E aí eu ouvi, sem rodeios: "Vamos sair?" E eu desconversei, e disse um "Vamos" beeem vago. Não estou a fim. Porque há tempos eu me acho um fracasso. Uma enganação. E enganações não precisam (pra quê?) nem fazer as sobrancelhas. Pintar as unhas? Botar as lentes? Nada. A roupa que me faz parecer minha mãe tá mais do que bom. Jogo a mancheias vidros de esmalte no lixo - todos já vencidos. Batons envelhecem em massas malcheirosas ainda com o lacre.
Pra que sair? E ainda o medo. De o cara ser uma maravilha mas terminar como meu ex-marido, a achar-se no direito de dar tapinha de amor que dói. Ou maltratar as meninas. Outra montanha-russa emocional. Outra longa fase de recuperação. Começar tudo de novo.
Escolher, batalhar, investir, chorar cansa.
E eu ando muito, muito cansada. E, sinceramente, morta de medo de viver.
Um dos amigos a quem mandei mensagem esses dias - foram cinco pessoas, que sempre me davam um ângulo novo a cada rasteira que eu levava da vida - me escreveu anos atrás (é, já são anos):
"A tela da mensagem em branco e eu olhando e pensando: o que eu poderia escrever para alegrar uma amiga triste? Os elogios já estão repetitivos. Ela nem mais os comenta. Procuro a foto para inspirar-me. Lá está o sorriso, mas onde encontrá-lo? Não ter controle da situação é ruim, vira-se um mero espectador. Nem sei qual assunto a deixaria alegre. Difícil, encontro-me numa sinuca de bico e a chance de matar a bola sete depende do acerto das três tabelas.
Acho que vou tirar a roupa e pular pelado na varanda."
Rapaz, como eu sinto falta desse povo.
quinta-feira, maio 14, 2009
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4 comentários:
olha, su, eu resolvi assim: séquisso. esse é o meu critério. envolvimento emocional bem pequeno. nunca fiqueisozinha desde a separação - e hoje eu tenho uns dois fixos. agora: amor [como aqueles de romance], paixão [com P maiúsculo], to fora. parece muito pragmático, mas pra mim foi a melhor coisa. eliminei a parte chata da coisa. tem carinho e tem amizade. pra mim tá de bom tamanho. até agora esse modelo tem funcionado. mas cada um tem que achar o que é melhor. ficar em casa, com a roupa que podia ser da mamãe é que não dá. bora se animar, anda. bjs!
É, minha querida, tb fiquei péssima. Não pelos motivos supostos, no entanto. Deprimi pq percebi que jamais escreverei tão bem como vcs. Vc e seu amigo-sinuca-de-bico...
Em relação ao seu cansaço, calma, ele tem cura. Dê uma chance pro rapaz. Se o cansaço deixar, dê uma para vc também. Tô na torcida.
Me vi no espelho com esse texto. Porque meu amor morreu e estou trancada tambem, pra vida em geral. Nada me interessa, nem eu mesma. Aí não quero sair porque me acho um fiasco, mas as vezes vou e ate que acho bom e me divirto - e digo pra mim mesma que vou me lembrar disso na proxima vez... e aí de novo fico em casa, etc - num ciclo vicioso sem sentido e sem saida.
que coisa, né?
Beijo pra ti.
desculpa, só consigo me concentrar e uma coisa por vez... pular pelado na varanda?
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