quinta-feira, novembro 16, 2006
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Sonhos vívidos me marcam muito. Essa semana, tive dois muito reais, em que eu era ferida e continuava vivendo, e as pessoas não notavam quão grave eram esses ferimentos.
A primeira vez foi quase ridículo: eu tinha sido flechada. A vareta saía pelas minhas costas e aquilo doía terrivelmente. E eu não sabia o que fazer, a quem pedir ajuda. Uma hora Zé Colméia me abraçou e mexeu na flecha. Além da dor que me fez arquear as costas, senti gosto de sangue na boca. Acordei brevemente, e tornei a sonhar: o médico então apareceu e disse que não sabia se eu sobreviveria à operação para tirar a flecha. Acordei quando tentava explicar às minhas filhas (minha mãe chorava como nunca vi vi antes) que talvez eu não voltasse da operação.
Ontem, estava indo com mais duas pessoas em direção a um túnel, que ficava no fim de uma ponte muito alta. Saiu de lá um homem armado, anunciando que era um assalto. Antes que ele pudesse pegar minha bolsa (eu só pensava no meu celular, como ele é importante para o meu trabalho e que eu não teria dinheiro para comprar outro), joguei-a aberta por sobre a grade da ponte. E ele me deu dois tiros na barriga.
Chegou a ambulância, fui examinada, mas só me preocupava se alguém podia recolher o que caíra da minha bolsa - tudo agora estava ali, num gramadinho de beira de estrada. Fui para o hospital (Clínica São Marcos, o médico disse) mas continuava andando, com as mãos na barriga para que as balas não saíssem do lugar. O paciente ao lado da minha cama morreu. Minha barriga começou a endurecer, e disseram que eu tinha que operar. E, naquela confusão, eu simplesmente não sabia a quem avisar. Pra quem?
As explicações de botequim (incluindo as minhas) serão muitas, eu sei. Mas o que me impressionou foi o realismo dos sonhos. Sentir na boca o gosto do sangue, a dor dos tiros, da flechada. A tristeza das minhas filhas, o choro da minha mãe, o som dos médicos correndo para atender o paciente que morria.
Odeio sonhar assim.
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Um comentário:
...da próxima vez me avisa! Assim sonharei que sou o Superman que vai te salvar. Evito que a flecha te atinja, as balas ricocheteiam no meu peito. Então pego você em meus braços voamos em direção ao por do sol e enquanto em meio a uma atmosfera rosa alaranjada os últimos raios de sol iluminam teu rosto, o inevitável beijo cinematográfico imortaliza aquele momento e nos faz perceber o quanto de felicidade os compromissos do dia a dia nos tolheram. To My favorite Journalist
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