sexta-feira, agosto 29, 2008

Über







Por US$ 1400 você leva o ursinho do Karl Lagerfeld. Dá medo mas é fashion, baby.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Déjà vu



Morar junto não é morar na mesma casa. Casar não é trocar alianças, assinar na linha pontinhada um papel igualzinho para 20 casais apertados na sala do cartório. Ter filhos não é procriar. Ser marido e mulher não é só figura jurídica. Dizer "desculpe" não deve ser ato falho. Dizer todo dia "Eu te amo" não pode ser uma maneira de você, repetindo a frase sem parar, acreditar naquilo que não é mais verdade.

Desfiz um casamento de quase dez anos. Ele foi um namorado maravilhoso, um péssimo marido. Dez anos de uma solidão profunda, em que a pior conseqüência foi que eu esqueci como se ri. Esqueci como achar graça na vida, como dar uma gargalhada quando tudo está a caminho do cemitério, o carro fúnebre esperando, todo mundo de preto e o padre fazendo cara feia porque a missa vai atrasar. E eu não me decido se pérolas combinam ou se batatas fritas acompanham.

Lembrei dos bilhetes apaixonados que eu costumava, teimosamente, espalhar pela casa, pelos bolsos das camisas, pela mochila, pela cama. Das festas de aniversário preparadas de surpresa, dos presentes sem motivo algum. Das comidas diferentes, das camisetas com os desenhos das crianças no Dia dos Pais. Dos partos solitários, dos beijos roubados que - esperança boba, a minha - nunca me foram devolvidos.

A vida economizando, a casa bonita que ficou guardada nas caixas de mudança e que dali jamais saíram. Aniversários de casamento como outro dia qualquer.

Eu sinto falta somente de uma pessoa que me faça rir. Não precisa chamar meu corpo no meio da noite, não precisa levar minhas compras, acariciar meus cabelos, me ligar no meio do dia pra perguntar “Tá viva?”, fechar meus olhos para a dor ou me deixar ficar com o controle remoto.

Eu preciso voltar a rir da vida. E é urgente.
Pra ontem.

Fundo do poço










- Sozinho, e com essa roupa ridícula. *Suspiro*



Fonte: Flick; via Favoritos.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Um caixa cheinha!




What Your Taste in Chocolate Says About You



You are sophisticated, modern, and high class.
Your taste is refined, but you are not picky.
You are often the first to try something new.
You are a whimsical person prone to daydreaming.
Artistic and creative, you're always in the middle of a project.
While you are an inspiration to others, you can come off as flaky.
You love to be the center of attention. You enjoy entertaining your friends.
You feel lost when no one is interested in you... You're too interesting to be ignored.

Achados & perdidos



Aqui chove como castigo de Deus. Muito. Estia um pouco e eu corro a tirar a roupa do varal, antes que o vento úmido molhe tudo outra vez. E torna a chover. Cada pingo estala nos vidros com uma força que forma como que rodelas de abacaxi nas janelas.

Quando estiar novamente alimento os cachorros. Enquanto isso, as meninas botam cinco anos de brinquedos, quinquilharias, enfeites de cabelo, roupas de boneca, lápis e gizes de cera, revistas e bichos de pelúcia por toda a casa. Não há mais chão visível. Tropeça-se em Pollys, Barbies, peças de quebra-cabeças e tijolinhos de Lego. Valha-me Deus.

Estou esperando as compras do supermercado que fiz ontem pela internet. Aproveito a ilha de paz que todo momento de caos proporciona para cerzir as meias das meninas, pregar botões e consertar estragos nos uniformes do colégio. E, enquanto faço isso, penso em ti.

A quem eu escrevi isso? Não me lembro. Só pela data do arquivo, sei que já faz muito tempo.

terça-feira, agosto 26, 2008

...



Faz tempo que eu não ganho flores.
Me faz uma certa falta, sabe?

E não me pergunte o porquê: isso sempre acontece quando eu visito a Vivianne. Fico no desejo de ganhar flores e me vem à lembrança cheiro de orvalho. Vai entender.

...

