta-feira, maio 25, 2006
Fora da ordem
Eu jamais fui precoce para nada - nada, mesmo. Ao contrário. Nasci de quase dez meses, as unhas compridas, já. Andei tarde, falei mais tarde ainda. Até na idade para ir para a escola, eu fui depois dos outros: como faço aniversário no fim de julho, na época da matrícula (início de julho) eu tinha 3 anos - e então tive que esperar até às portas dos cinco anos para poder entrar numa sala de aula.
Comecei minha carreira profissional tarde - fiz duas faculdades, desisti da primeira. Meu primeiro beijo na boca aconteceu aos 16 anos - e perdi a virgindade com 22. Tive meu primeiro namorado aos 24, e catapora com 28. Fui mãe pela primeira vez aos 33 anos (idade de Cristo). Nunca fumei maconha.
Isso tudo para dizer que, quase ao completar quatro décadas de vida, peguei piolhos pela primeira vez na vida. Eu, Zé Colméia e Catatau. As três. Até às dez da noite de ontem e hoje, das sete às dez da manhã, fizemos Operação Pente Fino. Livres de tudo que anda e rasteja em nossas cabeleiras, me sinto... sei lá como me sinto.
Não quero nem imaginar o que ainda vou experimentar fora de época.
Comecei minha carreira profissional tarde - fiz duas faculdades, desisti da primeira. Meu primeiro beijo na boca aconteceu aos 16 anos - e perdi a virgindade com 22. Tive meu primeiro namorado aos 24, e catapora com 28. Fui mãe pela primeira vez aos 33 anos (idade de Cristo). Nunca fumei maconha.
Isso tudo para dizer que, quase ao completar quatro décadas de vida, peguei piolhos pela primeira vez na vida. Eu, Zé Colméia e Catatau. As três. Até às dez da noite de ontem e hoje, das sete às dez da manhã, fizemos Operação Pente Fino. Livres de tudo que anda e rasteja em nossas cabeleiras, me sinto... sei lá como me sinto.
Não quero nem imaginar o que ainda vou experimentar fora de época.
quarta-feira, maio 24, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
Tempo para matar
Confesso que fiquei viciada em "24 Horas". Toda segunda, bato ponto em frente à televisão para ver aquele show de incongruências. Mas na verdade, mais do que a história, me divirto com as dificuldades que a equipe técnica deve ter com algumas coisas. Duas delas:
* A continuidade não tem a menor importância, mesmo que se tome um cuidado danado para que cabelos e roupas estejam sempre do mesmo tamanho e com os sujos e rasgos no lugar certo. Já deu para perceber desde a troca de sapatos de Kim Bauer na primeira temporada (ela, presa numa cabana no meio do mato, usou suas sandálias de salto enquanto estava quietinha, amarrada; trocou por mocassins e meias quando a mãe se juntou a ela no cativeiro e vestiu um par de valentes tênis para correr no meio da floresta) até a bolsa de Jack Bauer, que aparece/desaparece nesta temporada, no episódio dos reféns no aeroporto. Isso sem falar nas tatuagens - parece que o superagente é chegado a um Ping Pong, porque as ditas ora aparecem, ora desaparecem.
* Os sapatos das mulheres. Esse é um problema hilário. Vejamos. Martha Logan, a primeira-dama biruta (e talvez a pessoa mais capaz de dirigir a nação, haja visto os últimos episódios), está proibida de usar saltos, já que seu marido, o chefe de gabinete deste e até seu guarda-costas são ou menores ou da sua altura - ela sem sapatos. Martha Logan é obrigada, então, a usar sapatos de vovó de asilo - sem saltos. Nenhum. Umas sapatilhas que são o ó de horripilantes.
