quarta-feira, maio 13, 2009

Paraíso a padecer

Eu estou querendo muito um emprego em particular. A vaga está aberta. E eu estou naquela de insiste/não insiste. E, ontem, pensando nisso, me toquei de uma coisa que vem acontecendo ultimamente.

Eu, aos 42 anos, três idiomas e duas faculdades, procuro emprego para não ter que passar mais pelas agruras da vida de autônoma – opção que escolhi para acompanhar minhas filhas na primeira década de vida de ambas. Sou chamada, o currículo analisado, muitos elogios, quase tudo acertado. E então começa:

- Você tem filhos?
- Sim, tenho duas meninas, de 8 e 10 anos.
- São pequenas… Seu marido dá suporte a você? (Oi, como assim? Marido? O que marido tem a ver com minha competência em realizar o trabalho? Bolas, eu já MONTEI sozinha, por contrato, uma editora do nada!)
- Eu sou divorciada.
- Ah, mas… você tem uma retaguarda, não?
- Quando preciso, sim.

Neste instante sou automaticamente desqualificada. Meu currículo é fantástico, minha dicção perfeita, mas… eu tenho filhos. O cara que está competindo comigo também tem, mas há uma mãe para se preocupar com eles. Para lidar com o problema.

Uma discussão muito legal - onde eu postei algo parecido a isso nos comentários - está rolando no blog da Marjorie. Dá um pulinho lá.

4 comentários:

Ana Cláudia disse...

Minha querida, essa situação se parece muito com a minha. Entretanto, eu me sinto muito mais compelida a estar na defensiva. Antes de receber um NÃO, recuo e penso se devo ou NÃO tentar. Sei que meu trabalho não poderia ser considerado medíocre, todavia, eu vejo que os olhos atentos de quem nos interroga, de quem nos qualifica, sempre fica nos medindo pelo número de filhos, mas no meu caso, sinto-me pior, porque sinto que a minha idade também fica sendo o meu melhor parâmetro.
Adorei encontrar teu blog e teu comentário... Gostaria sim, de ser mais corajosa e te contar uma história com um imenso HAPPY END.
Beijos e Boa Sorte

. disse...

Pois é. QUando engravidei do Alê pensei "ai que bom que foi agora porque quando eu me formar vai ser difícil começar em outro emprego grávida ou com nenê novo, isso sem falar na possibilidade de ninguém me dar emprego". Pensei na maravilha do meu empreguinho fuleiro porém estável, de poder organizar minhas aulas e horários de modo que possa ficar com ele uma parte do dia. Um saco isso da gente ter a "ressalva" considerada: três idiomas, duas faculdades MAS tem filhos.
Depois eu falo que a gente tá penando pra sair da sombra da Bertrande de Rols, aquela sem muitas opções...
Boa sorte, beijos!

Manu disse...

Sempre penso nisso quando me sinto tentada a largar o emprego para passar mais tempo com os bebês, não que o meu emprego seja o sonho da minha vida, mas dá alguma estabilidade.
Acho que vc deve insistir, sim, Suzana.
Boa sorte!

Ana Cecília Moura disse...

Mundinho escroto, esse.