Um amigo muito muito querido uma vez me disse que, às vezes, basta uma coisa sair do lugar na vida da gente pra tudo se mover, qual uma engrenagem, para que tudo volte a se encaixar à perfeição. Essa foi a mais perfeita imagem que alguém já me descreveu para ilustrar um momento de grandes mudanças na nossa vida.
O sonho de uma existência - um negócio próprio que vai alimentar bocas e almas, além de fazer a diferença para, no mínimo, três pessoas - está se concretizando; depois de quase 11 anos numa casa que foi inicialmente ocupada num momento de desespero e fuga (o fim do meu casamento) a locadora pediu o imóvel de volta, e eu vou ter que recomeçar em outro lugar; uma sessão de desapego interminável, que já rendeu literalmente três viagens de um pequeno caminhão baú.
E uma última história: eu tive um professor incrível na faculdade. Ele, na verdade, não lecionava para as turmas de jornalismo, mas resolvi fazer uma optativa com ele. Mesmo sendo criada por pais que lêem, foi ele que me incutiu a semente da editora, da amante incondicional de livros - foi ele que me ensinou a reverenciá-los. Ele mesmo tem uma história de vida fantástica. De família judia, foi entregue a um casal italiano aos cinco anos para que escapasse do genocídio - as duas famílias eram vizinhas na Alemanha. Sua nova família veio para o Brasil logo depois, e ele nunca soube ao certo o destino de seus parentes. Pai e mãe foram deportados - ela, grávida (ele não sabia de quanto, só lembra da barriga da mãe). Tudo o que ele sabe foi contado por seus pais adotivos. Tem apenas duas imagens dos pais, fotografados com os vizinhos.
Ele sempre buscou informações, mas não de maneira consistente. Nunca manteve contato com a família adotiva. Viúvo, não teve filhos. Há dois meses foi diagnosticado com Alzheimer. Na semana passada ele chamou alguns ex-alunos com quem ainda mantém contato. Vi meu velho professor encher os olhos d'água ao pedir nossa ajuda: ele quer saber o que aconteceu antes que esqueça o pouco que lembra. Então somos agora um grupo de seis pessoas procurando por pessoas que sumiram há mais de 50 anos. Montamos nossos planos de ataque, nossas listas de contatos (graças a Deus, gigantescas e bem fornidas) e vamos à lida.
Para quem perguntou: o nome do meu professor é Emilio di Zio (o seu nome real). Se você sabe de alguém que tenha esse sobrenome me escreva, por favor.
sexta-feira, setembro 21, 2012
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3 comentários:
Vida em movimento. Energia renovando.Abra-se para novas experiências e coisas maravilhosas acontecerão.
Beijocas e sorte na empreitada
Oi, Suzana,
Tenta o ator Sergui di Zio. Não sei se o Face é dele, mas o twitter é, com certeza: @elisasboy72
Bjs e boa sorte!
Ops! Sergio
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