quarta-feira, julho 04, 2012

Sem noção

Eu disse e repito: quanto mais velha fico, menos paciência tenho. Carros que param na faixa de pedestres ou que avançam o sinal usualmente já são premiados com um "Idiota!" - a depender do meu humor, dito entredentes ou em alto e bom som. Mas o que me espanta é a desenvoltura com que as pessoas estraçalham as divisas entre o seu e o direito alheio.

Há poucos minutos desceu a rua uma manifestação de professores. Cantavam "Pra não dizer que não falei das flores". Eu, a espírito-de-porto encarnada em total esplendor, me faço de desentendida e pergunto pra um mestre "Nossa, que música forte! É de vocês?" Resposta: "É música oficial de passeata. Quem fez deve ter sido algum funcionário em greve, e aí pegou!" E aí pegou, pensei eu antes de quase ser atropelada por uma faixa "Abaixo a ditadura". E pára o carro de som na porta do hospital. "Vamos gritar o mais alto pro governador ouvir: Fora, Cabral!" E o povo: "Fora, Cabral!" E o cara no som, "Abaixo o capitalismo espoliante!" E o povo, "Abaixo o capitalismo espoliante! Êê, fora, Cabral! Êê, fora Cabral!". Debaixo das janelas do hospital. Por meia hora.

"Moça, vocês estão na frente do hospital! Não dá pra fazer isso mais abaixo na rua?
"Aqui é o mais perto do palácio que dá pra chegar. Os doentes aguentam!"
Os doentes aguentam.

Mas eu não. Tô cheia.

Um comentário:

Tina Lopes disse...

Guria, que inferno.
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(amei teu comentário lá no bloguitcho. Saudadinha)