Sentir-se um fracasso é a pior das sensações humanas. O fracasso. Todo um esforço jogado no lixo - e, pior, a notícia de que "Meu bem, seu trabalho foi em vão" chega sem avisar, quando você fecha a gaveta e encerra o ano com a esperança de que muitas coisas boas virão, fruto do seu trabalho.
Eu fui demitida, de novo, perto do Natal. "Ah, ela já tem experiência nisso, não é?" Sim, tenho experiência. Em ter que devolver os presentes das meninas comprados para o dia 25; em andar muito a pé; em rezar para não ficar doente pela falta de plano de saúde; em reaproveitar roupas, colar sapatos, costurar tênis com fio dental, contar as bolas de almôndegas, os biscoitos no pacote. A mendigar o pagamento do frila, a não dormir por causa das contas atrasadas. A sentar com as meninas e dizer "mamãe perdeu o emprego."
A Experiência. E então a moça do DP diz "Coisas boas virão de novo".
Claro que virão. Eu só quero que elas durem.
terça-feira, novembro 30, 2010
sexta-feira, novembro 12, 2010
Abaixo do Equador
Temporais de madrugada no Rio são mágicas: a mulher vai dormir carioca, levanta-se americana e sai pra trabalhar londrina - de sobretudo, botas e cachecol. E ainda atocha luvas no filho que vai pra escola, tadinho.
... e sem escalas
E então eu estava com aquele vestido verde-água poderoso. Fluido, elegante. Escolhendo, poderosa, DVDs na megastore, com cara de refinada culturalmente. Com um DVD nas mãos, desci do mezanino pela escada rolante no meio do imenso salão da loja, de pescoço erguido. E soberba em minha aura de elegância quase fico pelada no meio da Saraiva, a saia do vestido, inclemente, enganchada entre os degraus.
Deus castiga, viu?
Deus castiga, viu?
Direto pro inferno...
"Credo, que sapato medonho."
"Que calça apertada - será possível que ela acha isso lindo?"
"Meu-Deus-que-fedor! Desodorante, plizi!"
"Que cabelo... Jogou tinta de caneta na cabeça, fofa?"
"Parir um bebê assim tão feio deve ser castigo por outra encarnação."
"Essa saia não te valoriza, querida. Suas pernas NÃO SÃO lindas como você acha."
"Moço, se acha que com esse xaveco você tá podendo, sinto dizer que não, não está."
"Você JURA que acha esse esmalte bonito? Jura?"
"Quem te disse que bolsa micra é moda te enganou vergonhosamente."
"Dá pra parar de comer esse churro gordurento na minha cara, filhinha?"
A caminho do trabalho no metrô. Uns 300 anos de umbral, por baixo.
"Que calça apertada - será possível que ela acha isso lindo?"
"Meu-Deus-que-fedor! Desodorante, plizi!"
"Que cabelo... Jogou tinta de caneta na cabeça, fofa?"
"Parir um bebê assim tão feio deve ser castigo por outra encarnação."
"Essa saia não te valoriza, querida. Suas pernas NÃO SÃO lindas como você acha."
"Moço, se acha que com esse xaveco você tá podendo, sinto dizer que não, não está."
"Você JURA que acha esse esmalte bonito? Jura?"
"Quem te disse que bolsa micra é moda te enganou vergonhosamente."
"Dá pra parar de comer esse churro gordurento na minha cara, filhinha?"
A caminho do trabalho no metrô. Uns 300 anos de umbral, por baixo.
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