É uma droga não ter computador em casa. Durante o dia, componho belos posts na minha cabeça, observo coisas interessantes na rua sobre o que quero escrever depois. Penso nos livros que estou lendo, nas coisas boas que estão acontecendo, nas curiosidades que vejo quando ando da escola das meninas até a casa da minha mãe.
Quando sento aqui, não lembro de nada para escrever. Só penso insanidades e inutilidades. Do tipo hoje faz um ano, 3 meses, 10 dias e sete horas que eu não transo, que estou viciada em procurar erros de continuidade em "24 Horas", que minhas coxas estão parecendo as do Zico, que não consigo baixar o ponteiro da balança para menos de 59 quilos. Que tem um chato aqui que diz que vai dar uma festa no feriado para 1200 pessoas - e, coitado, você olhando sabe que se aperecerem 15 vai ser motivo de comemoração.
Que tenho tido um sono arrasador todos os dias à tarde - incompatível para os três trabalhos que eu arranjei. Que meu cabelo voltou a ser uma juba (e que está me dando coceira na mão de passar eu mesma a tesoura). Que Blue Eyes desapareceu, que eu estou sem coragem de terminar o livro do Carpinejar. Que Zé Colméia juntou mais de seiscentos desenhos que eu não tenho onde guardar, que fiz o supermercado do feriado com um cheque voador, que Catatau está com dor de ouvido e eu sinto tanta falta das minhas fotos!
Minha vida está seguindo, mas tenho que voltar a adicionar poesia a ela.
Bom feriado, amigos. Eu só volto na terça-feira.
sexta-feira, abril 28, 2006
quinta-feira, abril 27, 2006
Eternizada
Eu estou no novo livro do Carpinejar, O amor esquece de começar.
Doeu muito ler o que ele escreveu sobre mim, há tanto tempo.
Sempre dói olhar para trás.
Doeu muito ler o que ele escreveu sobre mim, há tanto tempo.
Sempre dói olhar para trás.
terça-feira, abril 25, 2006
...
Saudades de postar minhas fotos... Mas mês que vem está chegando e vou ter grana para o conserto do computador e uma conexão de 4 mega!!!
Os menos vendidos
Estou lendo "Corpos em movimento", de Mary Anne Mohanraj. Um texto delicadíssimo, um livro sensacional. Mas, nas sábias palavras de quem o editou, "é um livro lindo que, obviamente, não vai fazer o menor sucesso, vai vender pouco e quase ninguém vai ler".
Mais um.
Mais um.
Nunca te vi
Eu o conheço há uns cinco anos. Pela internet, of course. Cinco anos trocando e-mails, comentários, experiências, filmes, livros, seriados, piadinhas, filosofias de vida. Pois só ontem eu o conheci pessoalmente. E vi como a certeza que eu tinha de que ele era uma pessoa encantadora era... certa :o)
Chão de estrelas
Hoje as meninas vão dormir com o pai: tenho uma reunião às nove e meia da noite (última previsão; pode ser até mais tarde) com a equipe de um jornalista conhecido que vai lançar um portal de notícias. Eu vou ser a redatora-chefe (modo de dizer que serei a única redatora :o) E aí me lembrei dos últimos meses de faculdade: quando ia para a noite, chegava em casa, tomava banho, me arrumava e deitava para dormir.
Hoje, para mim, programa que começa depois das nove da noite é, definitivamente, programa de índio.
Estou podre de sono.
Hoje, para mim, programa que começa depois das nove da noite é, definitivamente, programa de índio.
Estou podre de sono.
Utopia
Você vai me amar por quanto tempo?
Até o fim, até a velhice?
Até que se diga que não há mais filhos para criar,
Nem noites a perder, nem nada mais a doar,
Nem mais por que doer?
Eu vou te amar por muito tempo.
Até o fim, até a velhice.
Até que se diga que há netos com quem brincar,
Todas as noites a perder, tudo para doar
Nada mais por que doer, e tudo para te amar.
Até o fim, até a velhice?
Até que se diga que não há mais filhos para criar,
Nem noites a perder, nem nada mais a doar,
Nem mais por que doer?
Eu vou te amar por muito tempo.
Até o fim, até a velhice.
