Por que nunca ninguém me disse como ela é ótima? Pau pra toda obra, supereficiente, facinha de achar, botar pra trabalhar e pagar - e o que é melhor, resolve praticamente tudo?
Como - COMO? - amiga leitora que vem aqui quase nunca, como você nunca me disse que ela faz maravilhas?
Deus meu, como eu consegui viver até hoje sem cola quente?
quarta-feira, abril 27, 2011
terça-feira, abril 26, 2011
Oremos
Então. Todo mundo já está sabendo que o céu desabou a noite passada aqui no Rio. Como eu moro numa casa velha (meus vizinhos gostam de dizer "casa antiga", e tem uma que diz "vintáge villáge" com cara de quem recebe toda quinta-feira a nata do creme das socialáites). Retomando. Eu moro numa casa velha que nem bem se conserta o telhado desanda tudo lá em cima. Então temos uma rotina de procedimentos-padrão que é posta em andamento quando a chuva aperta, a saber:
Botar balde embaixo das goteiras resilientes (Zé Colméia);
Checar locais críticos (em cima das TVs, das camas e dos livros) para ver se aparecem goteiras inesperadas (Catatau);
Tirar tudo das tomadas (todas nós);
Providenciar abrigo para os cachorros na cozinha (nós três);
Checar se todos os ralos estão limpos e desimpedidos (eu);
Checar se todas as janelas estão fechadas (nós três);
Checar se as lanternas estão postas em locais estratégicos (nós três);
Reunir na mesa da cozinha o essencial para acender velas, se necessário (eu).
Reunir na mesa da cozinha o básico para uma refeição no escuro, que não demande abre-e-fecha da geladeira (Zé Colméia e Catatau).
Enfim. Eu já disse que a PM e o Exército poderiam tirar lições muito valiosas conosco (quem quiser curso de sobrevivência para 2012 meu e-mail tá ali do lado). Mas a minha preocupação vai crescendo é com o depois. Porque, afinal, sou eu quem lida com os estragos. Eu limpo os ralos depois olhando pra qualquer canto menos para baixo porque a sensação de ter coisas quebrando, escorregando e estourando nas mãos (às vezes até se mexendo) é o que me basta. Às vezes eu tenho que recolher aqueles filhotes de passarinho sem penas que parecem minifrangos moles em poças na minha varanda. Irc. Pois é. Mas ou eu recolho ou os cachorros comem - e depois vêm me lamber.
Pois bem, hoje de manhã eu fiz uma vistoria completa antes de sair de casa. No terraço só tinha uma montanha de folhas. Lavei as varandas antes de o sol nascer e só tirei lama. Tomei banho, dei café às meninas e me arrumei me sentindo a protagonista da novela porque pela primeira vez na vida nenhum bicho tinha entregue sua alminha ao Criador na minha casa.
Isso até descer as escadas e ver o mico esturricado e dependurado na rede elétrica. Rabo arrepiado e tudo. A prefeitura ficou de tirar o pobrezinho de lá até o fim do dia.
Antes ela do que eu.
segunda-feira, abril 25, 2011
Arqueologia
Em três meses farei 45 anos. E por menos que eu aparente (e nessa fase, confesso, estou acumulando, no meu rosto, anos em dias) certas coisas me cansam e me roubam a ilusão de que não, meu bem, a idade não está só na sua cabeça.
Ontem de manhã estava conversando com a professora de artes das meninas. E ela estava lamentando como certos trabalhinhos (parte da minha, da sua, da nossa infância) hoje em dia são impossíveis de serem feitos pelas crianças. A aguada, que é a técnica de se rabiscar num papel com giz de cera branco e depois colorir com guache por cima, é a mágica que não acontece mais porque o giz de cera não é mais de cera. Então, quando as crianças pintaram de azul o papel absolutamente nada apareceu.
Ela me mostrou uma outra técnica, o de desenhar com pilot uma folha embrulhada em papel celofane. Você já tentou fazer isso? O celofane não absorve a tinta como antigamente porque a celulose original tem sido substituída por plástico - então a tinta do pilot fica ali, pronta pra ser borrada e manchar braços, cotovelos e mãos.
A minha infância, de maneira silenciosa e despercebida, morreu antes de conseguir alcançar a das minhas filhas.
sexta-feira, abril 01, 2011
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