Já no palco de operações da CTU, o negócio é mais complicado. Quando Audrey Raines está com o diretor da CTU (ô grisalho charmoso!) ou com o chefe de Operações de Campo (um negão cheio de ginga, mas que deve morrer nesta ou na próxima temporada - ele tá se tornando fixo, e isso não é bom para os negócios) ela investe num Chanel de salto alto chiquerésimo. Porém, é só encontrar com seu amor (pra quem não vê a série, é Bond, Jam... ops! Bauer, Jack Bauer) que ela vai de sapatinho de freira, naquele salto carrapicho que envergonha qualquer figurinista. Você acha que não é assim? Entra no site da Fox e olha a foto do grupo: você vai ver que Jack Bauer está quase do tamanho de todo mundo - quando é um dos mais baixinhos.
É, minhas noites andam um tédio. Já percebi.
Sua avó usava?
Eu não entendia o que realmente me irritava naqueles comerciais do Colgate. Bom, o que me irritava ALÉM daqueles depoimentos chatos e falsos pra chuchu. Ontem descobri: alguém pode me dizer quem, na face da Terra e nos últimos 3.500 anos, chama pasta de dente de "creme dental"?
segunda-feira, maio 22, 2006
As virtudes pessoas em Roma
Estas são as qualidades de vida as quais todos os cidadãos (e, idealmente, todos os outros também) deveriam aspirar. Elas são o coração da Via Romana — a Maneira Romana — e acredita-se que foram estas qualidades que deram à República Romana a força moral necessária para conquistar e civilizar o mundo.
Auctoritas: "Autoridade Espiritual". O senso da função social de alguém, construída através de experiência, Pietas e Industria.
Comitas: "Humor". Boas maneiras, cortesia, amizade, abertura aos outros.
Clementia: "Mercê". Suavidade e gentileza.
Dignitas: "Dignidade". Um senso de auto-estima, orgulho próprio.
Firmitas: "Tenacidade". Força de mente, a habilidade de defender uma proposta.
Frugalitas: "Frugalidade". Economia e simplicidade de ser, sem entretanto ser miserável.
Gravitas: "Gravidade". Um senso da importância de um assunto; responsabilidade, seriedade e determinação.
Honestas: "Respeito". A imagem que se apresenta como um membro respeitável de uma sociedade.
Humanitas: "Humanidade". Refinamento, civilidade; aprender, e possuir cultura.
Industria: "Industrialidade". Trabalho duro.
Pietas: "Submissão". Mais que a piedade religiosa, um respeito pela ordem natural social, política e religiosamente. Inclui as idéias de patriotismo e devoção, e outras.
Prudentia: "Prudência". Previsão, sabedoria e discrição pessoal.
Salubritas: "Saúde". Saúde e limpeza.
Severitas: "Severidade". Gravidade, auto-controle
Veritas: "Verdade". Honestidade em relação aos outros.
Virtudes públicas em Roma
Além das virtudes pessoais, que eram aspiradas por indivíduos, a cultura romana também defendia virtudes em comum que deveriam ser compartilhadas por toda a sociedade. Perceba que algumas das virtudes as quais os indivíduos deveriam aspirar também são virtudes públicas, a serem seguidas pela sociedade como um todo. Estas virtudes eram às vezes expressas cunhadas nas moedas; desta forma, sua mensagem seria compartilhada por todo o mundo clássico. Em diversos casos, as virtudes eram personificadas em divindades.
Abundantia: "Abundância, Plenitude". O ideal de haver comida e prosperidade suficientes para todos os segmentos da sociedade.
Aequitas: "Igualdade". Justiça e igualdade tanto dentro do governo como entre as pessoas.
Bonus Eventus: "Boa sorte". Lembrança de importantes acontecimentos positivos.
Clementia: "Clemência". Mercê, mostrada às outras nações.
Concordia: "Concórdia". Harmonia entre o povo romano, e também entre Roma e as outras nações.
Felicitas: "Felicidade, Prosperidade". Uma celebração dos melhores aspectos da sociedade romana.
Fides: "Confiança". Boa-fé em todos os atos comerciais e governamentais.
Fortuna: "Fortuna, Sorte". Um agradecimento aos acontecimentos positivos.