Até que se diga que há netos com quem brincar,
Todas as noites a perder, tudo para doar
Nada mais por que doer, e tudo para te amar.
segunda-feira, abril 24, 2006
quarta-feira, abril 19, 2006
...
O destino gosta de fazer brincadeiras muito cruéis. Como, por exemplo, dar àquela pessoa mais do que enterrada no seu passado o poder de ainda magoar você.
terça-feira, abril 18, 2006
...
Anda meio difícil eu vir aqui, já que ainda estou sem computador em casa. Zé Colméia e eu ainda estamos fazendo uma batelada de exames (ela ainda está enjoada, e foi de cortar o coração racionar o chocolate de Páscoa, enquanto a irmã devorava os ovos) e eu também não ando me sentindo muito bem, com dores de cabeça inomináveis. Amanhã nós duas vamos passar a tarde numa clínica para ver a quantas andam nossos corpinhos.
Tel Aviv
Simone sempre vigiava o momento em que Débora começava a se arrumar. E não gostava. Acho que tinha inveja das roupas mais bonitas, do cabelo que nós (eu também!) herdamos da mamãe, muito grosso, muito escuro. Simone sempre teve o cabelo fininho da vovó Sarah, que não ficava no lugar de jeito nenhum: ao menor vento, levantava como nuvem de serragem, que se espalha sem que a gente consiga deixar de xingar quem deixou a porta aberta.
Simone levantou da cama e saiu pisando duro, os cordões do tênis desamarrado ricocheteando porta afora. Eu fiquei. Gostava de ver minha irmã escolher a roupa com carinho, alisar as calças como se acariciasse as pernas, olhando-se de costas no espelho para ver que efeito teria quando descesse do ônibus. Débora sempre foi bonita.
Sem pintura no rosto, sem jóias, sem nada, só com a blusa vermelha parecia aquele ponto na fotografia que não se consegue deixar de ver. É bater o olho na foto e ele escorrega para aquele canto. Débora estava assim: atraindo o olhar na fotografia da rua em que passaria.
Roçou a boca na minha cabeça, como sempre fazia. Pela primeira vez na vida, esqueceu-se de pôr perfume, o que foi bom – minha irmã cheirava a ameixas, aquelas vermelhas e cheias de suco, que jamais deixamos de comer mesmo molhando toda a roupa. E foi-se.
Brinak se escondeu debaixo da cama quando Simone gritou. Não foi um grito; era um uivo, longo, prolongado, dolorido, que ainda ouço, mesmo depois que todos já se foram. Chegamos todos juntos à sala; Simone de pé, de frente à televisão, chorava desconsolada, o rosto escondido entre as mãos. Não havia sobrado ninguém vivo, depois que os bombeiros conseguiram desvirar o ônibus e apagar o fogo que a bomba tinha provocado. Débora, de bruços no asfalto, sobressaía na tela, e Simone soluçava baixinho, inconsolável:
– Minha blusa, ela saiu com a minha blusa preferida, a minha blusa...
Simone levantou da cama e saiu pisando duro, os cordões do tênis desamarrado ricocheteando porta afora. Eu fiquei. Gostava de ver minha irmã escolher a roupa com carinho, alisar as calças como se acariciasse as pernas, olhando-se de costas no espelho para ver que efeito teria quando descesse do ônibus. Débora sempre foi bonita.
Sem pintura no rosto, sem jóias, sem nada, só com a blusa vermelha parecia aquele ponto na fotografia que não se consegue deixar de ver. É bater o olho na foto e ele escorrega para aquele canto. Débora estava assim: atraindo o olhar na fotografia da rua em que passaria.
Roçou a boca na minha cabeça, como sempre fazia. Pela primeira vez na vida, esqueceu-se de pôr perfume, o que foi bom – minha irmã cheirava a ameixas, aquelas vermelhas e cheias de suco, que jamais deixamos de comer mesmo molhando toda a roupa. E foi-se.
