sexta-feira, outubro 30, 2009

Pelos cabides

[vergonhinha] Com tantas coisas pra organizar (incluindo a rotina das meninas) a única coisa que me preocupa é, veja bem, o que vestir. [/vergonhinha]

terça-feira, outubro 27, 2009

I have a zero page rank

Todos os comentários que são postados aqui eu os recebo na minha antiga conta do Yahoo. De vez em quando passo lá pra dar uma olhadinha, e encontrei esse comentário, referente a esse post (já modificado porque, sabe, fazer BO internacional não tá com nada, não é mesmo minha gente? Então):

Um, you have posted an entire blog post from Pajamadeen here. Please remove it; it is copyrighted material. Generally speaking, one can copy a sentence or two to give the flavor of a post somewhere else, but wholesale copying is plagiarism. In addition, Google penalizes for duplicate content - I have a page rank of 4 at Pajamadeen and you have a zero page rank. Guess who Google will penalize for the duplicate content? (Hint: Not me).

While I'm flattered that you like my writing, please remove this post other than a sentence or two of it, or I will file a copyright infringement complaint with Google as well. Thank you.

Pajamadeen at Pajamadeen.com


Eu respondi:

Plagiarism (Google):

a piece of writing that has been copied from someone else and is presented as being your own work the act of plagiarizing; taking someone's words or ideas as if they were your own
wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn

Plagiarism, as defined in the 1995 Random House Compact Unabridged Dictionary, is the "use or close imitation of the language and thoughts of another author and the representation of them as one's own original work. ...
en.wikipedia.org/wiki/Plagiarism

plagiarized - plagiaristic: copied and passed off as your own wordnetweb.princeton.edu/perl/webwn

plagiarize - To use, and pass off as one's own, someone else's writing/speech
en.wiktionary.org/wiki/plagiarize

the reproduction of someone else’s words, ideas or findings and presenting them as one’s own without proper acknowledgment. ...
www.latrobe.edu.au/transition/uni-speak.html

Using another person’s work without giving credit.
www.usd.edu/library/instruction/glossary.shtml

The act of appropriating the literary composition of another author, or excerpts, ideas, or passages therefrom, and passing the material off as one's own creation.
ucblibraries.colorado.edu/about/glossary.htm

using someone else's writings or ideas and passing them off as your own.
lib.gccaz.edu/lmc/help/library_terminology.html

Claiming another person's written material as one's own. www.gale.cengage.com/free_resources/glossary/glossary_p.htm

You're welcome.


Because, you know my friends, bullying actually is all around.

Céu digratis



Pra quem (ainda) não lê "As filhas do dono":

Joelma disse...
se tu precisar e companhia pra pisar na cabeça da serpente, ME CHAMA!

Rose Foncée disse...
eu só quero mergulhar na piscina sagrada pra tirar a maria cadela, entidade da yoga, que se apossou do meu corpo e me fez ter hemorróidas. tudo, menos hemorróidas!!!!!

Hellen disse...
Fora que o Pastor Silas é a cara do Norbit... rsrsrsrsrs.

Hellen disse...
Fora que "Tiramos: Chico Xavier", "AidEs". COMO FAZ???? rsrsrsrsrs.

E tadinho do Chico Xavier: desde quando ele foi promovido a encosto??? rsrsrsrs.

Hellen disse...
Ai, meu Deus. Apaga essa imagem daí porque cada coisa que leio, volto aqui pra comentar:

Concorra a uma Monark SEMI-nova... Putz, semi-nova é sacanagem!!!! rsrsrsrsrs.

Hellen disse...
Detalhe: semi-nova com RAIO GROSSO (????)!!!!!

Ai, vou ter cãimbras faciais já, já de tanto rir...

(É assim que escreve cãimbra?).

Suzana Elvas disse...
Hahahahahahahahaha!
Sacanagem é ser Monark - essa marca AINDA existe?

Asma, ai... tô com asma...

:: Consuelo :: disse...
Alguém em diz como se cura amputação, ligamento de trompa? E essa de perdoar os esposos? Putz... e esse tal RPG (descarrego de reeducação postural global?).