Genius: "Espírito de Roma". Agradecimento ao espírito combinado de Roma, e de suas pessoas.
Hilaritas: "Alegria, jovialidade". Expressão dos momentos felizes.
Justica: "Justiça". Como expressa por leis e governos sensatos e com bom-senso.
Laetitia: "Contentamento, felicidade". Celebração do agradecimento, geralmente pela solução de crises.
Liberalitas: "Liberalidade". Dar generosamente.
Libertas: "Liberdade". Uma virtude a que tem sido aspirada por todas as culturas.
Nobilitas: "Nobreza". Ações nobres dentro de uma esfera pública.
Patientia: "Paciência". A habilidade necessária em momentos de tempestade e crise.
Pax: "Paz". Uma celebração de paz dentro da sociedade e entre as nações.
Pietas: "Piedade". As pessoas prestando honra aos deuses.
Providentia: "Providência". A habilidade da sociedade Romana em sobreviver a desafios e manifestar um grande destino.
Pudicita: "Modéstia". Uma expressão pública contra a acusação de "corrupção moral" da Roma Antiga.
Salus: "Saúde". Preocupação com o bem-estar e a saúde públicos.
Securitas: "Segurança". Trazida pela paz e por um governo eficiente
Spes: "Esperança". Especialmente em tempos de dificuldade.
Uberitas: "Fertilidade". Particularmente em relação à agricultura.
Virtus: "Coragem". Especialmente dos líderes da sociedade e do governo.
...
Como registro do incidente inenarrável que aconteceu este fim de semana - e que, por isso mesmo, não vou nem comentá-lo - me lembrei de quando procurei um advogado a primeira vez em que me ocorreu pedir o divórcio. Queria saber se era possível evitar que o pai visitasse as meninas até ele procurar ajuda e tomar jeito na vida. Me lembro do advogado me dizer que, no Brasil, nem um assassino condenado como Paula Thomas tem o direito de visitação ao filho suspenso - os encontros sequer são acompanhados por uma assistente social.
Assim é a vida. E la nave vá. Espero que não afunde.
Assim é a vida. E la nave vá. Espero que não afunde.
sexta-feira, maio 19, 2006
Vizinho, vizinha*
No prédio dos meus pais, mora a viúva de um ministro... sei lá, do gabinete do Marechal Deodoro. Muito velhinha, está sempre maquiada, arrumada, perfumada e perolada. Sai todas as manhãs para um footing por Laranjeiras. Ela conhece todo mundo pelo nome - incluindo o bicheiro da esquina.
No prédio dos meus pais, a vizinha de baixo casou o último dos filhos. Passou a malhar, cortou o cabelo, pintou de vermelho as unhas e renovou o guarda-roupa. Ontem, encontrei com ela saindo do elevador, de short e camiseta onde se lia "Ready to action".
No prédio dos meus pais, o oficial da Marinha que mora no oitavo andar espera pontualmente às seis e meia a carona, em pé na escadaria do prédio. Muitas meninas casadoiras passaram a acordar mais cedo para apreciar o espetáculo do garboso oficial impecavelmente de branco, quepe sombreando os olhos, sorrir com todos aqueles dentes para toda moçoila que passa. Minha mãe, que o conhece desde pequeno, diz que ele não gosta disso. Não, não é de toda essa atenção que ele não gosta; é das moçoilas. Quem viver, verá.
No prédio dos meus pais não existe mais o jardim onde brinquei de pique; as tartarugas que devem ter se fundido às pastilhas da parede, de tão velhas.
O prédio dos meus pais não tem mais seu Joaquim, o faxineiro velhinho, magro e muito branco, que subiu na carreira para se tornar porteiro. Na feira, comprava um ovo, duas coxas de galinha, um tomate, duas laranjas: morreu senil, demente e só, amparado pela enfermeira que o condomínio contratou em honra aos serviços prestados.
