terça-feira, novembro 13, 2007

... sai pelo outro

O problema maior não é o barulho do aspirador, da enceradeira ou de todas as torneiras dos dois banheiros abertas jorrando água doidamente porque os dois têm que ficar de molho com muito sabão em pó e mais água sanitária e toda a espécie de detergente líquido ou em pó que possa existir no supermercado, ou ainda dos pedreiros arrebentando a fachada do prédio e retirando todo o reboco numa chuvarada de pastilhas e pedras que parecem estar caindo na minha cabeça enquanto a broca que eles usam entra pela janela até o interior dos meus miolos, mas sim o fato de que como ela vem somente de quinze em quinze dias são praticamente duas semanas em que fatos palpitantes aconteceram na vida dela, e é preciso que ela reporte tudo, tintim por tintim, para alguém que mostre o menor interesse em conhecer todos os detalhes da complicada cirurgia por que a filha dela teve que passar e cujo nome ela não se lembra bem - apenas que começou de manhã e terminou quase de noitinha, e o médico disse que em dois dias ela se levantava mas em menos de 12 horas a filha dela, que é muito forte porque comeu tutano cru quando era criança, levantou e começou a arrumar a casa - ou quem sabe tomar conhecimento da labuta e o peso que é agora que o cunhado morreu cuidar do sobrinho do irmão da sogra da ex-cunhada, que deixou escrito que queria que ela ficasse com o guri - que, na verdade, não vale nada e dorme o dia inteirinho quando não está grudado na televisão ou brigando com o Fernando, que agora voltou pra casa porque se separou da Sônia que não valia nada, porque pegou dinheiro emprestado do pai e não pagou nada porque usou para pagar as dívidas do amante e não tem mais onde dormir porque o garoto tomou posse do quarto que agora está novo em folha porque o marceneiro foi lá e deu um jeito nas camas, mas não cobrou nada a mais do que tinha pedido depois que perdeu a madeira que tinha comprado no churrasco que a Rosa resolveu dar mesmo com todo mundo dizendo que ia chover muito - mas a Rosa não escutblábláblá e hfiyeke djfehqpudf hjfhfakd,ofifjweww ddfudpsfod...

Dia de faxineira.

Um comentário:

Renata disse...

Suzaaana, minha mãe chegou a chamar a faxineira da minha avó algumas vezes. mas a casa da minha avó é minúscula, acho que ela não tava acostumada com casas em tamanho normal e levou 10 horas só pra limpar a cozinha e a área de serviço. e minha avó o dia inteeeeiro na cozinha com ela falando. e é essa história mesmo! só que minha avó interage, dá opiniões, conselhos, manda ela esconder o cartão do banco pra ninguém roubar o dinheiro dela.