Suzana Elvas disse...
Num dá pra ficar longe desse post.

Naruto (pobrezinho) tá na lista das drogas (além dos video gueimes, craro).

O pastor vai a domicílio de moto (tarifa não incluída).

E dá pra dividir no carnê!

Apaga isso, Rose. Eu não vou conseguir trabalhar hoje.

Anzol e entrelinhas



Faz tempo que eu procuro alguma coisa interessante para ler. Por ficção joguei a toalha faz tempo: já estava com varizes de ficar em pé na livraria pescando um trecho ali, um parágrafo acolá, em busca de algum peixe que fisgasse a mim. Até que me dei conta que, na verdade, procuro em água doce o que nada em pleno mar. Jamais pescaria nada que prestasse.

Não me lembro qual foi o último livro de ficção que li. Minto; lembro, sim: "Monte Verità", devorado em menos de duas horas. Mas assistindo um episódio de uma das minhas séries favoritas, me peguei discutindo com Zé Colméia (que é fã, também; dez anos de Umbral por viciar a menina) porque aquela série era legal e outros seriados, não.

"Bom, a história é doida mas é como se fosse de verdade, né? Quer dizer, você ACREDITA que é possível acontecer. Porque toda a história, todos os detalhes, os personagens, a história do povo, é tudo bem amarradinho, então não sobram perguntas pra se responder. Está ali, e eles lembram cinquenta episódios depois que o fulano fez isso - e as consequências aparecem então agora."

Pois é isso que eu estava procurando num livro de ficção. A história bem amarrada. O clímax/anticlímax. A vontade de ver aonde o autor me levaria. Pois eu não encontro mais isso. Todos os autores querem me arrastar praquele programa cinema/restaurante/motel/depois-te-ligo. Ninguém me convida pra ir ao circo, ou a um festival de balões, ou pra um churrasco de amigos em Magalhães Bastos. Não. Cinema/restaurante/motel/depois-te-ligo.

Então eu larguei ficção e comecei a olhar - de novo - pra não-ficção. Comecei a olhar para a minha estante, onde dormem inúmeras biografias que eu não terminei de ler (a de Mao Tsé-Tung foi a última). Meus livros de Carl Sagan, herói da minha infância e que chorei a saudade revendo "Contato" esses dias. Georges Duby, Eric Hobsbawn, Peter Singer, Jean Baudrillard, Roland Barthes (dele, apenas a introdução de "A câmara clara" é o que levarei comigo, porque a idéia contida em "vi os olhos que viram Napoleão" é uma das que me perturbam a cabecinha desde meus oito anos) e outros. E foi Michio Kaku e "A física do impossível" que me fisgaram com pouca linha e quase nenhuma isca na feira do livro ali do Largo do Machado.

Canela, orégano, salsinha, cravo, noz moscada. Estrelas, costumes, guerras, fotografia e o olhar do homem. Qualquer coisa, por mais boba que seja, muda o sabor e o rumo da vida.

A novela mutante

Agora, além de febre baixa e persistente, estou com os braços e as pernas cobertas de manchas vermelhas, esquisitas.
Se eu começar a descascar, falar outra lingua e subir pelas paredes, eu aviso. Por enquanto, só está difícil me concentrar.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Logo ali



Aposto que você não sabe quem é Mike Eley. Eu não sabia até ontem (ou, pelo menos, não ligava o nome ao filme :o). Mas ele é o homem que me faz chorar, de vez em quando. E que fez Catatau, ontem, cair em prantos em questão de segundos.

Mike Eley é o autor das imagens de pessoas extravasando sua saudade e sua alegria no portão de desembarque do Aeroporto Heathrow, em "Simplesmente amor" (Love actually). Eu começo a chorar logo no início. E não paro no final.

Whenever I get gloomy with the state of the world, I think about the arrivals gate at Heathrow Airport. General opinion's starting to make out that we live in a world of hatred and greed, but I don't see that. It seems to me that love is everywhere.

Often it's not particularly dignified or newsworthy, but it's always there—fathers and sons, mothers and daughters, husbands and wives, boyfriends, girlfriends, old friends. When the planes hit the Twin Towers, as far as I know none of the phone calls from the people on board were messages of hate or revenge—they were all messages of love.