Não tem mais seu Augusto, português inocente e culturalmente racista, que vinha trabalhar de bicicleta; não tem mais minha querida avó materna, com suas jóias extravagantes, seus turbantes comprados em Paris, seus jantares dançantes, seus telefonemas intermináveis para meio Rio de Janeiro, já morto e esquecido.
O prédio dos meus pais agora tem apenas um apartamento sem móveis, só com um aparador repleto de retratos de minhas filhas e onde eu, todos os dias, paro meu trabalho por um momento e vejo, pela janela do último andar, minha vida passar.
* Um livro maravilhoso, escrito por Roger Mello e ilustrado por ele e mais dois amigos: Mariana Massarani (que fez a vizinha) e Graça Lima (que desenhou o vizinho). Roger Mello incumbiu-se de criar o corredor entre os dois apartamentos. Da Companhia das Letrinhas.
terça-feira, maio 16, 2006
Espelho, espelho meu
Eu acredito que nada nessa vida é por acaso.
Estou há dez minutos aqui na lanhouse em frente ao prédio dos meus pais. Venho aqui todos os dias, e me sento sempre na mesma mesa, que é redonda, com uma divisória entre dois computadores. Instantes depois que me sentei aqui, um cara - comum, nem bonito nem feio, nem maravilhoso nem insosso - instalou-se na minha frente. O que ele disse é a razão desse post:
- Desculpe dizer isso, você nem me conhece e pode estar certa de que não estou te cantando, mas você é muito bonita e uma das mulheres mais interessantes que já vi.
Eu estou gripada, e por isso minha boca está vermelho-vivo, aquele estado pré-queimadura de frio. As bochechas coradas de febre. Estou me sentindo um lixo, mas depois do desabafo de ontem, esse elogio valeu o dia.
Valeu a semana. O mês. Porque se sou bonita doente, imagina saudável! Estou quase pedindo o telefone dele :o)
Estou há dez minutos aqui na lanhouse em frente ao prédio dos meus pais. Venho aqui todos os dias, e me sento sempre na mesma mesa, que é redonda, com uma divisória entre dois computadores. Instantes depois que me sentei aqui, um cara - comum, nem bonito nem feio, nem maravilhoso nem insosso - instalou-se na minha frente. O que ele disse é a razão desse post:
- Desculpe dizer isso, você nem me conhece e pode estar certa de que não estou te cantando, mas você é muito bonita e uma das mulheres mais interessantes que já vi.
Eu estou gripada, e por isso minha boca está vermelho-vivo, aquele estado pré-queimadura de frio. As bochechas coradas de febre. Estou me sentindo um lixo, mas depois do desabafo de ontem, esse elogio valeu o dia.
Valeu a semana. O mês. Porque se sou bonita doente, imagina saudável! Estou quase pedindo o telefone dele :o)
segunda-feira, maio 15, 2006
...
Não é uma crítica, não é uma reprimenda raivosa. Eu só estou de mau humor. Mas respondendo à questão se meu ex-marido é rico:
Quando éramos casados, para dar conta das despesas tínhamos, juntos, três empregos e dois frilas. Hoje, separados, ele contribui para a metade das despesas como sustento, educação, saúde, vestuário e outros gastos das minhas duas filhas com 30% do que ele recebe de salário - os outros 35% ele dá para a outra filha, do primeiro casamento, cuja mãe mora em casa própria, tem carro (comprado com o dinheiro da pensão) e ainda todas as despesas por fora cobertas pelo ex-marido generoso, como transporte escolar e inglês para a menina. Ele diz que só fará a revisão da pensão quando sair o nosso divórcio, que se arrasta há dois anos.
Ele mora com a mãe (ou com a namorada; ele não se decidiu ainda onde vai morar, aos 45 anos; por isso, ainda mantém suas coisas nessas duas casas e mais na minha, na da minha mãe e na do irmão dele). Vai e volta de carona do trabalho. Faz frilas que rendem, no barato, o dobro do que ele ganha - mas que ele não conta na pensão, porque é pago por fora, e não com contracheque.
