segunda-feira, novembro 05, 2007

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Essa história ainda não tem final feliz.

Um dia esbarrei sem querer numa moça muito franzina, com um bebê no colo. Não consegui esconder a cara de horror ao ver o rostinho desfigurado da menina, com uma fenda tão incrivelmente monstruosa que imediatamente pensei "Como ela consegue comer?". Ali surgiu uma amizade entre nós duas - e, depois, entre nós três. A mãe, uma baiana lutadora, conseguiu energia, força e dinheiro para operar a filha vezes sem conta. A filha, essa conseguiu energia, força e alegria em dose mais do que suficiente para se transformar numa adolescente feliz, de bem com a vida, estudiosa e sonhadora. Mesmo sem que quase ninguém entendesse o que ela fala, mesmo sorrindo um sorriso torto.

Virei madrinha dela. Temos as mesmas paixões, alguns gostos musicais em comum, a mesma mania de reclusão quando algo espeta demais, incomoda em demasia, dói além da conta. Quando vinha ao Rio, ela se hospedava comigo. "Vestibular" é a única idéia que está em sua cabeça - mais do que Carlos Henrique, o namorado que vê naquela boca cheia de cicatrizes a fonte das coisas mais bonitas e doces que uma jovem pode dizer.

Carolina é o nome dela. Carol está internada numa UTI de um hospital de Salvador desde sábado, quando teve uma parada cardíaca durante sua milésima cirurgia para correção da boca.

Carol é lutadora, e eu sei que ela vai sair dessa.

4 comentários:

Rodrigo disse...

Moça, a senhora não me conhece, mas pode linkar tu aqui (http://theboardnotes.blogspot.com)?
Pode?

Se quiser dá uma passada lá também!

Abraços

Anônimo disse...

:(
caramba.

Marilia disse...

pqp, suzana.
esse post me destruiu!
me resta rezar muito pela pequena...
um beijo

parla marieta disse...

e aí? tá tudo bem agora? diga que sim, por favor.
Estou rezando por ela. Mesmo que minha crença não seja muito grande, acredito que as palavras têm direção.
Beijo na Carol, beijo em você.