If you look for it, I've got a sneaky feeling you'll find that love actually is all around.


(Sempre que me sinto triste com a situação do mundo, lembro do portão de desembarque do aeroporto de Heathrow. A opinião geral é a de que vivemos num mundo de ódio e ganância, mas eu não concordo. Para mim o amor está em toda parte.

Muitas vezes não é respeitável ou particularmente interessante, mas está sempre lá, entre pais e filhos, mães e filhas, maridos e esposas, namorados, namoradas, velhos amigos. Quando os aviões atingiram as Torres Gêmeas, até onde eu sei nenhum dos telefonemas das pessoas a bordo foram de ódio ou vingança; eram somente mensagens de amor.

Se prestar atenção, tenho a ligeira impressão que você vai descobrir que o amor está por toda a parte.)

quinta-feira, outubro 22, 2009

Plano B

Amanhã eu tenho uma entrevista de emprego.
E estou (tempo real) com 39,2°C de febre.
Se não der tempo de refazer a henna vermelha no meu cabelo... Bom, as chamas na cabeça já estão garantidas.

quarta-feira, outubro 21, 2009

...

Quem acompanha as desventuras em série de Suzaninha sabe que eu tenho três cachorros. Enfim. Tenho novos vizinhos há uns seis meses. Casal sem filhos. Com três meses reclamaram do barulho dos cachorros. Expliquei, por cima do muro, que a ocasião do ano era terrível, porque as duas cadelas estavam no cio. Mandei o povo canino lá pra frente da casa, botei mordaça no fervor masculino e passaram-se as semanas na paz. Ou, pelo menos, assim eu pensava.

Só que eu moro em Santa Teresa. E em Santa Teresa tem gato saindo pelo ladrão. Na maior parte do tempo eles não incomodam - são tantos que os cachorros nem ligam muito. Quando começa o furdunço por causa de um eu acordo e mando o povo calar a boca e o silêncio recai sobre nosso sacrossanto lar.

Ontem dois gatos começaram a brigar na rua lá pela meia-noite. Cio dantesco. Batalha campal. Gritos de guerra histéricos. Os meus cachorros - e os de toda a vizinhança (meu vizinho de baixo tem um, a mãe dele que mora em frente tem uns três, o vizinho à direita dela tem dois poodles, o da esquerda já perdi a conta de quantos) latiram a noite inteira. Todo mundo entubou porque não tinha jeito - os gatos paravam um tempo e voltavam, mais histéricos ainda.

Quatro da manhã e os vizinhos surtaram. O homem, então, passou a guinchar, urrar e socar o meu muro e as paredes. As meninas acordaram assustadíssimas, chorando e gritando. A mulher dele berrava do lado de lá do muro como se a culpa fosse só minha pelo inferno sonoro.

Tranquei os cachorros na frente da casa. E o homem continuou. Berrou na varanda da frente. Urrou por cima do muro. Socou a parede do quarto das meninas. Assustador. Tanto que os gatos sumiram do mapa. Fez-se um silêncio sepulcral.

Saí hoje de manhã e deixei os cachorros trancados na frente de casa, com medo do que ele possa fazer aos três. Eu moro naquela casa há oito anos. Nunca ninguém reclamou dos cachorros. Eles latem como cachorros latem. Mas o casal escolheu dormir no quarto colado ao muro - então até pesadelos de um dos cachorros acorda os dois.

Estou até agora sem saber o que fazer.

terça-feira, outubro 20, 2009

Hoje

Tem dia que você quer desistir. Mas tem dia que você levanta e diz que esse é um novo dia.

Tem dia que você quer dormir abraçadinho com suas filhas. Comer queijo o dia inteirinho. Enfiar banana na lata de Nescau e acabar com o cacho inteiro. Mandar alguém rasgar os pneus e arranhar com chave o carro do seu ex por ele fazer sua caçula chorar até dormir, soluçando.

Tem dia em que você quer ficar o dia inteirinho vendo televisão. Ou pintar os quartos de verde ou lavanda (se você tivesse dinheiro). Quer dizer na cara daquela velha muito velha que é falta de higiene cuspir na rua. Que você quer os R$ 0,02 de troco que o caixa das Lojas Americanas se recusa a te dar.