O argumento preferido é: "Mas eu contribuo com 65% do meu salário com pensão. Preciso de dinheiro para viver, ter vida social".
1 - Minhas filhas não recebem 65% do salário dele. Recebem 30% do que está no contracheque dele, sendo que a maior parte cobre a mensalidade da escola. Assim sendo, pelo raciocínio dele (e que ele já verbalizou) as meninas comem na escola - e nada mais. Os R$ 300 que sobram devem cobrir a metade do que elas gastam com roupas, comida em casa, remédios, sapatos, material escolar, empregada, transporte escolar etc.
2 - Se eu estabelecer no acordo do divórcio que eu também vou dar 30% do que eu ganho para o sustento das meninas, estou curiosa para saber quem o juiz, que aprovou essa divisão cretina, vai determinar que trabalhe feito um condenado para cobrir o restante das despesas das crianças que superam em quatro dígitos essa soma de 30% + 30%.
É desse jeito, senhoras e senhores, que ele consegue alugar uma casa em Teresópolis, viajar para o sul da Bahia para fazer um curso de mergulho, comprar CDs e roupas novas e ir ao cinema toda a semana - e eu vivo com três empregos, dívidas e vida social zero. É o castigo por eu ter me atrevido a pedir o divórcio.
Bem-feito pra mim. Deveria ainda estar com ele, apanhando bem quietinha.
Quando éramos casados, para dar conta das despesas tínhamos, juntos, três empregos e dois frilas. Hoje, separados, ele contribui para a metade das despesas como sustento, educação, saúde, vestuário e outros gastos das minhas duas filhas com 30% do que ele recebe de salário - os outros 35% ele dá para a outra filha, do primeiro casamento, cuja mãe mora em casa própria, tem carro (comprado com o dinheiro da pensão) e ainda todas as despesas por fora cobertas pelo ex-marido generoso, como transporte escolar e inglês para a menina. Ele diz que só fará a revisão da pensão quando sair o nosso divórcio, que se arrasta há dois anos.
Ele mora com a mãe (ou com a namorada; ele não se decidiu ainda onde vai morar, aos 45 anos; por isso, ainda mantém suas coisas nessas duas casas e mais na minha, na da minha mãe e na do irmão dele). Vai e volta de carona do trabalho. Faz frilas que rendem, no barato, o dobro do que ele ganha - mas que ele não conta na pensão, porque é pago por fora, e não com contracheque.
O argumento preferido é: "Mas eu contribuo com 65% do meu salário com pensão. Preciso de dinheiro para viver, ter vida social".
1 - Minhas filhas não recebem 65% do salário dele. Recebem 30% do que está no contracheque dele, sendo que a maior parte cobre a mensalidade da escola. Assim sendo, pelo raciocínio dele (e que ele já verbalizou) as meninas comem na escola - e nada mais. Os R$ 300 que sobram devem cobrir a metade do que elas gastam com roupas, comida em casa, remédios, sapatos, material escolar, empregada, transporte escolar etc.
2 - Se eu estabelecer no acordo do divórcio que eu também vou dar 30% do que eu ganho para o sustento das meninas, estou curiosa para saber quem o juiz, que aprovou essa divisão cretina, vai determinar que trabalhe feito um condenado para cobrir o restante das despesas das crianças que superam em quatro dígitos essa soma de 30% + 30%.
É desse jeito, senhoras e senhores, que ele consegue alugar uma casa em Teresópolis, viajar para o sul da Bahia para fazer um curso de mergulho, comprar CDs e roupas novas e ir ao cinema toda a semana - e eu vivo com três empregos, dívidas e vida social zero. É o castigo por eu ter me atrevido a pedir o divórcio.
