domingo, março 21, 2010

...

Eu sei que incomodo algumas pessoas.
Eu não sei por que me incomodo com isso.

sábado, março 20, 2010

Maravilhas





Lili;

São essas que eu quero - mas vou comprar pras meninas porque, assim, 44 anos acho que não dá mais, né?
Se bem que esse Cheshire rosa tá o que há.

segunda-feira, março 15, 2010

É tempo



Você nota instantaneamente que alguma coisa mudou. É como se aquele vermelho vivo, o furta-cor tão cafona e tão presente, é como se o amarelo, o rosa, o azul royal e o verde bandeira virassem lilás, bege, café, verde água. A adolescência não é berrante. É uma cor que morre lentamente nos olhos dos nossos filhos. É o calor que fica morno, é a luz vibrante que se torna suave. Eu vi o início do fim nos olhos da minha filha exatamente às 9h do dia 14 de março de 2010.

Exatamente nessa hora, nós duas deitadas na minha cama, Catatau ainda esparramada em seu sono domingueiro, que Zé Colméia aprendeu o que é sexo. O que é relação sexual, coito, gravidez, prazer. Aids, pedofilia. Um pouquinho por vez, satisfazendo as perguntas, saciando a curiosidade que há tempos martelava minha paciência com "Mãe, o que é transa?", "Mãe, o que é sexo?" "Mãe, o que é relação sexual?"

Eu expliquei. Miudinho, respondendo somente o que ela me perguntava. O queixo apoiado nas mãos, ela abria a boca a cada cena imaginada. "Então você transou com o papai? O vovô fez isso com a vovó? Com a vovó, mãe?"

E então eu vi. Aquela luz tão intensamente brilhante foi enfraquecendo aos poucos. Dando lugar a outro tipo de brilho, mortiço, cálido. Maduro. Alguma coisa morreu ali. E com ela morreu também um pedacinho de mim. E meu luto apareceu à noite, sozinha e enrodilhada na cama, chorando em silêncio ao lembrar do meu bebê gordinho que dormia sobre o meu ventre como se dele ainda não tivesse saído. O andar inseguro agarrando-se no meu dedo mínimo, o sorriso desdentado. Os desenhos tortos de círculos e rabiscos. Os vestidinhos rodados, os sapatinhos de feltro colorido cheio de apliques de abelhas e flores. Os guarda-chuvas de bolinhas, as sandalinhas de girassol.

Doeu muito. Ainda dói.

segunda-feira, março 08, 2010

Recuso-me a usar esse clichê*

Sábado de temporal.
Depois de esperar baixarem as águas do Rio Carioca (que desce qual uma pororoca urbana do Cosme Velho até a Praia do Flamengo), fiquei uma hora e meia tentando pegar um táxi. Quando consegui, a chuva já estava apertando de novo. Ao descer do carro e abrir o portão já estava encharcada - claro, vestida de branco, como não poderia deixar de ser.

Ao término dos 70 degraus, um véu de noiva descia por baixo do portão. Sem luz, com o clarão de um raio vi duas figurinhas molhadas e assustadas, espremidinhas no último quadradinho seco da varanda, com cara de "Meu Deus, onde ela está?" - que imediatamente mudou para "GRAÇAS A DEUS VOCÊ CHEGOU!".

Todos os ralos entupidos com toneladas de folhas-e-coisas-moles-que-eu-me-recuso-a-pensar-no-que-deveriam-ser. A água descia numa torrente do terraço. As folhas que não conseguiram entupir o ralo de cima desceram os degraus e se enfiaram por baixo do portão dos cachorros e pelo ralo da varanda - a água, passando por cima dos dois, já estava invadindo a cozinha.

Uma hora depois - dez da noite, mas quem estava contando? - os cachorros roncavam na cozinha, secos, e eu enrolada num roupão me recusava a me mexer no sofá do meu quarto.

As delícias de se morar numa casa em Santa Teresa.

* Porque a Globo já usou "Águas de março" ad nauseum.

sábado, março 06, 2010

Dejà não vu

Catatau pulou dois números de sapato - em 50 dias. E está usando as minhas camisetas.
Zé Colméia está usando as minhas sandálias. E diz que quando corre os seios balançam e doem.

Minhas roupas. Meus sapatos.
Seios.

Socorro.

Severine





Em março/abril nas lojas, senhoras e senhoras.

Ser inferior

Detesto dia de chuva. Porque, sabe, tem gente que não sabe andar de guarda-chuva numa calçada cheia (eu). Enfia as varetas na cara de todo mundo (eu), e quando se vira pra pedir desculpas despeja uma cascata no pobre que estava atrás (eu). Atravanca a calçada (eu). Não sabe como lidar com o guarda-chuva e as trocentas bolsas e zilhares de pacotes que está sempre carregando (eu). Não olha por onde anda e mete o guarda-chuva no peito de quem está sob as marquises (eu).

Não sabe andar de guarda-chuva fica em casa, minha filha (eu).

Enfim, sós

Agora que eu comprei todo o material escolar, encapei tudo, comprei (e troquei) os tênis das meninas, levei as mochilas para o conserto (e peguei), comprei novas galochas e guarda-chuvas, renovei o estoque de uniformes, fui às reuniões do horário regular, do integral, das escolinhas, da nutrição, da psicopedagoga e da coordenação (sempre em dobro), agora que eu já acertei o calendário de provas, marquei dentista, dermatologista, oculista e teste de audição para as duas - agora que cumpri minhas obrigações maternais de começo de ano, tô aqui.
Oi. Tudo bem?