Tem dia que você não quer encontrar ninguém (e, obviamente, dá de cara com algum ex-colega de redação). Tem dia que você quer ligar para a Cristiane, para a Dita ou para a Deh, mas não sabe o telefone e, se sabe, não sabe o que dizer.

Tem dia em que você quer passar a tesoura no cabelo. Que você quer dizer que se dane, não gosto de Hélio Oiticica. E estou me lixando que pegou fogo na casa que era dele. E que os artistas que lamentam "a perda de obra tão significativa para o panorama histórico cultural brasileiro" deveriam ter pensado nisso antes de deixar o acervo encostado numa casa caindo aos pedaços (porque eu frequentei aquela casa por anos).

Tem dia que você quer enfiar o dedo na cara daquela mãe e dizer que, se a filhinha dela diz que é classe alta e tem nojo das roupas da minha filha, que ela mude a preciosa de escola pra ficar beeem longe da gentalha, mas magoar minha filhota ela não vai mais, não - ou eu sento a mão na guria.

Tem dia que, sabe?
Pois é. Tem dias assim.

segunda-feira, outubro 19, 2009

...

Gripada.
Muito.
De novo.

*suspiro*

quarta-feira, outubro 14, 2009

Passaporte



Eu me lembro quando eu viajava. Muito. E o meu maior barato não era o destino - claro, sempre é - mas sim a oportunidade de vida. E não estou falando de "alargar horizontes". Estou falando de realizar todos os seus sonhos de infância, as suas fantasias mais loucas, os seus desejos mais doidos de uma existência que você não tem - nem terá.

- Ahn, como vamos viajar umas quatro horas nesse avião apertado, bem... Vou me apresentar: Fulano.
- Oi, eu sou Pilar.
- Nossa, que nome diferente! O que você faz?
- Sou arqueóloga. Egiptóloga, na verdade.

...

- Prazer. Sofia.
- Oi, Sofia. Você está viajando de férias?
- Um pouco. Vou também a trabalho.
- Você faz o quê?
- Sou restauradora de obras de arte.

...

- E eu sou Manuela.
- E você faz o que pra viver?
- Sou ilustradora de livros infantis.

...

- Vôo demorado, não?
- Passa rápido.
- Sou Sicrano. E você é...?
- Isabel.
- De férias?
- Não, estou indo buscar um cavalo para o haras onde trabalho.

...

- Bom viajar, não?
- Eu gosto muito.
- Eu me chamo Beltrano. E você é a...
- Chantal.
- Nome francês, é?
- Nome da minha avó.
- Ah, e você trabalha em que, Chantal?
- Sou bióloga-estagiária no Parque Nacional Kruger. África do Sul. Mas estou de férias, sabe?

Não é o máximo? Reinventar sua vida inteirinha em poucas horas. Não sei se é patológico, se é certo, se é legal ou ilegal. Só sei que sempre me diverti muito - e, muitas vezes, tornou o destino e o objetivo da viagem muito menos doloroso.

Piscadela

Estou me especializando em aguentar uma, duas horas de filme para cochilar nos dez minutos finais - e perder quem é o assassino.

Então; alguém viu "Lie to me" ontem? Alguém pode me dizer quem matou a garota, plizi?

terça-feira, outubro 06, 2009

Quem tem?