Bem-feito pra mim. Deveria ainda estar com ele, apanhando bem quietinha.
quinta-feira, maio 11, 2006
No divã
Psicoterapeuta infantil:
- E então, vou fazer cinco sessões com a [...] para realizar o psicodiagnóstico. Nessas sessões, vou conversar com ela, ela poderá fazer desenhos, brincar com as bonecas e, assim, espero poder saber por que ela está tão agressiva e qual linha teremos que tomar. O preço é de R$ 150 por sessão, e gostaria de discutir com vocês se é viável vocês arcarem com esse custo.
Pai:
- Olha, eu já gasto 65% do meus rendimentos com a pensão das crianças...
O que você diz quando alguém começa a discutir o valor do tratamento de um filho assim? "Olha, sobram 35% do meu salário para mim então, me desculpe, não vou diminuir essa margem para pagar mais nada do que já pago". É isso? Preço de oficina mecânica, desconto em livraria e barganha com tratamento psicoterápico do filho no mesmo saco?
Eu só conseguia chorar de ódio, sentada na cadeira. E quando comecei a falar e ele, a argumentar, me senti egoísta ao ponto de dizer: "Sou eu que vejo diariamente todo o sofrimento dela, sou eu que perco as noites de sono e durmo com ela chorando no colo, não é você".
Como se muda uma pessoa? O que é preciso para mudar um homem que, aos 45 anos, ainda não entendeu a verdadeira acepção da palavra PAI?
Uma conhecida nossa vai morar na Austrália. Casou-se de novo e não hesitou um minuto em escolher seguir para o outro lado do mundo. O pai da criança, óbvio, entrou na Justiça contra isso e não entende (nem ele nem meu ex-marido) como a ex-mulher pôde tomar uma atitude dessas. O menino é autista. Me lembro das vezes em que meu ex-marido comentava como o chefe deles criticava a pobre porque ela chegava atrasada: "A babá faltou", "A empregada não veio", "O fulaninho está doente e não pôde ir à escola hoje". Nunca lhes ocorreu dizer a ela: "Por que você não liga para o seu ex-marido e diz para ele ficar com o filho de vocês, para você vir trabalhar?" Nunca fizeram isso porque, obviamente, o ex-marido jamais largaria seu precioso trabalho para ficar com o filho.
Meu ex-marido não entende como a colega pode não pensar no pai do filho dela. Depois do que eu ouvi hoje, eu a entendo perfeitamente bem. E torço para que ela consiga ir embora para um lugar onde há escolas para autistas, possa evoluir profissionalmente e se sentir, mais do que uma enfermeira/motorista/babá/professora/terapeuta do filho, mãe dele.
- E então, vou fazer cinco sessões com a [...] para realizar o psicodiagnóstico. Nessas sessões, vou conversar com ela, ela poderá fazer desenhos, brincar com as bonecas e, assim, espero poder saber por que ela está tão agressiva e qual linha teremos que tomar. O preço é de R$ 150 por sessão, e gostaria de discutir com vocês se é viável vocês arcarem com esse custo.
Pai:
- Olha, eu já gasto 65% do meus rendimentos com a pensão das crianças...
O que você diz quando alguém começa a discutir o valor do tratamento de um filho assim? "Olha, sobram 35% do meu salário para mim então, me desculpe, não vou diminuir essa margem para pagar mais nada do que já pago". É isso? Preço de oficina mecânica, desconto em livraria e barganha com tratamento psicoterápico do filho no mesmo saco?
Eu só conseguia chorar de ódio, sentada na cadeira. E quando comecei a falar e ele, a argumentar, me senti egoísta ao ponto de dizer: "Sou eu que vejo diariamente todo o sofrimento dela, sou eu que perco as noites de sono e durmo com ela chorando no colo, não é você".
Como se muda uma pessoa? O que é preciso para mudar um homem que, aos 45 anos, ainda não entendeu a verdadeira acepção da palavra PAI?
