Eu tenho 40 anos, já em vias de fazer 41. Preparo originais para grandes e médias editoras. Atualmente, estou escrevendo, por encomenda, quatro livros de não-ficção.
Fui repórter, chefe de reportagem e editora de um grande e de um médio jornal. Já trabalhei numa grande produtora de filmes, vídeos e comerciais; já chefiei a criação de dois megaportais na internet.
Já fui assessora de imprensa de uma multinacional de bebidas, de uma rede de resorts, de uma cervejaria, de um mega laboratório farmacêutico - todos ao mesmo tempo.
Sei planejar, escrever, montar e editar um site, uma revista ou um jornal - de que tamanho (e tiragem) for. Faço edição de som e imagens - vídeo, filme, fotos.
Sei cozinhar o trivial e o refinado. Cozinho para dois ou para duzentos. Planejo eventos - de qualquer tipo, mesmo que seja preciso (como já foi uma vez) conseguir botar um veleiro para navegar bem no miolo de Minas Gerais.
Estudo, pesquiso, me atualizo. Uso a maioria das geringonças modernas - seja que máquina ou programa for. Danço flamenco e canto o erudito. Na vida já tive aulas de helicóptero e saxofone. Sei fazer culturas biológicas em placas de Petri ou análises num espectrômetro de massas; entendo perfeitamente bulas de remédios e tenho um diploma da Cruz Vermelha dizendo que sou apta (com louvor) a ressucitar cardíacos, afogados e acidentados.
Cursei duas faculdades. Falo e escrevo bem, além do meu idioma, francês e espanhol. Falo e escrevo razoavelmente bem (porque aprendi sozinha) inglês. Tenho pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas e três mil livros.
Sou legal, né? Contemporânea, atualizada, up to date. Só que há um mês comecei com uma tosse chatinha. No começo seca, depois não mais. Tomei litros de xarope, fiz horas de nebulização. E a tosse chatinha, lá no fundo do pulmão, não foi embora. Na sexta, tive um acesso tão violento que tossi quase literalmente até desmaiar. Já sentindo vertigens, larguei o trabalho e corri para uma clínica-hospital, do outro lado da rua. Depois de me cutucar e auscultar, perguntar até os hábitos alimentares dos primeiros australopithecus que usaram meu sobrenome e fotografar meus pulmões, o médico foi taxativo: tuberculose.
"Ah, mas não se preocupe. Isso matava antigamente, no tempo do José de Alencar, viu? Hoje tem tratamento rápido e você vai ficar nova!"
Bom ser atendida por um médico letrado que leu José de Alencar - tão moderna e culta eu sou, a tísica. Deus, até a palavra é velha.
quarta-feira, junho 13, 2007
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10 comentários:
Um post delicioso.
Uma mulher maravilhosa que está doentinha. Ponto.
Nada de desespero, só bom humor.
Menina, você não existe!
Eu gosto muito de você!
beijocas
Suzana!
Vai dar tudo certo!
Conheço uma pessoa que foi diagnosticada tb - porém tardiamente, com um tipo raro - e hoje está lépida, teve uma nenê linda de morrer e nunca mais deu um pigarro.
Fique tranqüila. Mesmo.
Isso é fichinha pra uma mulher fortona que nem vc.
Beijo grande.
Melhoras, Suzana! Fiquei impressionada com seu "curriculum". Eu tambem sabia fazer culturas em placa de petri, mas esqueci. bjs
Mas que currículo! Como é que você não ganha rios de dinheiro? Só tem débeis mentais nos RHs deste país?
Meu pai já teve tuberculose também, quando estava no Exército. Era filhinho de mamã e não comia as comidas que eles davam, preferia trocar o prato principal pela banana da sobremesa de algum colega. Fora o trauma que ficou (ele vive dizendo para a gente comer bem, para não "pegar uma fraqueza e ficar tuberculoso"), a doença não deixou vestígio algum.
Um abraço forte e cuide-se muito bem, ouviu?
P.S. Como estamos no século XXI, você não poderá ir passar um período de repouso em um sanatório na serra, tossindo em lencinhos brancos rendados!
Uau pra tudo que vc fez e sabe fazer.
melhoras pra vc dessa doença tão... romântica.
:***
recomendo... para os dias de convalescência, A Montanha Mágica; Thomas Mann. O que mais posso dizer senão te desejar melhoras.
Nossa, que mulher mais romântica! E fiquei impressionada com seus dotes. Quer casar comigo?
Melhoras...
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