Eu não sei nem como falar isso sem soar repetitiva. E eu entendo que são momentos distintos, embora acredite bastante que ainda vivemos sob a "ética" da contracultura. Mas eu não poderia ficar mais incomodada do que eu estou. Com isso da mãe da menina. Que a mãe da menina deixou ela ir na casa do Jack Nicholson com o Roman Polanski. Olha. Se eu aprendi uma coisa estudando feminismo foi isso. Que a tentativa de trazer para o reino doméstico é um truque. E é super perigoso porque às vezes isso acaba nos servindo. E então jogamos também com isso. No reino do doméstico a gente sabe o que existe. É afeto que existe. E quando Gloria Steinem e o pessoal falou que "o privado é público" tava dizendo isso aí. Que temos que tirar da esfera do afeto e colocar na esfera dos valores. Redefinir os valores a partir dessas experiências que eram comuns a várias mulheres e acabavam relegadas a um conflito entre pessoas. Coisa que não é. Ou que também é. Mas não é apenas. Então a gente pode encontrar 500 mil mulheres que afirmam adorar cozinhar, lavar e passar pro marido e pros filhos e ainda assim vale a pena lutar para que ela possa não lavar. E ainda que aborto seja uma decisão pessoal e intransferível, a luta é por valores (como é óbvio nesse caso). Então *o* caminho do feminismo é esse. Pegar tudo do privado e desvelar. Eu não sei se alguém discordaria desse resumo. O que faz principalmente o feminismo? E a resposta ainda é essa, eu acho. Transforma sofrimentos privados em questões que interessam a todos nós. O feminismo é um humanismo. Quem me disse isso foi Naomi Wolf, a primeira vez. E a gente nota mesmo um monte de coisa. Que o espaço doméstico, ainda que seja domínio feminino, é o local onde se acua a mulher. Por ela ser a tal "rainha do lar", é em casa que não pode se defender. Então se a gente tá falando de um problema qualquer. Tipo os salários são menores. Você percebe que a panela não ferve. São menores e as mulheres devem continuar lutando e é mesmo injusto quando elas fazem a mesma função que os homens. Não ferve. Por isso é que mandam a gente pra casa, mesmo quando o assunto é da rua. Porque supostamente a colocam na condição de dona do pedaço. E aí ela tem que responder e dar conta do pedaço. Toda a vez que alguém diz uma coisa do tipo "onde que está a mãe dessa criança?", eu fico ressabiada. Primeiro pelo óbvio. Por que não perguntam cadê o pai? Quando não perguntam cadê o pai e martelam sem parar cadê a mãe. Já sei. Que vem machismo dos bravos. Que vão acuar a mulher no doméstico. Veja que ela deveria estar reinando em casa quando tudo desandou. Foi durante o mandato dela e tal. Mas tem a outra coisa. Que é a tentativa de não deixar o assunto vir pro público. Onde teria que se confrontar com valores e racionalismos e não mais com afeto. E lamento. Aí a gente vê que não querem que o assunto "suba". E ficam dizendo "a menina perdoou o Polanski", "a mãe não deveria ter deixado", "ela nem era mais virgem". E eu não vejo o que eu tenho a ver com isso. Tipo essas três coisas aí. Nenhuma delas é da minha conta. Começa a ser da minha conta naquele momento ali. Que há muitas meninas sendo jogadas em banheiras. E elas realmente não podem se defender. Então nós tentamos fazer isso. De forma bastante rudimentar. Com leis para punir quem as joga nessas banheiras. E com oxigenação da esfera doméstica, para que as meninas tenham coragem de nos contar. Ela teve. E contou pra mãe. E a mãe foi na polícia. E eu acho que assim estamos indo bem. E pá. Tem gente que volta o dedo contra a mãe. Para quê? Pra trancar o assunto em casa? DE NOVO? Foi tão difícil tirá-lo de lá. Eu vejo mulher que apanha do marido. E dá queixa e volta com o cara. E eu não fico tão tensa. Sério. Ela já fez um lance que eu acho fundamental. Ela já falou que apanha. Tenho sempre medo do silêncio. De tudo que acontece e fica trancado. Daí que fico puta da vida dessa tentativa de tentarem trancar a mãe e a menina. Caminho inverso. Tornar privado, o público. Vixê. Mas não entendo MESMO. É caso de polícia, não é caso de família.

Claro que danos subjetivos sempre ficam. Talvez a mãe da menina tenha tido culpa. Eu imagino o quanto ela não ouviu. No meu caso específico, até hoje. Toda vez que eu me lembro, eu penso. Eu deveria ter voltado de táxi. Não voltei. Me fudi. Etc. Meu tio falou. No dia. Também, pq vc não pegou um táxi? Não peguei. E isso não dava autorização nenhuma para me obrigarem a fazer sexo. Era 9 da noite, eu respondo. Mas, né? Nem que fosse as 4 da manhã. Eu não faço sexo se não quero. Se me obrigam, é um crime. Não pode ser tào difícil entender isso. Tem como soletrar mais?