Uma conhecida nossa vai morar na Austrália. Casou-se de novo e não hesitou um minuto em escolher seguir para o outro lado do mundo. O pai da criança, óbvio, entrou na Justiça contra isso e não entende (nem ele nem meu ex-marido) como a ex-mulher pôde tomar uma atitude dessas. O menino é autista. Me lembro das vezes em que meu ex-marido comentava como o chefe deles criticava a pobre porque ela chegava atrasada: "A babá faltou", "A empregada não veio", "O fulaninho está doente e não pôde ir à escola hoje". Nunca lhes ocorreu dizer a ela: "Por que você não liga para o seu ex-marido e diz para ele ficar com o filho de vocês, para você vir trabalhar?" Nunca fizeram isso porque, obviamente, o ex-marido jamais largaria seu precioso trabalho para ficar com o filho.
Meu ex-marido não entende como a colega pode não pensar no pai do filho dela. Depois do que eu ouvi hoje, eu a entendo perfeitamente bem. E torço para que ela consiga ir embora para um lugar onde há escolas para autistas, possa evoluir profissionalmente e se sentir, mais do que uma enfermeira/motorista/babá/professora/terapeuta do filho, mãe dele.
terça-feira, maio 09, 2006
Dentre todas, a mais romântica e realista
Forever Man
(by Jerry Lynn Williams)
How many times must I tell you babe,
How many bridges I’ve got to cross?
How many times must I explain myself
Before I can talk to the boss,
’fore I can talk to the boss?
How many times must I say I love you
Before you finally understand?
Won’t you be my forever woman?
I’ll try to be your forever man,
Try to be your forever man.
Forever man, forever man, forever man.
Forever man, forever man, forever man.
Try to be your forever man.
Forever man, forever man, forever man.
Forever man, forever man, forever man.
Try to be your forever man.
Quando quem canta é Eric Clapton, as coisas fazem sentido.
Completamente.
sexta-feira, maio 05, 2006
Lindo pendão da esperança
O Paulinho fez uma enquete no seu blog que eu, lerda do jeito que sou, não fui lá ver até hoje. Era sobre um projeto de lei que está correndo aqui no Rio para que os alunos cantem, em suas escolas, o Hino Nacional quatro vezes por semana para aprenderem patriotismo.
Sinceramente? Patriotismo não se aprende na escola - pelo menos, não SÓ na escola. Há muito tempo um amigo meu me disse que, nos Estados Unidos, onde muitas vezes o patriotismo vira patriotada, veste-se biquini com a bandeira nacional. Faz alguns anos um estilista da Yes, Brazil foi preso e algemado durante um desfile (acho que ainda na falecida Semana Leslie de Moda) porque um dos biquinis tinha, na calcinha, a Bandeira Nacional. Isso, graças, já mudou.
Na escola das meninas canta-se o hino todo dia. Elas adoram a bandeira. O brasileiro é, sim, patriota. Mas infelizmente o patriotismo só aparece, na maioria das vezes, quando alguém de fora mexe com o que é nosso. Aqui, não se sabe que patriotismo pode ser até mesmo não jogar lixo no chão ou molhar a mão do guarda para não chegar mais atrasado ao trabalho.
E, por fim, por que não se ensina nas escolas o que realmente representa as cores e símbolos da bandeira? Todo mundo aprende na escola que o verde representa as matas e o amarelo, o ouro. Resumidamente, aprende aí o que um professor de heráldica me ensinou faz tempo:
Verde é a cor da Casa dos Bragança, o qual pertencia D. Pedro I. O losango (ou lisonja, como é chamado em heráldica) significa que há, naquela casa real, uma mulher notável: D. Leopoldina, advinda da Casa de Lorena, cuja cor era o amarelo - a bandeira do Brasil é a única no mundo que homenageia uma mulher!
No centro, o céu que se vê é o do Rio de Janeiro, então capital do país, nas primeiras horas da manhã de 15 de novembro de 1889.