Às vezes, a gente fica assim meio que de saco cheio do mundo em geral e das pessoas em particular. Porque todo mundo tem a solução para os nossos problemas, né não? É tudo tããããooo simples que eu tenho até vergonha de dizer "Não é bem assim".

"Como não? Não é? Mas é claro que é! Olha, eu sei que você não tem família no Rio, que são duas meninas, que você é frila, que isso e aqui, mas... É claro que dá! Basta você se esforçar!"

Lembrando um colega de jornal: "Pessoas que dão palpites irrelevantes e levianos na vida dos outros morrerão numa agonia lenta e dolorosa."

sexta-feira, agosto 22, 2008

A quoi ça sert l'amour



Para que serve o amor?

Para que serve o amor?
A gente conta todos os dias
Incessantemente histórias
Sobre para que serve amar

O amor não se explica
É uma coisa assim
Que vem não se sabe de onde
E te pega de uma vez

Eu, eu escutei dizer
Que o amor faz sofrer
Que o amor faz chorar
Para que serve amar?

O amor, serve pra quê?
Para nos dar alegria
com lágrimas nos olhos
É triste e maravilho

No entanto, dizem sempre
Que o amor decepciona
Que há um dos dois
Que nunca está contente

Mesmo quando o perdemos
O amor que conhecemos
Nos deixa um gosto de mel
O amor é eterno

Tudo isso é muito lindo
Mas quando acaba
Não lhe resta nada
Além de uma enorme dor

Tudo o que agora
Que lhe parece "rasgável"
Amanhã, será para você
Uma lembrança de alegria

Em resumo, eu entendi
Que sem amor na vida
Sem essas alegrias, essas dores
Nós vivemos para nada

Mas sim, me escute
Cada vez mais eu acredito
E eu acreditarei pra sempre
Que é pra isso que serve o amor

Mas você, você é o último
Mas você, você é o primeiro
Antes de você não havia nada
Com você eu estou bem

Era você quem eu queria
Era de você que eu precisava
Eu te amarei pra sempre
É para isso que serve o amor.

(Cantado no original por Edith Piaf e Theo Sarapo. "A quoi ça sert l'amour" - realisateur: Louis Clichy, estudio Cube)

Dica incomparável do Hiro, que compartilha comigo, mesmo que em épocas diferentes, o mesmo lugar da infância.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Pra lá da Martinica

"Por outro lado, eu realmente não consigo me importar com o que os outros falam de mim. Ontem eu estava comendo bolo na recepção e um pouco de geléia pingou no mouse. Ato contínuo, peguei o mouse e lambi a geléia. Quando terminei, vi que um hóspede tinha acompanhado a cena toda.

A princípio eu me preocupei, tipos, que bosta, ele vai achar que eu sou porca e vai contar para a mulher e eles vão me chamar de Gerente Porca e oh meu deus, o que eu faço - mas essa preocupação não durou nem cinco minutos.

Primeiro que amanhã eles vão embora, grandes chances de nunca mais encontrar essas pessoas na vida, que me importa se elas acham que eu sou porca ou não? Segundo que eu sou porca, então não faz muito sentido me incomodar com pessoas falando sobre isso. Se não quisesse ser conhecida como porca, não lamberia mouses em público. Aliás, não lamberia mouses. Ponto."

Sabe, eu amo essa mulher. Sério. De paixão.
Minha ídola.

quarta-feira, agosto 20, 2008

& outros bichos

A quem interessar possa, George Orwell (ele mesmo, o escritor) tem um blog.

segunda-feira, agosto 18, 2008

...

Dinheiro, dívidas, estresse, velhice, desemprego, doença, calor. Nada, absolutamente nada importa quando, num quartinho de hospital, você segue a linha do soro, sobe pela mão miúda largada no lençol, pousa os olhos no rostinho da sua filha - abatido, lábios descorados, olhos fundos refletindo uma dor profunda que pede alívio a você - e, sentindo a mais devoradora solidão, ora:

"Que ela fique boa".