Mary W.

...

Preciso de um advogado - um EXCELENTE - em direito de família.
Alguém conhece algum?

sábado, outubro 03, 2009

Acorda, Brasil!

- Mamãe, mamãe, vai ter Olimpíada no Brasil!
- E a gente vai poder ir, né mãe?
- Claro! Já vou começar a juntar dinheiro para as cerimônias de abertura e de encerramento.
- E a gente vai poder ver tudo lá na frente, né?
- Vai, mas vocês já sabem, né? Vai ter um muuuuundaréu de gente. Todo mundo de mão dada pra não se perder, e pulserinha no punho com telefone e...
- [...]
- Que foi?
- Mãe?
- Mamãe?
- Sabe o que é? Eu vou ter 15 anos...
- ... e eu vou ter 17. A gente vai MESMO precisar andar de mão dada e com pulserinha de nome?

sexta-feira, outubro 02, 2009

...



No dia 17 de novembro de 2007 eu perdi uma pessoa muito querida, a menina que usou bravamente o bagaço de limão que a vida lhe dera e fez dele um banquete onde me fartei generosamente. Carolina, esse era o nome dela. Depois que ela se foi, acompanhei por um tempo sua mãe tentando se reeguer, voltar a viver sem aquela que fora sua companheira por tanto tempo de luta e solidão.

O pai de Carolina foi ausente desde que trouxeram da sala de parto aquela menina com o rosto deformado - sumiu pelo mundo duas horas depois de sair da maternidade; sua mãe, Maria, era "Senhora soberana". Queriam chamá-la também de Anunciação, mas o avô de Carolina não deixou: se é para ter nome duplo que fosse Daniela - "Deus é meu juiz". Maria Daniela era Danusca pra muita gente, inclusive eu, porque ela não gostava de Danny ("Isso é coisa de adolescente; tenho muito cara de velha pra ter gente me chamando de Danny"). Baixinha, era "Troco" para minha irmã, que terminou tomando meu lugar ao lado dela quando eu me mudei para o Rio. Era "Mamili" como Carol gostava de chamá-la, principalmente quando queria alguma coisa ou quando a via irritada com a vida em geral e com as pessoas em particular.

Minha amiga ontem foi dormir e não acordou. Porque no meio de tantas coisas que ficaram da filha estavam os remédios que a ajudavam a suportar a dor - e que minha Danusca usou para debelar o seu próprio sofrimento. Ela jamais conseguiu lidar com a perda daquela que era, no fim das contas, o motor que empurrava sua própria vida. Porque, como minha amiga dizia, "tudo muda quando a gente vê que sua filha sequer pode apreciar um picolé que custa centavos; o que vale o dinheiro, então?"

Danusca deixou tudo arrumado. Separou em vida o que não valia a pena ser guardado. Deixou em caixas separadas o que queria que seus amigos recebessem - porque ela não tinha mais família; sua família éramos nós. Não deixou uma conta sem pagar, todos os recibos organizados, seu enterro acertado.

Maria Daniela e Carol. Eu choro não por causa da vida das duas. Elas se conheceram, e o mundo hoje - meu mundo, pelo menos - é melhor por causa delas. Eu choro porque não consegui me despedir de nenhuma das duas. Porque Danusca não me avisou que ia partir assim. Porque elas foram embora e eu fiquei aqui. Chorando meu egoísmo de querer ter as duas, sempre, ao meu lado.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Para sempre Catatau

- Mamãe, já escolhi meu presente de Dia das Crianças!
- Você sabe que eu não dou brinquedo - isso é com Papai Noel.
- Mas não é brinquedo!
- Então... é o DVD novo da Barbie?
- Não.
- O do High School Musical 3.
- Não, não quero nenhum DVD. Nem CD.
- Uma jaqueta nova?
- Não.
- Um gloss da Nívea.
- Não, mãe!
- Hum... Não sei.
- Desiste?
- Desisto.
- Eu quero uma panela de fondue!