Brinak se escondeu debaixo da cama quando Simone gritou. Não foi um grito; era um uivo, longo, prolongado, dolorido, que ainda ouço, mesmo depois que todos já se foram. Chegamos todos juntos à sala; Simone de pé, de frente à televisão, chorava desconsolada, o rosto escondido entre as mãos. Não havia sobrado ninguém vivo, depois que os bombeiros conseguiram desvirar o ônibus e apagar o fogo que a bomba tinha provocado. Débora, de bruços no asfalto, sobressaía na tela, e Simone soluçava baixinho, inconsolável:
– Minha blusa, ela saiu com a minha blusa preferida, a minha blusa...
quinta-feira, abril 13, 2006
A sangue frio
Na terça-feira da semana passada, minha empregada (que virou diarista) levou a irmã mais nova para ajudá-la. A esperar as duas, uma pilha gigantesca de roupas para passar. Minha empregada ficou encarregada da limpeza e botou a irmã mais nova (que não conhece a casa nem como eu gosto que o serviço seja feito) para passar a roupa.
Tábua de passar roupa, ferro... Onde está o esguicho? Ah, pendurado no tanque, e já com amaciante e água! Minha empregada lavou banheiro, cozinha e área de serviço com toneladas de desinfetante - o cheiro, quando cheguei em casa, dava para sentir na esquina.
Pois além de perfumar toda a rua, o cheiro também serviu para ninguém perceber que as roupas (dois baldes imensos, cheios até em cima) foram passados com inseticida para plantas. As primeiras roupas a serem passadas foram as das meninas e as minhas. O segundo balde - com lençóis e toalhas - receberam jatos de água mais pura, já que a garrafa do esguicho já tinha sido enchida de novo.
O resultado: eu só parei de vomitar no domingo. Catatau não sofreu nada, porque ela não chegou a vestir nenhuma das roupas recém-passadas (ela leva sempre mais mudas de roupa na mochila que a irmã). Zé Colméia ficou com os pés absolutamente inchados. Uma bola e os dedinhos. Muita dor de cabeça, vômitos e sudorese intensa. A sorte foi que, procurando mais panos de chão para limpar o quarto de madrugada, vi que o esguicho que uso nas plantas estava guardado junto com o ferro de passar roupa, vazio. Acordei minha empregada às três da manhã - e ela acordou a irmã, que confirmou que passou a roupa com veneno das minhas samambaias.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todas nós.
Tábua de passar roupa, ferro... Onde está o esguicho? Ah, pendurado no tanque, e já com amaciante e água! Minha empregada lavou banheiro, cozinha e área de serviço com toneladas de desinfetante - o cheiro, quando cheguei em casa, dava para sentir na esquina.
Pois além de perfumar toda a rua, o cheiro também serviu para ninguém perceber que as roupas (dois baldes imensos, cheios até em cima) foram passados com inseticida para plantas. As primeiras roupas a serem passadas foram as das meninas e as minhas. O segundo balde - com lençóis e toalhas - receberam jatos de água mais pura, já que a garrafa do esguicho já tinha sido enchida de novo.
O resultado: eu só parei de vomitar no domingo. Catatau não sofreu nada, porque ela não chegou a vestir nenhuma das roupas recém-passadas (ela leva sempre mais mudas de roupa na mochila que a irmã). Zé Colméia ficou com os pés absolutamente inchados. Uma bola e os dedinhos. Muita dor de cabeça, vômitos e sudorese intensa. A sorte foi que, procurando mais panos de chão para limpar o quarto de madrugada, vi que o esguicho que uso nas plantas estava guardado junto com o ferro de passar roupa, vazio. Acordei minha empregada às três da manhã - e ela acordou a irmã, que confirmou que passou a roupa com veneno das minhas samambaias.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todas nós.
quinta-feira, abril 06, 2006
...
E para você, cavalheiro: desista. Você não é um louro verdadeiro. The real blonde tem pestanas, sobrancelhas e barba louras. Entendeu?
Paso doble
Cristina Hoyos dança na Praia de Icaraí, Niterói, no próximo domingo, dia 9. Não vou - não tenho mais disposição (leia-se dinheiro). Eu a vi dançar em Madri, há quase dez anos. Era maravilhosa, um corpo simplesmente sensacional (para compensar o fato de ser feia de dar dó). Vi a foto dela na Vejinha dessa semana. Está uma matrona. Mas que mãos ela ainda tem. Como dizia o programa da peça que ela dançava, "Cristina Hoyos tiene palomas como manos".
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