terça-feira, abril 26, 2011

Oremos



Então. Todo mundo já está sabendo que o céu desabou a noite passada aqui no Rio. Como eu moro numa casa velha (meus vizinhos gostam de dizer "casa antiga", e tem uma que diz "vintáge villáge" com cara de quem recebe toda quinta-feira a nata do creme das socialáites). Retomando. Eu moro numa casa velha que nem bem se conserta o telhado desanda tudo lá em cima. Então temos uma rotina de procedimentos-padrão que é posta em andamento quando a chuva aperta, a saber:

Botar balde embaixo das goteiras resilientes (Zé Colméia);
Checar locais críticos (em cima das TVs, das camas e dos livros) para ver se aparecem goteiras inesperadas (Catatau);
Tirar tudo das tomadas (todas nós);
Providenciar abrigo para os cachorros na cozinha (nós três);
Checar se todos os ralos estão limpos e desimpedidos (eu);
Checar se todas as janelas estão fechadas (nós três);
Checar se as lanternas estão postas em locais estratégicos (nós três);
Reunir na mesa da cozinha o essencial para acender velas, se necessário (eu).
Reunir na mesa da cozinha o básico para uma refeição no escuro, que não demande abre-e-fecha da geladeira (Zé Colméia e Catatau).

Enfim. Eu já disse que a PM e o Exército poderiam tirar lições muito valiosas conosco (quem quiser curso de sobrevivência para 2012 meu e-mail tá ali do lado). Mas a minha preocupação vai crescendo é com o depois. Porque, afinal, sou eu quem lida com os estragos. Eu limpo os ralos depois olhando pra qualquer canto menos para baixo porque a sensação de ter coisas quebrando, escorregando e estourando nas mãos (às vezes até se mexendo) é o que me basta. Às vezes eu tenho que recolher aqueles filhotes de passarinho sem penas que parecem minifrangos moles em poças na minha varanda. Irc. Pois é. Mas ou eu recolho ou os cachorros comem - e depois vêm me lamber.

Pois bem, hoje de manhã eu fiz uma vistoria completa antes de sair de casa. No terraço só tinha uma montanha de folhas. Lavei as varandas antes de o sol nascer e só tirei lama. Tomei banho, dei café às meninas e me arrumei me sentindo a protagonista da novela porque pela primeira vez na vida nenhum bicho tinha entregue sua alminha ao Criador na minha casa.

Isso até descer as escadas e ver o mico esturricado e dependurado na rede elétrica. Rabo arrepiado e tudo. A prefeitura ficou de tirar o pobrezinho de lá até o fim do dia.

Antes ela do que eu.

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