quinta-feira, julho 05, 2007

Há seis anos



Exatamente como você ri - aquela risada gordinha, que começa lá no fundo do peito e se espalha por todo o seu corpinho, sai pela boca e pelos olhos e lembra, em cada nota, o riso de um bebê - está o dia hoje: ensolarado, feliz. Assim que acordou, você pulou da cama e começou a dançar, fingindo não ouvir o mau humor matutino da sua irmã: "Seis anos, seis anos, hoje eu tenho seis anos...!"

Seis anos. Passou tão rápido! Desde a gravidez tão perturbada até o pacotinho de dedos rechonchudos (e não é à toa que sua avó chama você de "neném furinho" até hoje :o) e unhas já compridas, prenunciando a preguiça que você tem de fazer as coisas - até nascer. Mas quando faz... é uma delícia de se ver. Porque o que muitas vezes se pensa como preguiça é, na verdade, paciência. De colorir cada pedacinho, de montar o mesmo quebra-cabeças vezes sem conta, cada vez começando de um canto diferente do desenho.

Para comer - um dos seus mais refinados prazeres - com o dedo mindinho esticado. Toda a comida separada, nada se tocando, cada sabor sem misturança com o sabor vizinho: primeiro os legumes, depois a carne, adiante o arroz com feijão ("Ahhhhhhh, eu não vou - NÃO VOU! - comer feijão com caroço! Odeio casquinha de feijão grudada na boca. O-DEI-O!"). Uma hora e dez minutos depois, você delicadamente limpa os lábios, bebe o suco e pede, miando: "Mamãe, e a sobremesa?" Porque refeição sem sobremesa não é refeição: é apenas... comer.

Como Zé Colméia é uma mestra aplicada, você está desenhando à perfeição - e, Deus perdoe essa mãe - melhor que sua irmã. Seus desenhos não são apressados, nervosos. São lentos, cuidadosamente bem-acabados. Os detalhes contam, você sabe. Por isso você termina uma festa exatamente como começou: impecável, fivelas no lugar, anel no dedo carnudinho e cabelos em ordem. Dá a mão à sua descabelada, suada e amarrotada irmã e lá vamos nós, eu e Zé Colméia como um barco tentando vencer esse rio tão turbulento que tem sido nossas vidas, mas sempre com a certeza de ter, no escuro, o farol morno e carinhoso do seus olhos para nos guiar.

Feliz aniversário, Catatau. Você tem muitos sonhos e o dom de fazer com que eles se realizem, de uma maneira ou de outra - qualquer que seja a roupa, por baixo da pele você sempre vai carregar um vestido de princesa.

4 comentários:

anouska disse...

ai, ai, ela é tão linda e fofinha, né? tudo isso que você falou e mais um pouco. lembro do ano passado, com aquele vestidinho branco parecendo uma boneca... parabéns pra catatau. e que ela sempre te inspire a escrever coisas belas como esse post.


off topic: amiga, o fim do semestre está chegando, logo a isaura aqui ganha uns dias de liberdade. vamos marcar um café com a ana? pode ser aqui em casa. bjs

off topic2: letrinhas irritantes de hoje: SSUXLCF. grrrrrrrrrr!!!!!

Marilia disse...

Afe, Suzana! Estou aqui recuperando o fôlego. Imagina daqui a muitos anos, quando suas meninas descobrirem os lindos textos que você escrevia pra elas...que presente!
Parabéns pra Catatau e pra você, que é essa mãezona carinhosa e tão talentosa.
Um beijão.

Anônimo disse...

Lindo post. De emocionar qualquer um. Parabéns pra Catatau.

Ana disse...

Su, esse foi o texto mais lindo que já li na minha vida. Tô emocionada. Sua família é linda!