Sim, ela ficou. Finalmente. A todos que me mandaram carinho, o meu muito obrigada.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Apologize



I'm holding on your rope,
Got me ten feet off the ground
I'm hearing what you say but I just can't make a sound
You tell me that you need me
Then you go and cut me down, but wait
You tell me that you're sorry
Didn't think I'd turn around, and say...

It's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late

I'd take another chance, take a fall
Take a shot for you
And I need you like a heart needs a beat
But it's nothing new
I loved you with a fire red
Now it's turning blue, and you say...
"Sorry" like the angel heaven let me think was you
But I'm afraid...

It's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late

It's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late
It's too late to apologize, yeah
I said it's too late to apologize, yeah
I'm holding on your rope, got me ten feet off the ground...



Algumas coisas são imperdoáveis. E não têm volta.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Noturno



Sempre durmo de madrugada - se pudesse, viveria sempre ali, quando as ruas estão vazias e dormem os cães, a poeira sobre os móveis e as folhas nas árvores. Escuta-se um alfinete gritar "Ah!" antes de cair no chão. É nessa hora, em que eu desligo a TV e apago todas as luzes, que vou andar pela casa. Eu não enxergo bem no escuro, então espero os olhos se acostumarem e a pele começar a detectar móveis e paredes para ir à cozinha, passear pelo terraço ou andar pelos quartos.

Minha última parada é sempre o quarto das meninas. Abro mais ou fecho bem a janela, desenrosco as cobertas da confusão de braços e pernas, ajeito os travesseiros, recolho a pobre boneca que, empurrada por uma das 857.595.004 de suas irmãs que dividem com ela uma almofada, acaba no chão.

E me sento na beira da cama e acaricio minhas filhas. A Catatau não resisto fazer cosquinhas, porque adoro o risinho de covinhas que ela me dá, de olhos fechados, e um "Pára, mãe!" que quer dizer "Mais um pouquinho, por favor." Mas ela só recebe. Com Zé Colméia é diferente. Mesmo dormindo, ela acaricia minhas mãos e meus braços, procura no escuro do sono o meu rosto. E naquele momento é aquela que vive dentro de mim quem fala. Suzana sussurra para elas todos os desejos, todas as ambições, todo o belo futuro que ela almeja para ambas. Desfia recordações, fala de gente que amou e deixou pra trás no corredor do passado ou simplesmente na memória, nomes guardados entre os remédios horríveis da infância e as flores que cheirou no dia de sua primeira comunhão.

Esse ritual ela faz todas as noites, porque quem se levanta de manhã é a outra, aquela que carrega nos ombros a responsabilidade de fazer dos sonhos de Suzana, realidade.

Banho de reis

Acabei de descobrir que minha banheira vale R$ 5.500. Nossa, tô podendo.

Lembretes









Porque ele só desenha em post-its.

...

Há dias, toneladas de roupas e sapatos estão deixando suas zonas de conforto para tomarem o rumo de asilos, orfanatos, igrejas e bazares beneficentes - ainda desmontando móveis e jogando fora um passado que já faz um tempinho começou a cheirar mal.

Um dia eu disse que meus 42 anos seriam renovadores. Assim seja.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Um dia após o outro...

CTU meio às moscas. O pessoal está na China, fazendo a segurança das olímpiadas e eu não posso mais entrar lá (na China). Damn it.

Os churrascos da família Bauer não são mais os mesmos. Graem era um canalha, mas mandava bem na picanha.

Teri (RIP) deixou a Kim cair de cabeça duas vezes quando ela era bebê. True story.

Kim pergunta via MSN se tudo bem fazer bronzeamento artificial depois de comer milho ("Ele vira pipoca no estômago?")

Kim diz que o lance do milho era "zoeira" e pergunta se eu acho que ela é tão burra assim. Eu não respondi.

Pausa para o café. Como o médico mandou pegar leve, não vou passar dos 2,5 litros, hoje.

Damn it, parece que tem mesmo MAIS UM TRAIDOR aqui na CTU, aka o lugar com o pior departamento de RH do mundo.

Yes! Funcionário do Mês! Toma essa, Nadia!



Sério, hoje a CTU está cheirando a cadáver.

