segunda-feira, setembro 28, 2009

Alvorecer



Desde que eu me entendo como gente acordo ouvindo sinos de igreja. Morei até meus 12 anos a dois quarteirões de uma que toca, até hoje, às seis da manhã, ao meio-dia e às seis da tarde - hoje é o que me avisa que está na hora de buscar as meninas na escola. Antigamente tocava também uma badalada somente de hora em hora, mas acho que os padres andaram cortando despesas.

Quando morei no interior de São Paulo a capelinha perto da minha casa todos os dias soava o que mais parecia uma sineta de chamar mordomo. Em Salvador, eu não sei que igreja badalava nessas horas do dia. O vento que soprava da praia da Pituba para dentro do continente trazia o som. Hoje, acordo todos os dias com o campanário da igreja do Bairro de Fátima.

Mas o que eu gosto mesmo são os apitos de navio, daqueles graves, de filme. Soam sem regularidade e não respeitam os horários, como os sinos. É de madrugada, principalmente, que enchem o ar longínquo com aquele "puuuuuuuuuuuuuu!" - sempre duas vezes. Porque não são como os sinos, que adoram sair em bandos, à luz do dia. Os apitos dos navios caminham à noite, aos pares.

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