quinta-feira, julho 13, 2006
Assim entendi eu
Esta semana, discutindo com um amigo, descobri algo que desconfiava faz um tempo: as pessoas não sabem mais ver um - enxergam uma galáxia quando na verdade o que existe é... um.
Hoje tive outro exemplo disso. O típico caso de "Onde se lê [...] leia-se [...]". E aí eu escrevo "Quero comer uma batata", e quem lê se pergunta: "Será que ela na verdade quer uma maçã, já que batata em francês é 'pomme du ter'?" Outro emenda com um "Hum, acho que ela na verdade quer dizer algo mais amplo, um sabor, como salada alemã ou nhoque". E um terceiro já pira com "Está claro que, como ela fala de batata (=carboidrato), ela está querendo na verdade fazer uma metáfora e explicar a sua verdadeira fome, que é a do espírito (já que carboidratos alimentam, dão sensação de saciedade, mas na realidade provocam mais fome no organismo), fome esta que até hoje não pôde ser satisfeita - não pela Filosofia ou por qualquer das Ciências Humanas, mas há correntes que usam os conhecimentos da Teoria do Caos, dos Fractais e da Física Quântica para explicar o vazio existencial que o homem enquanto ser vivente e pensante experimenta nesse início de milênio. Ela está, então, no típico conflito mente-corpo."
E eu queria apenas dizer: "Quero comer uma batata". No meio do caminho entre a batata e os quanta, muito se perdeu, pouco foi compreendido e o meu verdadeiro desejo - comer uma batata amarelinha - foi solenemente ignorado por gente que entendeu tudo, menos essa simples frase, que até Zé Colméia sabe ler: "Quero comer uma batata".
Quem assistiu ao canal Sony ontem vai se lembrar dessa cena:
"Diga três vezes 'azeite, azeite, azeite'."
"Azeite, azeite, azeite."
"E o que a vaca bebe?"
"Leite!"
"Não, a vaca bebe água. Ela dá leite. E você ainda não tem noção da perspectiva correta das coisas."
Não tente ler nas entrelinhas. Na esmagadora maioria das vezes, não há nada ali para ser lido.
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