terça-feira, dezembro 26, 2006
Uma tese romanceada
Não se esqueça, Zeem, os olhos não se limitam a ver, eles faíscam como os dentes. Um cordão de pérolas costuma ser visto como uma fieira de dentes sorrindo. Na linguagem de Homero, em grego jônico, há dois verbos "ver" principais. Um deles é theorein, a palavra de onde veio "teoria", e ainda é usado para significar "ver", em grego moderno. O outro é drakein, do qual os gregos, e nós também, derivamos a palavra "dragão", a criatura mítica lançando chamas, a princípio, dos olhos.
O olho do dragão lança seu ataque ao olho do observador e fixa sua visão admirada, da mesma forma como um tubo de batom capta o olhar enquanto este se depara com a cor fluindo com precisão ao longo da linha cruel do lábio. Ver teoricamente não é em absoluto a mesma coisa que ver dragonicamente, isso é, lançando um lampejo de fogo de seus olhos cheios de seiva, ou de amor.
Uma teoria pode ser a especulação mais ideal, o modo mais fraco de olhar as coisas, mera suposição ou hipótese, como quando você diz: "Eu tenho uma teoria sobre por que John e Helen estão se divorciando." Ou quando você diz: "Eu tenho uma teoria sobre jóias."
Richard Klein, "As jóias falam"
Editora Rocco, 2004
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