Ok, a CTU estava cheirando a cadáver porque tinha um guardinha de segurança morto no duto de ventilação. Odeio segunda-feira.

O RH me inscreveu num seminário nesse finde: "Torturei Meu Colega de Trabalho Inocente. E Agora, Como Manter a Relação?".

Adoro colocar a mão no bolso e encontrar uma arma que eu tinha esquecido que tinha.

E vou passar o fim de semana inteiro usando meus crocs verde-exército, que se dane.

... e você descobre que Jack Bauer está no Twitter.

terça-feira, agosto 05, 2008

Em frente



Sábado de chuva. Seis da tarde, lusco-fusco (meu coração prefere essa hora; meu cérebro, o alvorecer. Vai entender uma coisa dessas). A TV sai do ar por alguns momentos e eu me vejo refletida na tela. Estou sentada na cama, a tábua de passar roupas aberta. Um cesto gigantesco vomita o trabalho acumulado das sem-empregada, título de sócia-honorária desde maio deste ano.

Uma camiseta velha, dois números maior do que eu. Chinelos que viram dias melhores, meias idem. Um short que foi, no fim do milênio, uma calça. Cabelos presos de qualquer maneira, óculos, unhas sem esmalte e sem trato. O quarto escuro, silêncio, o frio do fim da tarde.

Olho para a camiseta da Catatau aberta à minha frente, o ferro quente na mão direita enquanto a esquerda alisa os babados delicados acima da estampa de Barbie. Vem uma lágrima, outra, e mais outra. De repente, estou me vendo há 15 anos, toda ambição profissional. Àquela hora, há 15 anos, eu estaria bebendo um chope, me arrumando para começar o sábado com cinema e jantar, vendo se há cerveja suficiente em casa para o pessoal que está chegando para a festa, antecipando o gosto de ver minha matéria publicada ou ansiando o momento de começar a apurar outra.

Voando vertiginosamente para trás, num mergulho que ajuda a tirar o fôlego já tão escasso no meio dos soluços, me vi de pé na encruzilhada em que me foi dito: "Escolha". E eu escolhi.

Por mais que as pessoas digam "Não faça isso, é um erro que você só vai perceber no futuro", há quase dez anos vivo em função das minhas filhas. Vivo por elas, para elas. Parei de investir na minha carreira como jornalista, que me roubaria tempo de ser mãe. Trabalho 16 horas por dia como frila, e parei de procurar um emprego fixo que me dê o plano de saúde que não tenho e benefícios dos quais não usufruo (como depósito no INSS para a minha aposentadoria, 13º e FGTS) porque não achei um trabalho que pague o salário de quem vá buscá-las na escola, levá-las ao médico ou ficar em casa com elas enquanto eu não chego.

Economizo tostões, reluto em comprar o que seja para mim para que jamais eu tenha que dizer não ao que é básico e essencial à sua infância - e não estou falando de roupas de grife ou brinquedos da Mattel. Penso nelas quando alguém se aproxima - e por experiência (de escassez exponencial), a menção da palavra "filhas" transforma o interesse em compromissos urgentes bem longe dali. Entre ele e elas, sempre escolherei a elas.

E assim esse processo, que vem lenta e inexoravelmente se instalando nos últimos três, quatro anos, teve sua conclusão no sábado. Envelhecida, num sábado à tarde passando as roupas das meninas, como faço há um punhado de sábados, já. A tristeza de me sentir tão pouco mulher, tão pouco desejada apresentou-se. Ela está lá, conformada, em silêncio. Como eu, ao guardar nas gavetas as camisetas mornas e perfumadas, ao acomodar os vestidos com cuidado nos cabides.

Esvaziou-se o cesto, o ferro esfriou, o sinal do satélite voltou. A noite veio e eu só acendi as luzes muito tarde. Jantei, dei de comer aos cachorros, li um trecho de um livro de que não lembro mais e fui dormir às nove. O sábado terminou, o domingo veio e foi embora, mas antes trouxe minhas meninas de volta.

Eu escolhi. E, apesar de toda a tristeza e a solidão, não me arrependo.