quinta-feira, outubro 11, 2012
Acontece agora
Terça, 15h: Zé Colméia, chegada da escola, diz que brigou com uma das meninas do grupo e vai fazer o trabalho de geografia para ser entregue no dia seguinte, sozinha (aka comigo, of course). Espalhamos dois sacos de 100 litros de sucata na sala e começamos.
Quarta, 1h: Zé Colméia dorme pro cima de caixas de ovos. Eu ainda levo duas horas para finalizar a "casa que quatro cômodos de um morador com problemas de excesso de consumo".
Quarta, 3h20: Consigo me deitar.
Quarta, 3h50: O cachorro grita na cozinha porque não consegue levantar para beber água.
Quarta, 4h15: O cachorro grita na cozinha porque foi levantar e entalou embaixo da mesa.
Quarta, 4h52: O cachorro grita na cozinha porque não consegue levantar para fazer xixi.
Quarta, 5h: O cachorro grita lá fora porque escorregou e caiu numa poça de xixi, o que demanda lavar um golden retriever de 50 quilos com lenços umedecidos para bebês.
Quarta, 5h30: Lembro que não fiz nada para o lanche do Dia das Crianças da Catatau. Preparo sanduíches e faço a jato uma garrafa de mate.
Quarta, 7h: Despejo as crianças na escola e vou para a rodoviária.
Quarta, 7h50: Rumo a Friburgo, onde meu pai será operado. O homem ao meu lado tem um cacoete horrível de fungar alto a cada 0,8 segundo - faz isso por duas horas e meia.
Quarta, 11h: Chego no hospital. A cirurgia que seria às 9h é postergada para as 15h30m. Fico no quarto como acompanhante, o que dá à minha mãe a oportunidade de ter algumas horas sem alguém em jejum e com um tumor de 8cm na cabeça reclamando de tudo e se escondendo da enfermeira, que quer dar "uma injeção nas minhas pernas para que eu nunca mais ande."
Quarta, 17h: Meu pai começa a ser preparado para a cirurgia. Chega o neurocirurgião. Sigo para a rodoviária. As meninas estão na casa de uma professora, me esperando.
Quarta, 17h55: Pego o ônibus rumo ao Rio. Uma menina atrás de mim chuta a minha poltrona a viagem inteira.
Quarta, 20h45: Chego na rodoviária. Uma fila gigantesca para pegar um táxi. Consigo recolher as meninas uma hora depois.
Quarta, 22h: No supermercado, comprando ração para os cachorros.
Quarta, 22h45m: Chegamos em casa. Zé Colméia precisa refazer o trabalho - a professora diz que a casa tem que ter visão horizontal (caixas de sapatos montadas umas sobre as outras) e não vertical (como montamos, dentro de uma caixa de papel sulfite). Por gentileza, faleça, mestra.
Quinta, 2h30m: Zé Colméia desmaia sobre uma pilha de papel camurça. O cachorro grita na cozinha porque não consegue levantar para fazer xixi.
Quinta, 4h50m: Finalizo o trabalho. O cachorro grita na cozinha porque não consegue levantar pra beber água.
Quinta, 5h: Tomo café da manhã - se dormir não vou conseguir acordar as meninas na meia hora seguinte.
Quinta, 6h30m. Despacho as meninas para a escola. Enquanto sonho acordada com o meu travesseiro, a locadora liga - quer finalizar a inspeção da casa e só tem esse dia antes do feriado e, pra falar a verdade, está lá embaixo no portão e viu as meninas saindo e pode ser agora?
Quinta, 10h30m: A locadora sai.
Quinta, 10h35m: A escola liga. Zé Colméia está vomitando. Entre um ai quero minha mãe e outro, confessa que comeu sete churros escondido na hora do recreio.
Quinta, 11h15m: Vou buscar Zé Colméia na escola. Passo num hortifruti para comprar frutas.
Quinta, 12h30m: Vou buscar Catatau na escola. Ela ainda está almoçando. Enquanto espero, combino três visitas para orçamento de empresas de mudanças/pintura/impermeabilização de assoalho.
Quinta, 16h: Depois de encomendar ração, passar no banco, pagar contas, comprar remédios, lavar e pendurar duas máquinas de roupa, estou saindo para fazer o supermercado do feriado.
A única coisa que me mantém em pé é a eletricidade estática. Sou um experimento da física humano, ao vivo e a cores, em tempo real. Também estou vendo coisas, mas é melhor pular essa parte.
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2 comentários:
E de repente eu já não me sinto tão cansada assim...
Eu acompanho teu blogger a muito tempo...acho que nunca comentei...fico sem jeito sei lá...
a verdade é que me inspiro muito no teu jeito de ser mãe... e de se organizar na bagunça do dia a dia (ou não)Enfim, só para te deixar registrada minha sincera admiração!!
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