Agora me diz: por que não ensinam isso nas escolas? Encheria os brasileiros de orgulho por ter uma bandeira tão singular - além de saber que o Hino Nacional e a Marselhesa foram considerados, numa pesquisa do jornal The Guardian durante a Copa de 2002, os hinos mais belos do mundo.
quinta-feira, maio 04, 2006
E por falar nisso
Não tem nada a ver, e não quero ser chata nem rabugenta, mas...
Carácoles, que falta faz um beijo na boca, de vez em quando.
Carácoles, que falta faz um beijo na boca, de vez em quando.
Update
Pra quem me escreveu sobre o post da Zé Colméia*: o pai não quer, mas eu já procurei ajuda profissional - uma das minhas qualidades é reconhecer minha derrota, apesar dos meus esforços. Sozinha, não vou conseguir ajudar minha filha.
* Obrigada principalmente a você, Flávia. Escreva quando quiser :o)
* Obrigada principalmente a você, Flávia. Escreva quando quiser :o)
quarta-feira, maio 03, 2006
A fantástica fábrica de moda*
Quando me separei, Zé Colméia simplesmente não aceitou. Ao contrário da irmã, que chorou mas, com o tempo, entendeu, ela guardou tudo dentro de si. E os problemas começaram a aperecer através de uma agressividade incontrolável, birras sem fim e uma baixa auto-estima de cortar o coração.
Tenho uma amiga muito querida que é minha personal stylist - eu uso todas as roupas doidas que ela inventa. Doidas é maneira de dizer: ela consegue pegar uma blusa que custou R$ 2 num bazar de caridade e transformar numa peça que faz as pessoas pararem na rua para me perguntar onde eu comprei.
Bom, no ano passado, nos visitando, ela viu dois desenhos que Zé Colméia tinha feito. Duas meninas, com saias listradas como o tricô Missoni. Uma combinação de cores linda. Pois ela pediu, e Zé Colméia deu a ela os desenhos. E ela fez duas saias que hoje andam por Belo Horizonte.
Quando conto essa história para Zé Colméia, os olhos dela brilham. E ela desenhou, da última vez, um pijama (a turma estava estudando a família do "P"),que ficou semanas no mural da sala dela. Pois era o desenho que mais chamava a atenção, pelas cores e desenhos que elas fez na blusa do conjunto.
Ela tem juntado uma porção de desenhos para dar para sua "estilista". Estuda cores, combina tons, gosta de alisar os tecidos pendurados na porta das lojas. Mas diz que vai ser cozinheira :o)
* Pra quem não sabe, a maior fabricante de roupas do mundo é a Mattel, detentora das marcas Barbie, Polly e My Scene, entre outras.
It's cool, babe
Não sei de onde veio essa vontade, mas ultimamente tenho ouvido CDs de grandes guitarristas. Depois de desbravar toda a obra de Eric Clapton e Santana, não me lembro mais quem me apresentou a Robert Johnson, dito King of the Delta Blues. Segundo a Wikipedia, Robert Johnson registrou para a posteridade apenas 29 músicas em um total de 42 faixas, em duas sessões de gravação realizadas no Texas: uma em San Antonio, em novembro de 1936, e outra em Dallas, em junho de 1937. Treze músicas foram gravadas duas vezes.
Em 1938 Johnson bebeu uísque envenenado com estricnina, supostamente preparado pelo marido ciumento de uma de suas amantes. Johnson se recuperou do envenenamento, mas contraiu pneumonia e morreu 3 dias depois, em 16 de Agosto de 1938, em Greenwood, Mississippi. Há várias versões populares para sua morte: que haveria morrido envenenado pelo uísque, que haveria morrido de sífilis e que havia sido assassinado com arma de fogo. Seu certificado de óbito cita apenas "No Doctor" (Sem Médico) como causa da morte.
Diz a lenda que Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi, em troca da proeza para tocar guitarra. Pra quem gravou menos de 30 músicas há tantas décadas passadas e continua sendo reverenciado no altar onde rezam de Eric Clapton a Keith Richards, há de ter algum fundamento.
terça-feira, maio 02, 2006
Assinar:
Postagens (Atom)