quinta-feira, setembro 17, 2009

Tempos modernos

Às vezes quero acreditar que a felicidade está logo ali mas, rapaz, tá difícil. Não consigo ficar tempo suficiente acordada para vê-la passar. Nem que ela bata duas vezes na minha porta. Se eu parar para atender as meninas se atrasam, perdemos o ônibus e elas ficam retidas até as 8h30m.

Reclamo demais. "Bom-dia, vim trocar essa blusa que está manchada". "A senhora deixou de molho?" "Claro, é uma camiseta de criança." "Não podia deixar de molho." "Na etiqueta não diz nada disso". "Mas todo mundo sabe." "Eu sou limítrofe. Pra mim tem que escrever e, se possível, desenhar esquema colorido." "Minha senhora, a indústria da moda não pode se basear em pessoas com deficiências mentais [sic] na hora de fazer as etiquetas, não é?"
Ela não entendeu a ironia. Nem eu escrevendo e desenhando esquema colorido.

Catatau não quer mais ir à escola. "Por que, filha?" "Ah, mãe, não gosto de briga. E todo dia tem briga." E se você pensa que é naquele esquema de "sua chata, feia & bacalhuda"... quem me dera. "Você é uma piranha, e sua mãe também é." "Se eu sou piranha, você é puta, mesmo." "Hahahaha, olhalá o fulano, gay! Gay! Gay!" "Eu não sou gay!" "Hahahahahahaha, gay! Vai esfregar a bunda no muro, hahahahahaha!"
Some-se a isso cenas de pugilato, um menino esbofeteando uma menina, a mesma criturinha sendo salva pela professora de ser esganada por um cordão de sapato, duas meninas se matando e, ao serem apartadas, surrarem a agente educacional e verão o resultado da Semana Antibullying que a escola promoveu - apenas para alunos do Ensino Médio. "Para os menores não precisa; essas briguinhas são coisa de criança!", disse a débil mental que me avisou que o guri descrito no post abaixo "tem problemas, pobrezinho."

Príncipe, tô te esperando, cê num vem? Já mandei pro espaço essa coisa de mulher liberada. Não vou me importar de ser sustentada, paparicada e admirada. Juro. Levo assim numa boa, sem reclamar.

4 comentários:

Cristine Martin disse...

Oi Suzana!

Caramba, essa escola que você paga uma nota todo mês, e os alunos são assim? Minhas filhas estudaram em colégio particular, e as crianças em geral eram mal-educadas (no sentido de não terem uma boa educação em casa, com os pais), mas não a esse ponto (e com esses termos de ofensas).
Confesso que fiquei chocada. Adianta reclamar ou mudar as meninas de escola?

Olha, estou torcendo por você, seja com um príncipe ou uma oportunidade ótima. Quem sabe, né?

Beijos, e força na subida,

Cris

cris disse...

eu também fiquei chocada. eu dou aula no pedro II e temos alunos-problema lá, claro, mas onde não os há? entretanto, a coisa costuma ser bem diferente no trato dessas questões e na intensidade das mesmas. sei não, su. acho que tão te vendendo gato por lebre. bjs

. disse...

Então, era o que eu ia dizer, e a Cris disse primeiro. Eu fico aqui coçando a cabeça e pensando "Zisuis, as Ursinhas da Suzana estudam numa escola cara pra dedéu e vivem ambiente da pior escola-buraco-gangsta-paradise da perifa possível". Inacreditável.
Eu dou aula numa pública que já teve seus dias melhores, mas ainda não chegou ao fundo do poço, e de vez em quando pego voando uns bilhetes com cousas de arrepiar os cabelos do Marquês de Sade. Ouço palavrões dantescos. E as brigas. A Ronda Escolar na porta. Mas aí a gente dá o desconto porque, né. Espera-se que na pública role essa tensão. Mas poutz, a gente não vai pensar que a molecada que tem estrutura (familiar e/ou financeira, etc etc) parta pro telecatch.
Só me espanta a coisa passar em brancas nuvens, "Semana Antibullying" só pro Médio. Omissão, no mínimo. Medo de perder "cliente" por causa da pecha de escola com alunos agressivos? Sei lá.
Bjo! (e força na subida!)

Adrina disse...

Desculpa, mas a única coisa em que consigo pensar é "c*ar*lhos voadores". Que coisa, hein?
Vou dar um palpite não solicitado: você já tentou se inscrever no site da Catho? O último emprego de horário que tive (sou mais autômona hoje) foi através deles.